Companhia indesejada - 95

11 7 0
                                    

          — Que brincadeira é essa? Não tem servidor nenhum aí.

          — Calma Tenente, é só uma tática de camuflagem. Não achou que eu fosse deixar tão fácil pra qualquer um encontrar, não é?

          Jow retira alguns entulhos velhos do armário, tecidos e embalagens, e enfim é possível ver o equipamento, ele o segura com as duas mãos e puxa com dificuldade, mas consegue retirar uma robusta caixa preta metálica.

          — Então esse é o equipamento?

          — Sim senhor, este é o servidor. Conhecido internamente como Cérebro.

          — E como ele está?

          Jow o coloca sobre uma bancada e pressiona alguns botões na parte traseira, onde fica um painel eletrônico e de conexões, imediatamente acende um visor na parte frontal que exibe alguns dados, ele analisa as informações e conclui:

          — Ele está bem, está em perfeitas condições. Nível de bateria, disco rígido e dados.

          — Ótimo, então vamos levá-lo. Ivanovski, Thomas, peguem o servidor e vamos.

          Eles pegam cada um em uma alça do equipamento e voltam em direção ao elevador. E no outro instante, já estão todos de volta buraco acima, em direção a superfície, onde o restante da equipe os aguarda.

          Naquele momento, há 10 pessoas de realidades e universos totalmente diferentes, dividindo o mesmo espaço, mas dentro de suas cabeças um único pensamento assombra cada um. Muita coisa aconteceu no seu mundo, e tudo se transformou em caos e catástrofes muito rápido, deixando uma gigantesca lacuna de perguntas não respondidas, mistérios não solucionados do que causara tudo. Mas eles sentem que naquele momento muita coisa se respondeu, um buraco cheio de suposta matéria nuclear bélica e o equipamento necessário para que isso ficasse disponível para uso. Era impossível não notar cada um naquele veículo transparente olhar bem lá no fundo das paredes as peças iluminadas armazenadas na malha hexagonal, em seguida olharem para o servidor em mãos dos dois soldados e pensar sobre seus futuros e o do planeta após a entrega do mesmo.

          O elevador chega ao nível superior e pára, seus ocupantes descem um a um, o olhar de consternação em cada rosto que saia, isso não dava pra ser ignorado pelos que ficaram lá em cima de guarda, até que os dois últimos saem ligados por algo que carregam juntos, logo já sabem do que se trata: o artefato tão falado e tão cobiçado por tantos.

          — Senhor Peregrino, por onde sairemos com o equipamento? — Questiona o Tenente.

          — Nesse hall há uma porta que só abre por dentro, ela contorna o complexo e sai no corredor pelo qual entramos, será o caminho mais rápido de onde estamos.

          Jow vai até uma grande porta de duas folhas, ele mexe nas trancas e ela estala em um estrondo, seguido de um longo rangido delas se abrindo, na parede, logo ao lado da porta há um painel elétrico onde ele acende as luzes do corredor a frente e todos adentram nele.

          Jow, Tenente Hans, Mister Kypper e Mondanês vão na frente, seguidos pelo restante do destacamento que caminham tendo ao centro os dois soldados que transportam o servidor. Eles passam por um corredor circular, até saírem de volta no túnel da entrada, e assim que chegam nele, Mister Kypper segue dois passos à frente da equipe como se pressentisse algo, mas ninguém se importa até que ele para com olhar congelado para a parte de baixo da parede do túnel e faz sinal com a mão para que os outros também parem.

          — O que foi, Mister Kypper? O que há de errado? — Jow parece se incomodar com o comportamento da criatura.

          — Esta planta não estava aqui quando entramos. — Ele responde apontando para um arbusto razoavelmente grande, com pouco mais de um metro de altura espremido em uma ranhura no concreto bruto.

          — E que diferença isso faz? — Tenente pergunta intrigado.

          — É o que eu vou tentar descobrir agora.

          Mister Kypper se aproxima do arbusto e o toca por um instante, depois vira-se imediatamente para Jow:

          — Temos companhia.

          — Como assim? Do que está falando? — Jow parece assustado.

          — Lembra dos Mantharianos dos quais a Yorka nos falou?

          — O bicho árvore?

           — Sim, esse mesmo. A planta me disse que estão aí fora, logo no final do túnel esperando a gente, e parece que sabem o que viemos fazer aqui. O que faremos???

          — Norffi, os robôs autômatos ainda estão conectados no seu sistema? Chame de volta, ordene que deixem as sucatas e se juntem a nós.

          — Sim Jow, nove deles estão, um eu não consigo encontrar.

          — Tudo bem, não importa, esquece esse, traga os nove.

          — Por que quer esses robôs conosco? São apenas operários, de que servem em um combate armado? — Tenente pergunta.

         — Tenente, armados ou não, são mais nove integrantes para o grupo, ajudam a fazer volume, além disso, todo equipamento robótico possui as diretrizes raiz que os obriga a proteger as vidas humanas, mesmo que tenham que se sacrificar para isso, e considerando que enfrentaremos criaturas alienígenas lá fora, eles estarão do nosso lado.

          Tenente Hans toma a iniciativa pra tentar resolver o impasse.

          — Vamos todos à frente, ficando para trás apenas os Sargentos Ivanovski e Thomas com o servidor para protegê-lo.

          — Na verdade, eu pensei em uma estratégia diferente, não sabemos o que são, nem quantos são. Então vamos fazer uma verificação em duas etapas: vamos primeiro eu, Norffi, o Senhor, Mister Kypper, Mondanês, seu soldado Bulsara e meu amigo Edgar com seu exoesqueleto. Eu imagino que já seja o suficiente pra intimidar, o restante da equipe chega logo em seguida como reforço, isso fará com que desistam, se mesmo assim não desistirem mostraremos nosso poder de fogo. Caso haja combate, nós distraímos os inimigos e os seus soldados correm com o servidor até os veículos e não parem até ele estar em segurança.

          — Parece sensato. Podemos ir então.

          — Na verdade, quero esperar apenas que os autômatos alcancem a equipe para sairmos.

          Em alguns minutos, os robôs autômatos chegam de todas as direções e entram em formação lado a lado junto aos homens, acontecendo isso a primeira parcela do grupo continua em direção a saída do túnel, onde seres desconhecidos os aguardam.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora