Promessas Desfeitas - 115

10 8 0
                                    

          No meio da noite, vovó Jack é acordada pela inquietude de Margarida.

          A comunicação dos seres mantarianos é muito complexa para compreensão dos seres terráqueos. Ainda assim, a capacidade de empatia e intuição humana, facilita o processo. Jack sente um enorme desconforto e inquietação em sua mente, que logo percebe ser proveniente da conexão com a sua companheira: Margarida sente que alguma coisa está errada, e algo de ruim está por vir. Vovó Jack compartilha desse pressentimento, e por mais que não possa compreender do que se trata, escolhe confiar em sua amiga e ambas saem em silêncio, sem fazer o mínimo de barulho do grande hotel e desaparecem na escuridão da noite.

          O dia mal começa a surgir e um barulho estranho desperta os primeiros viajantes. Tenente Hans, acorda Jow, que imediatamente estranha o fato de o hotel estar tomado por um batalhão de soldados Leviatãs. Jow, e todos os outros combatentes rebeldes são rendidos e algemados.

          — De que se trata isso, Tenente? O que está acontecendo?

          — Vocês estão sendo levados pelos Leviatãs sob custódia da Corporação. Peço que colaborem pela segurança de todos e a garantia da manutenção das suas vidas.

         — Ontem mesmo você nos deu sua palavra, permitiu que os aldeões dos vilarejos rebeldes fossem liberados para voltar para suas terras, e agora você nos traiu.

          — Espero que se lembre que sou um soldado, e devo cumprimento às ordens dos meus superiores e as decisões deles sobrepõem-se às minhas.

          — Mas isso não está com cara de sobreposição, isso está com cara de premeditação, você já sabia que isso iria acontecer, e mentiu para todos nós.

          — Senhor Jones, como militar, devo zelar para que as ordens superiores sejam cumpridas, e fazer o que for necessário para que o sigilo seja mantido. Eu fiz o que eu tinha que fazer, não tenho mais o que tratar com vocês. Garanta que o seu robô não causará problemas, do contrário teremos que transformá-lo em sucata. — O Tenente se vira para os soldados — Podem levá-los. Ah, e retirem o traje do senhor Jones, ele se faz muito mais perigoso para nós usando-o.

          Alguns minutos depois, após todos os membros não militares estarem presos e colocados em veículos dos Leviatãs, um soldado vem até o Tenente e o questiona:

          — Tenente, pegamos os que encontramos, tem certeza que estão todos aí?

          — Não, ainda falta uma senhora junto com uma besta, é um animal descomunal, elas devem ter saído durante a noite, não podem estar longe. Rastreiem-nas e as tragam.

          Uma hora se passa e o soldado volta ao Tenente:

         — Senhor, elas não foram vistas em lugar nenhum, o único vestígio delas são pegadas que batem com as características do animal que descreveu indo para a estrada em direção ao Norte.

          — É possível que o animal tenha querido retornar a sua floresta, o que não dá pra entender é porque a velha foi com ele. Não vamos perder tempo com isso, informe aos outros para se manterem em alerta pro caso delas aparecerem. Elas podem nos causar sérios problemas...

          — Sim senhor.

          — Tenente, encontramos um corpo falecido e um homem ferido. O que faremos com eles?

          — Devemos evitar pesos e preocupações desnecessárias, encerre o sofrimento do árabe, cubram os dois corpos e os deixemos pra trás. Não são nossa responsabilidade. Seja breve. — Tenente Hans tem o cuidado de dar a ordem a distância, de forma que nenhum dos rebeldes possam ouvi-lo enquanto são levados presos aos veículos dos Leviatãs.

          — Entendido.

Todos os veículos agora seguem em comboio em direção a cidadela, levando Jow e seus amigos presos.

          O rádio toca, não muito distante dali:

         — Coronel Bradis na escuta? Tenente Hans chamando.

         — Na escuta Tenente, prossiga.

          — O plano ocorreu como combinado, estamos com o Sr Jones e o artefato. O restante, foram todos rendidos e estão sendo levados para a cidadela. Apenas um conseguiu fugir mas não é relevante, não nos causará dor de cabeça.

          — Excelente Tenente, bom trabalho. Estou no aguardo de vocês. Câmbio e desligo.

          O Coronel mais que depressa vai ao telefone.

          — Alô, Coronel Bradis falando...

          Ele ouve por uma voz masculina do outro lado que o atende e escuta o que tem a dizer.

          — Quero informar a General que a missão foi encerrada como esperado e será finalizada na cidadela hoje por volta das 11 horas. Aguardo novas orientações.

          Do outro lado, ouve-se um ruído no telefone e a voz masculina é substituída por uma voz feminina, ríspida e forte:

          — Coronel, General Farhat falando. Vocês vão mudar a rota, não vão pra Nathville, traga o servidor e todos os Rebeldes para a base dos Leviatãs. Mande trazer também as prisioneiras que já estão na Cidadela, elas podem nos ser úteis ainda. Levem consigo apenas os Leviatãs, não quero não-oficiais metendo o nariz em assuntos da Corporação. Então libere as ratazanas do vale pra que voltem para os seus postos de origem e mande que deem férias a eles. Vocês estão há dois dias de distância daqui se partirem agora. Quanto antes mudarem o trajeto, mais cedo chegam. Estarei os aguardando.

          — Entendido, partiremos imediatamente.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora