Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)

O futuro está embaixo - 93

          No final do grande túnel, há um imenso salão, cheio de droids de diversos tipos diferentes, a maioria com aspecto humanoide, uns mais magros, outros mais robustos, para variadas funções: soldadores, montadores, carregadores, sentinelas de guarda... todos com olhar vago, distante, vazio e sem propósito perambulando pelas instalações, outros ficam parados em modo de economia de energia. Neste salão, ainda não é possível ver o fosso, apenas maquinários de uso dos robôs.

          — Ali, a esquerda tem uma escada, ela leva até o primeiro piso. — Jow informa.

          Eles saem em uma área que parece de acesso de serviços, que fica logo atrás da atraente recepção que viram agora há pouco pela parede translúcida.

          — Este lugar parece bonito demais para uma instalação industrial de perfuração e extração de minério. — Questiona Elisa Kalitch.

          Essa simples pergunta faz a mente de Jow se lembrar de uma cena naquele mesmo lugar, de tantas que aconteceram do mesmo jeito há alguns anos antes:

          — Senhor Humberto, o investidor ligou e disse que já está chegando para a reunião, leva 15 minutos. — Informa com voz suave, uma secretária muito bem vestida e de boa aparência logo atrás da mesa de uma linda recepção, que faz um belo contraste com a paisagem florestal que a cerca.

         — Obrigado Isa, estou quase pronto já, assim que chegarem os receba bem na recepção e peça que sirvam um café, e mais alguma coisa que tiver na cozinha, peça que espere só um pouquinho, diga que estou finalizando com outro investidor e já o atenderei.

          O homem de terno importado, de marca de nome, vai até o espelho do luxuoso banheiro da sua sala, confere a aparência do seu cabelo recém implantado e passa uma colônia, ele sabe que não é verdade o que pediu para a secretária dizer ao visitante, sabe que ele será o único potencial investidor a receber no dia, e esteve esperando este momento a semanas, pois ficara um bom tempo aliciando-o, mas considerando as dimensões da corporação para quem trabalha não pode deixar o homem se dar ao luxo de se sentir grandioso demais diante dele, por mais que tenha sido muito aguardado, ele tem que sentir que ele precisa do produto mais que o fornecedor precisa dele.

          Os visitantes chegam, carros luxuosos estacionados na porta, enfeitam a visão em frente as paredes translúcidas, alguns homens altos e robustos, nem parecem humanos de tão grandes, visivelmente os guarda costas. Depois deles, dois puxa-sacos, com nomes de função arranjados pra disfarçar seu verdadeiro propósito: assessor, consultor de inutilidades; homens ricos e poderosos, sempre carregam seus bichos de estimação humanos. E finalmente a figura esperada: o cheiro de grana e arrogância exala a distância, alto e gordo, já passado dos 60 anos de idade, mas a donzela aspirante a modelo que o acompanha agarrada ao braço não passa dos 25, vestido em roupas finas, coberto com um longo casaco todo feito de pele de raposa do ártico, que cobre um terno feito sob encomenda, um charuto importado na boca e um olhar nada simpático.

          — Doutor Willian, que bom vê-lo. Desculpa a demora, estava em reunião com outro investidor bastante interessado, um Russo que é dono de uma mina de Diamante por lá, Racakanov, Makarov, coisa assim, eu acho, mas já terminei com ele e agora sou todo seu. — Humberto sorri, acabara de dar um tiro no escuro, pra tentar criar ciúmes no cliente, ele cita uma figura conhecida no ramo de joias, certo que Willian o conhece, ou pelo menos já ouvira falar, dono de um império de diamantes chamado Karon, Makarov é um bilionário famoso. — Vejo que trouxe companhia.

          — Sim, esse é Stephen, meu assessor com quem o senhor falou, e este é Ulisses, meu consultor financeiro, vieram para conferir onde estou aplicando meu dinheiro. — Ele apresenta seus capangas e a mulher ao seu lado nem sequer é lembrada, e se mantém calada, está ali mais como um objeto, um acessório bonito para seu ornamento.