A chegada da escuridão - 120

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          O Coronel Bradis chega onde os soldados já o aguardam, espalhados pelo pátio. Com sua chegada, vão se aproximando e entrando em formação dentro do imenso hangar, que fora previamente esvaziado e preparado para aquele momento. Ele sobe até um pequeno tablado, olha para todos aqueles homens diante de si, organizados em pelotões, lhe percorre um frio na espinha, ele sabe o que está prestes a fazer, sua mente questiona a ética e a moral da missão que lhe foi dada. — Uma ordem recebida, só deve ser discutida depois de cumprida. — Ele diz a si mesmo discursos de doutrinas militares, na tentativa de justificar suas ações que estão por vir.

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          — Bom, isso pode ser interessante, eu estou aqui... Sou todo ouvidos.

          — Sabe Jonh, já tem algum tempo que eu sou conhecida na Corporação como a Grande General, todos me temem. Eu tenho total controle de tudo o que se passa por aqui. Nada acontece sem que eu fique sabendo. Mas você... — ela se inclina para trás se apoiando na mesa e sorri ironicamente — você foge à regra, no que diz respeito a sua pessoa, eu fico completamente no escuro, um homem misterioso e imprevisível, nunca sei o que vai tirar de dentro da cartola ou o que esconde nas mangas, e se devo confiar ou temer.

          — Não sei se isso é uma crítica... mas pra mim soa mais como elogio, e assumo ficar feliz e orgulhoso disso.

          — Você não é capaz de levar nada a sério?

          — Sim, eu sou capaz de levar a sério sim, aquilo que eu vejo como algo sério. O que te intriga não é o fato de eu ser imprevisível, e sim todos vocês serem previsíveis pra mim. Não é o fato de eu te deixar no escuro, e sim o fato de tudo que estão fazendo ser tão claro aos meus olhos. Tudo isso eu já conheço, esse seu suspense, esse seu papinho rodeando pacientemente enquanto só se aproxima de onde quer chegar. Não sei se você percebeu, mas está perdendo o seu tempo e o meu.

          — Como preferir então, deixe-me ser mais direta: Eu quero saber o que houve naquele dia há dois anos atrás, quando o Laboratório de Pesquisas e Centro de Dados foi invadido.

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             — Soldados aqui presentes, eu sou o Coronel Bradis, Comandante do Oitavo Regimento dos Leviatãs. Estou aqui porque temos uma grande missão. Sinto por ter tirado muitos de vocês dos seus merecidos descansos, mas fui incubido da tarefa de liderá-los ao que será a maior e mais desafiadora missão de todas, e vai exigir de todos nós mais do que temos nos empenhado ultimamente. Eu não sou um militar de escritórios, eu sou um comandante de campo, de linha de frente, do tipo que faz questão de olhar nos olhos do inimigo antes da batalha. Mas antes de falar sobre a missão, eu quero relembrar a todos aqui, quem vocês são...

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          Jow olha pra cima, respira fundo e começa:

          — Naquele dia especificamente, eu estranhei bastante o baixo contingente militar presente no local, que não chegava a representar nem mesmo trinta por cento do que costumava ser. Quando vi a invasão acontecendo eu imaginei o que poderia ser e o que queriam, e como Engenheiro responsável por toda a PPD (Plataforma de Processamento de Dados) da Corporação, era meu dever proteger a CPU principal. Então eu o substituí por um servidor reserva qualquer, me misturei às pessoas em pânico naquela bagunça e fugi com ele.

          — E por que não os trouxe de volta depois que a poeira baixou?

          — General Sünitha Farhat... eu gostaria de saber por que você está à frente da Corporação? Por que é a maioral, a manda chuva disso tudo aqui? Por que está acima de todo mundo, e atualmente suas ordens são inquestionáveis? Quem a elegeu a esse cargo?

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu