Virando o jogo - 51

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          Uma hora se passa e o Coronel retorna, deixa evidente em sua expressão o quanto está pasmo.

          — Não sei se você tem algo de especial ou se eles querem tão desesperadamente esta máquina, mas concordaram com todas as suas exigências, disseram para lhe dar tudo o que precisar. Só fizeram uma observação, pediram para lhe perguntar: Como você passará pelas criaturas do Pântano? O que isso quer dizer?

          Jow sorri, quase gargalhando.

          — O senhor já ouviu falar em Rinodonte ou em Elektroquimera?

          — Não, se puder me esclarecer...

          — Lá no céu, mais específico em Xavi, está acontecendo uma exploração. E do mesmo modo que levaram seres daqui para lá, trouxeram de lá para cá. Seres inteligentes, seres pavorosos, animais e vegetais pertencentes àquele planeta. Todos com o mesmo propósito: pesquisa científica para diversos fins, sem intervenção de governos, protecionistas e ativistas da natureza. Um Rinodonte é uma criatura de proporção tão grande, que são capazes de predar elefantes adultos, e devorá-los em minutos. A Natihvus tinha esses animais sob controle em um centro de pesquisa com ajuda de uma espécie inteligente natural de lá. Tudo ia bem até o dia da invasão da unidade de dados digitais. Os Invasores acabaram com o centro de pesquisas, e libertaram essas criaturas para criar caos e distração, enquanto saqueavam os racks de dados e o laboratório. Todos os animais fugiram para a Floresta da Morte, atraídos pelo seu cheiro de casa: a radiação que emana daqueles pântanos. Diferentes dos animais daqui, os seres de Xavi respiram gases que são altamente tóxicos para nós humanos e absorvem a radiação. Como a que exala da terra de Xavi é muito menor que a que flui do Pântano, não dá para saber a proporção que esses bichos tomaram. Acredita-se que cresceram como planta no esterco, mas como ninguém quis ir lá conferir, nada se sabe.

          — Se esse planeta é tão nocivo assim, porque foi considerado habitável aos humanos?

          — Os animais e as plantas de lá, absorvem tanto os gases tóxicos, quanto as radiações, tornando-os imperceptíveis ao nosso corpo, entregando no processo: ar puro, água limpa, e terra fértil.

          — E o que devo responder sobre a pergunta que me fizeram?

          — Diz que eu tenho contato com um Duende Nordch e ele vai fazer a nossa travessia com tranquilidade. Se perguntarem se eu falei o seu nome, diga que é a criatura Mr. Kypper.

          O Coronel sai da sala pensativo, com cara de quem não entendeu nada, mas volta logo em seguida, dessa vez impressionado.

          — Tudo bem garoto, vou tirar as suas algemas.

          — O que disseram ao senhor?

          — Disseram que isso basta! Que você trate de trazer logo a máquina com segurança. Vamos lá fora, vou te apresentar a equipe que vai te acompanhar.

          — Coronel, tem mais uma coisa.

          — Já era de se esperar mesmo... O que é? — Bradis tem uma expressão visível de frustração e revolta.

          — Escolha os seus de confiança e eu escolherei quem vai comigo dentre eles...

          — Negativo senhor Peregrino, a escolha dessa equipe é minha.

          — Coronel, se eu puder formar essa equipe, te garanto que protegerei a vida deles assim como a minha. Agora, se forem homens que não me inspiram confiança, não farei tanta questão, dessa forma é provável que não durem nem o primeiro dia.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now