Os Irmãos Octopus - 103

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          Os homens são levados da sala pelos soldados de Nicholas em direção ao depósito. Assim que saem do prédio percebem que ainda chove lá fora, não está tão forte, mas os sons e os clarões dos trovões mostram que durará a noite toda. Todos seguem de cabeça baixa, com a chuva caindo sobre eles, processando tudo que ouviram e preocupados com o que está por vir. Eles são levados a um grande galpão escuro e vazio: por dentro, as paredes são altas e com janelas próximas do teto. Eles são colocados sentados no chão e amarrados às vigas de sustentação espalhadas pelo espaço, há apenas uma porta grande de acesso ao galpão, os guardas certificam que os deixaram bem presos, fecham a porta e ficam de vigia do lado de fora. Ali dentro, poucas luzes, a iluminação é bem insuficiente para o espaço, o galpão só é totalmente iluminado pelo clarão dos trovões que caem.

          Coincidência ou não, o Tenente e Jow foram presos juntos na mesma viga, depois de horas calados, ele finalmente rompe a barreira do silêncio e começa a questionar Jow:

          — Então esta é sua história? Um caçador de recompensas, criando situações de caos pra poder se beneficiar delas? Traiu sua carreira, seus amigos... traiu a todos aqui. Em troca do que?

         — Não se deixe impressionar muito pelo que ele disse, Tenente, se não percebeu, essa é uma velha e conhecida tática de guerra.

          — Dividir pra conquistar... — Responde Melissa com tom de espanto como se acabasse de cair em si. — Mas o que ele ainda quer de nós?

           — Que bom que não sou o único que está ciente do que está se passando aqui. — Jow agradece o comentário da colega. — Eu ainda não sei o que mais ele quer, mas acredita que o quer que seja, conseguirá mais facilmente com o grupo dividido. Por isso está tentando causar discórdia entre nós, jogando uns contra os outros.

          — Então qual é a história, Jow? O que aconteceu na verdade? — Melissa se interessa no assunto.

          — A História de Nicholas começa há dezenas de anos atrás. Na fundação da Natihvus, iniciada por 2 sócios: Samuel e Daniel, os irmãos Octopus; bastante jovens e bem sucedidos financeiramente, construíram carreira e um belo nome no GreenPeace. Juntos, fizeram uma das melhores campanhas da ONG. Mas como ativistas de uma Instituição Não Governamental, eles se sentiam limitados, sem fazer mudanças realmente significativas. Então fundaram a Natihvus Ecology, uma empresa privada especializada em limpeza e reestruturação ambiental, cresceram bastante sua estrutura, mas ainda tinham uma receita pequena, até que mudaram de abordagem... Passaram a exigir dos governos essa contrapartida para que pudessem atingir seu primeiro objetivo ambicioso: O Oceano.

          Quando enfim começaram a limpeza das águas, eles ganharam muito reconhecimento de grandes instituições internacionais: ONU, OMS, FMI, OMC, WWF... E quanto mais avançavam, mais essas instituições pressionavam os países a financiar e dar privilégios a Natihvus para poderem potencializar seu trabalho ambiental.

          O grande trunfo que a Natihvus conquistou foi que a maioria dos países concordassem que tudo que fosse coletado no oceano e oferecesse risco a vida marinha, passaria a pertencer a Natihvus, o que fez a mesma se concentrar em navios petrolíferos que tinham problemas em alto mar. Assim que a empresa se dedicava no resgate de alguma embarcação, ela já passava a pertencer a mesma e isso passou a ser inquestionável por qualquer nação. Depois de algum tempo, eles se depararam com uma quantidade enorme de material fóssil, além do podiam estocar. É aí que entra em cena o terceiro sócio: Sebastian Zackar, um antigo amigo deles, mais velho, que não entrou com muita grana, apenas seu trabalho e experiência em petrolíferas.

          Zackar os incentivou a comprarem uma pequena refinaria de petróleo no Oriente Médio e incorporar à empresa, como os grandes lucros da Natihvus advinham dos contratos federais de despoluição, eles abriram uma segunda vertente como uma indústria petroquímica. Inicialmente, trabalhavam somente com refinaria e comercialização do produto, não dominavam a extração, mas também fizeram fortuna assim. Por obter grandes quantidades de matéria praticamente de graça, eles praticavam valores muito abaixo dos padrões do mercado, desvalorizando o preço mundial do produto e forçando seus concorrentes a abandonar as enormes margens de lucro pra se manterem no páreo.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now