O reencontro - 53

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          — Elas estão no calabouço, Coronel?

          — Não senhor, elas não são prisioneiras. Estão no alojamento, estamos indo para lá.

          O alojamento em questão é um complexo de dormitórios com uma certa quantidade de conforto, serve para abrigar militares, autoridades e membros importantes da administração da Corporação, quando de passagem pela Cidadela. Embora feitos para serem confortáveis, também possuem leitos de contenção, para casos de ter de receber algum prisioneiro. É em um desses leitos que Constância e Morgana se encontram.

          — Senhorita Rachel. — O guarda chama pela portinha do quarto.

         — Sim?

          — Se apronte para sair, mandaram buscá-la.

          Morgana acompanha o guarda até uma porta, ele abre e faz sinal para que ela entre. Morgana faz cara de desconfiança, o guarda fecha a porta e a deixa a sós.

          Ao fundo da sala, uma figura estranha de capuz, está de costas, olhando a janela.

          — Oi senhor. Gostaria de me ver? — Morgana se aproxima com cautela daquela figura.

          A pessoa lentamente se vira e retira o capuz, exibindo assim o seu rosto.

          — Joow!!! — Morgana corre e o abraça.

          — Olá, Morgana, estou feliz em te ver de novo. Eu te dei o bip para que me chamasse quando precisasse, mas não pensei que fosse ser tão rápido. — Jow sorri.

          — Você veio, Jow. Obrigada, também estou muito feliz em te ver.

          — Olha só quem também veio comigo...

         — Quem?

          — Olha pra trás.

          Ela olha para trás, e vê que Norffi acabara de entrar pela porta.

          — Norffi, que bom te ver! Você conseguiu ficar grande! — Morgana se espanta ao ver Norffi ali diante dela, está visivelmente impressionada com o seu tamanho.

          Ela o abraça e ele corresponde o gesto.

          — Sim, Norffi estava preso, ficou grande e salvou Jow. Norffi também está feliz em ver Morgana.

          — Eu te disse que ele só precisava de um incentivo. — Jow sorri ao lembrar-se da referência do robô.

          — Como assim? Como foi isso? Do que ele está falando?

          — É uma longa história, te conto outro dia. Como vocês estão? Sua mãe está melhor?

          — Sim, estamos bem. Eles deram algumas medicações, ela reagiu bem e está comendo melhor. Pensei que não fosse vir, sei que você é muito esperto. Imaginei que ficaria desconfiado que estivesse algo de errado e não viesse.

          — Morgana, eu já sabia que era uma armadilha deles, para poderem me pegar.

         — E mesmo assim veio? Não foi inteligente dessa vez.

          Jow dá um sorriso fraterno.

          — É claro que eu viria. Não podia deixar que te fizessem mal, já que era a mim que eles queriam, eu dei a eles, estou aqui desde ontem.

          — Então quer dizer que eu minha mãe já estamos livres?

          — Ainda não, é mais complicado do que você pode imaginar. Eu fiz um acordo para libertá-las, e vão cumprir quando eu cumprir minha parte. Inclusive, no acordo constam duas passagens para Xavi, uma para você e outra para sua mãe, para que você possa cuidar dela onde há condições para isso.

          — Que acordo foi esse? O que eles queriam com você?

          — Há um bom tempo atrás, eu escondi uma coisa que pertence a eles, uma coisa que eles querem muito. Concordei em trazer de volta em troca da liberdade para vocês.

          — Mas que coisa é essa, assim tão importante para eles?

          — Uma "arma", capaz de devastar a face da terra.

          Morgana coloca a mão cobrindo a boca, seus olhos não disfarçam a expressão de pavor.

          — E como você vai fazer isso?

          — O lugar onde ela está não é fácil de encontrar nem de chegar, então eu vou com uma equipe de militares deles e de rebeldes, amigos meus do clã que eu fazia parte. Para buscar o que eles querem, devo levar alguns dias para voltar, talvez leve mais que uma semana, não sei ao certo. Eu garanti com eles que vocês tenham um bom tratamento aqui, espero que fique melhor do que estavam lá onde moravam.

          — Jow, me perdoa.

          — Não tem de que se desculpar, Morgana. Eu já sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, estava mesmo querendo isso, não aguentava mais ser caçado todos os dias, não poder ter sossego, viver sempre fugindo, me escondendo. Isso não é vida para ninguém.

          Morgana abaixa a cabeça e começa a chorar.

          — Jow, me perdoa.

          — Morgana, eu é que te peço desculpas. Devia ter lhe contado antes, devia ter te alertado de quais os riscos que você corria estando comigo. Você devia saber que isso podia acontecer, mas eu preferi que não soubesse, achando que assim estaria mais segura.

           — Jow, eu preciso te contar uma coisa. — Morgana fala meio chorosa ainda de cabeça baixa.

          Ela sente sua mão ser tocada delicadamente pela mão dele, Morgana segura em sua mão de volta, quando olha para cima, sente a outra mão tocar sua cintura, então ele a beija e ela corresponde. Novamente eles tocam as testas e os narizes depois do beijo.

          — Não achou que eu viria até aqui e não te daria um beijo, né?

         Morgana dá um sorriso e respira fundo como se fosse começar a falar, Jow a interrompe:

          — Seja o que for, mesmo que seja importante você me conta quando eu voltar. 

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now