A música dos seus últimos momentos - 75

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          — A gente vai morrer nessa, né, Velhota?

          — Vamos, mas vamos levar conosco o máximo de Mohameds que conseguirmos.

          Sempre que surge uma cabeça na borda do buraco ela é imediatamente estourada por eles. Mas eis que um som diferente anuncia algo indesejado: uma a uma as armas vão dando sinal de munição acabada, primeiro, as das costas de Edgar, e logo em seguida a minigun de Jack acompanhada imediatamente pela .50 do braço de Ed. Não se vê mais nenhum terrorista à beira da cratera, mas sabe-se bem que eles não acabaram.

          — Ed, minha munição acabou...

          — A minha também...

          — Então chegou nosso fim?

          — Ainda tenho umas granadas nos braços, mas não vai adiantar de muita coisa agora.

          Assim como os dois colegas, seus inimigos também perceberam que sua munição acabara. Em questão de segundos a borda do buraco está cheia de Islamitas, armados e sedentos por vingança. Eles miram suas armas nos dois atiradores solitários, encostados costa a costa, encurralados no fundo do buraco. Um deles faz sinal para os outros para se prepararem para atirar todos ao mesmo tempo.

          — Velhota, eu não quero ver isso, mas vou mandar meu recado. — Edgar levanta o braço mecânico a altura dos olhos fazendo com a mão o gesto obsceno de exibir apenas o dedo do meio.

          — Ah, já eu recebo minha morte de braços abertos. — E assim, vovó Jack faz, solta a minigun no chão, fecha os olhos, abre os braços, e dá um sorriso prazeroso que há tempos não tem.

          É dado o sinal pelos terroristas e o som ensurdecedor dos tiros recomeça, fazendo todo o resto inaudível. Disparos de diversos calibres diferentes, armas leves, médias, pesadas. E naquele momento, para aqueles dois no instante da morte, esse som parece uma doce sinfonia clássica, a música dos seus últimos momentos.

          Lentamente os tiros cessam, o ar fica silencioso novamente, algumas vozes, murmúrios são ouvidos ao longe.

          — Uai, uai... A gente tá vivo??? — Pergunta Edgar assustado e passando a mão pelo corpo conferindo que está tudo bem.

          — É o que tá parecendo. E tomara que estejamos mesmo. Por que se isso aqui for meu paraíso, eu tô muito revoltada. — Vovó Jack responde olhando a sua volta.

          Surge na borda do buraco um rosto conhecido.

          — E aí? O que os dois malucos preferem? Sair logo desse buraco ou que cubram de areia o que sobrou de vocês aí?

          — Garoto Peregrino, nunca imaginei que ficaria tão feliz e decepcionado ao ver sua cara feia. Tira a gente daqui logo. Tá esperando o que?

          Quando os dois saem, encontram toda a comitiva de um lado e do outro todo o grupo dos islamitas espalhados pelo chão, ou o que restara deles.

          — O que aconteceu? — Quis saber vovó Jack.

          — Ryan conseguiu nos avisar a tempo. Nós liquidamos com os que estavam no encalço da equipe B, em seguida viemos no resgate de vocês. E pelo que vi, chegamos na hora certa, visto que já estavam os dois sem munição e os terroristas prontos pra dar cabo de vocês. Foi inteligente criar uma distração pra que a gente ganhasse tempo. Não fosse isso, não sei se teríamos êxito na estratégia primária... Inteligente e suicida. — Explicou o Tenente Hans.

          — Acabou? Acabamos com eles? — Pergunta Edgar em um tom de alívio.

          — Não todos, alguns conseguiram fugir no meio do fogo cruzado. O que não é bom pra nós. Eles vão alertar os outros e virão com reforços.

          Jow vai até os cadáveres caídos pelo chão, se agacha perto de um e começa a mexer no corpo buscando informações.

          — Jow, o que está fazendo? — Hadish se aproxima e o questiona curioso.

          — Estou procurando identificação. Mas já consegui o que queria, e isso não é nada bom.

          — O que tem pra nós então, Senhor Peregrino?

          — Eles são do Alislan Jihad. São extremamente vingativos e violentos. E se tem um grupo do Alislan tão a Oeste, é possível que na volta cruzemos com o Sangue Islamita. Devemos voltar logo à estrada e sair dessas terras. Recarreguem as armas e vamos imediatamente. Se preparem para passar a noite sem parada. Quem puder, descanse agora pra poder revezarem a direção dos veículos ao longo da noite. Os blindados grandes e o furgão estão com três ocupantes, um de cada fica de sentinela e avise a qualquer movimentação estranha ao longo do caminho. Nosso tempo está limitado e agora já fomos notados, causamos muito ódio e estamos dentro do território deles. Nosso risco acabou de dobrar. — Jow explica a todos e faz sinal para voltarem aos veículos.

          O bando parte novamente, dessa vez em ritmo mais acelerado.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now