Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)

A chamada - 10

          Major Banks olha em sua mesa o telefone que toca, a luz não para de piscar.

          — Major Banks falando.

          — Major, aqui é Coronel Bradis, terceiro regimento. Como estão as coisas por aí?

          — Olá Coronel, as coisas por aqui estão dentro dos conformes, sem muitos eventos.

          — Major eu vou direto ao assunto. A Corporação tem um fugitivo que se manteve camuflado há algum tempo. E ficou como minha missão encontrá-lo e capturá-lo. Uma vez que o primeiro e segundo regimentos são para proteção e tarefas operacionais da Corporação. Os Leviatãs o vem rastreando há quase dois anos, mas perdemos suas pistas em torno de oito meses atrás, acreditamos que ele tenha se juntado a alguma gangue de rebeldes há alguns quilômetros a sudoeste da sua posição. Para conseguir informações, estávamos usando a estratégia de infiltrações, para não haver conflitos e evitar baixas. Mas são muitas gangues e elas são bem fechadas e hostis a pessoas de fora. Nas que conseguimos adentrar não coletamos nenhuma informação. Nem sinal dele. Começamos a acreditar na possibilidade de tê-lo perdido para algum incidente aí afora. Até que hoje, agora há pouco, me chegou uma informação que seus homens, possam ter tido contato com uma figura similar à que estamos procurando.

          — Coronel, este foi um fato recente, aconteceu há dois dias somente, recebi o relatório desse fato ainda ontem.

          — Para que o senhor veja como esse tipo de notícia voa. O senhor pode me falar mais sobre o incidente?

          — Um dos meus destacamentos de patrulha veio perseguindo um renegado, imaginando ser um fugitivo comum. Ele portava um veículo de maior mobilidade que os deles. Quando ele se esgueirou por um caminho que não podiam segui-lo, dispararam um pequeno míssil para abatê-lo. O míssil explodiu e eles abandonaram a caçada. No dia seguinte me reportaram o relatório. Como eu já sabia do caso, os informei e ordenei que voltassem ao local para garantir que acertaram. Até agora a pouco, ainda estavam no meu escritório e me informaram que de alguma forma, ele conseguiu escapar do míssil e fugir. Como medida subsequente, ordenei que aumentassem o contingente, voltassem na região e usassem táticas militares de cerco, para tentar encurralá-lo.

          — Muito me agrada saber que ele conseguiu sobreviver. É melhor que ele esteja em fuga do que morto.

          — Coronel, quem é este homem? Ele pertenceu aos Leviatãs?

          — Major, sei tanto sobre ele quanto o senhor. Só o que eu sei que talvez o senhor ainda não saiba, é que ele carrega consigo informações de extremo valor para a Corporação. Isso faz com que a vida dele valha mais do que a de qualquer um de nós. Por isso ele deve ser pego e entregue a Corporação vivo, consciente e intacto. Enfim, os Leviatãs parte amanhã pela manhã para uma missão de dois dias, eles levam um dia para chegar, dois dias em missão e um dia para voltar aproximadamente. Infelizmente eu não posso abortar a missão. Enquanto isso, concentre seus homens nessa busca e tente fazer algum progresso. Quando os Leviatãs retornarem, os enviarei ao seu batalhão para que partam daí para concluir esta missão.

          — Coronel, eu farei o possível para que meus homens capturem seu fugitivo e conclua sua missão nesses quatro dias. Porque algo que eu realmente não gostaria, seria a presença dos Leviatãs na região do meu comando. Eles têm um modo próprio e exclusivo de ação, nada ortodoxo, não poupam violência e morte. Mesmo em pouco tempo, poderão trazer o caos na região que hoje tenho total controle. Reconheço sua eficácia, sei que são nossos melhores combatentes, mas temo as alterações que causam por onde passam.

          — Eu entendo sua situação, Major, mas estamos diante de uma missão de nível 1. Se não fosse esse o caso, não tomaria essa decisão. Assim que eles chegarem aí, o Comandante dos Leviatãs vai assumir toda operação de campo. O senhor deverá se ater somente a funções administrativas. Entendido Major?

          — Sim, Senhor.

          — Alguma dúvida?

          — Não Senhor, Coronel.

          — Me mantenha informado.

          — Manterei.

          Major Banks repousa o telefone no gancho, se reclina em sua cadeira e pensa consigo:

          — Eu tenho quatro dias.