A máquina do fim do mundo - 49

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          Do fundo da cela, onde Jow está sentado, pode ouvir o barulho de carros pesados chegando, seguidos de uma movimentação atípica no quartel.

          Homens de farda preta surgem e começam a circular pelo local.

          Coronel Bradis finalmente chega, com ele, uma parcela do Pelotão dos Leviatãs. Assim que chega, vai até o Major Banks e os dois vão para a sala de reuniões, uma outra sala do complexo militar da Cidadela, mais requintada, aconchegante e preparada para receber autoridades.

          — Então Major, o que o senhor conseguiu do homem?

          — Boa tarde, Coronel, o homem é bem difícil de lidar, ele sabe bem o que está acontecendo. Deixamos ele achar por um instante que estava no controle da situação, ele nos deu duas informações interessantes: A primeira é que o artefato da Corporação que está em seu poder é a "máquina do fim do mundo", foi assim que ele falou. Faz algum sentido para o senhor?

          — Não, sentido algum, nunca ouvi falar.

          — A segunda é que ele está disposto a colaborar. A história dele bateu com a da moça, eles só se conhecem há 5 dias. Ele demonstrou total desdém pelo fato de a termos usado para atraí-lo. Disse que já desconfiava que fosse uma emboscada e que veio mesmo assim, somente por estar cansado de fugir.

          — Disse mais alguma coisa aproveitável?

          — Disse que iria entregar o que quer que seja esta máquina, mas não seria a nós. Talvez para o Senhor ele fale mais sobre o assunto.

          — Então vamos ver o que mais ele tem a dizer.

          Jow já sabe o que está acontecendo.

          Eis que surge diante das grades da cela, um homem baixo, robusto, com uniforme militar característico de um alta patente, ao seu lado, dois soldados fardados de preto e encapuzados.

          — Finalmente nos encontramos, Senhor Jow. — Ele diz e se volta aos soldados. — Peguem-no e tragam para sala.

          — E lá vamos nós de novo....

Então está ele novamente algemado e sentado junto à mesa, do outro lado o militar. Agora Jow pode vê-lo melhor, baixinho, um tanto quanto gordo, aparenta ter mais de 60 de idade, óculos espelhados aviador, tradicional entre os militares, e nos lábios um sorriso arrogante de quem possui posição de poder, ao seu lado, dois brutamontes de traje preto bem conhecido: Soldados Leviatãs.

          O militar caminha até a mesa, senta-se e tira do bolso um gravador, ele inicia a gravação e o repousa sobre a mesa.

          — Eu sou o Coronel Bradis, fui designado pela Corporação para tratar de você.

          — Que bacana, com tanto veterano aqui, já dá para fazer um desfile da Independência. Ah esqueci, não há independência...

          O Coronel coloca uma pasta sobre a mesa.

          — Vejamos o que temos: Foragido há mais de dois anos e meio, sem nomes nos registros, sem documentos, sem registros de digitais, nem DNA. Ah! Temos umas fotos de perfil, descrição da aparência física e uma observação em vermelho dizendo: "Prioridade número 1, trazer intacto"... Partindo do que nos deu, Senhor Jow Peregrino, soube que concordou em colaborar?

          — Sim, seus homens têm sido bem empenhados em me convencer a isso.

          — Existem algumas coisas que eu quero saber do senhor... Primeiro: onde conseguiu o traje?

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora