Em busca dos cacos - 08

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           Cap. Vince sai com sua equipe em direção ao local onde viram aquela figura pela última vez.

           Segue o comboio com uma moto na frente, duas atrás e a caminhonete no meio, dentro dela, no banco do passageiro, Capitão inspira o ar quente, seco e árido daquela estrada e viaja sua mente, permite se perguntar por que aquele homem viajando solitário poderia ser tão importante ao ponto de causar tanta preocupação quanto ao seu estado e seu paradeiro.

           Depois de algumas horas eles chegam ao local aproximado do último contato. As marcas de freadas no asfalto, deixadas pelos pneus, marcam com precisão o local.

            Param os veículos na beira da estrada, o Capitão desce da caminhonete.

            — Thomas e Allan vêm comigo. O restante fica de guarda. Fiquem alerta.

           Thomas é o melhor rastreador que o Capitão já conhecera no batalhão, poderia rastrear um animal ou um fugitivo na mata até dois dias depois da fuga. Allan, o melhor resultado de tiro de precisão, não importa se arma curta, longa ou rifle, acertava um alvo parado ou em movimento com a qualidade de tiro a queima roupa. O Capitão lembrava o trabalho que teve para integrá-lo ao seu destacamento.

           Um pouco além das fileiras de árvores na beira da estrada, em um espaço um pouco mais aberto eles já avistam uma árvore em destroços, antes dela uns galhos quebrados da vegetação mais baixa.

          — Thomas, o que pode me dizer do que aconteceu pelo que vemos aqui?

          — Capitão, o homem de fato é muito corajoso, me pergunto apenas se é experiente ou sortudo. Os mísseis tubarão são muito precisos e certeiros. Para ele ter conseguido escapar teve que ter esperado o míssil chegar bem perto dele, e ele perto o bastante da árvore para que pudesse sair no último instante de modo a não dar tempo de o míssil corrigir o trajeto e colidir com a árvore explodindo nela.

          — Então o míssil não o pegou?

          — Senhor, note que não há pedaço algum da moto em nenhuma parte, em um raio de 5 metros. Então ele escapou dessa.

           — E não dá para rastrear?

           — A moto é flutuante, então não deixa rastros. Mas dá para supor para que lado ele foi.

           — Então o que me diz?

          — Olhando pela formação da mata, ele foi a nordeste. Por que a estrada se curva à esquerda e é pouco provável que ele voltaria a estrada, no entanto a mata fica menos densa à direita, daria para ele continuar sem problemas. Se ele seguiu em linha reta, cruzou a próxima estrada bem perto do posto 11. Daí, se continuasse à direita, poderia sair na cidadela. O que provavelmente não é o que ele quer.

           — Ótimo. Vamos informar ao Major então.

           Há 100 metros dali, a lebre pressente o perigo, se entoca e observa tudo de seu lugar seguro. A moto de Jow está há 20 metros mais à frente, camuflada e coberta com vegetação. Ainda assim, tem seu disfarce colocado em risco, pois, a curta distância seria facilmente descoberta. Por sorte e por os soldados não cogitarem a possibilidade de ele ter ficado ali por perto, os homens de nada desconfiam. Até porque, estavam buscando apenas vestígios de destroços aos arredores da árvore, não havia a necessidade de ir além disso quando não há mais pistas evidentes.

           Sem nada encontrar, eles saem do meio da vegetação de volta aos veículos na estrada.

           — Mauro, você vai até o posto 11, pergunte se viram alguma coisa e informe da nossa busca. Em seguida me encontre no escritório do Major Banks. Rodrigues, para você a mesma coisa, vá até o posto 8 na estrada a oeste e depois me encontre no escritório do Major.

           Dadas as tarefas aos soldados, Capitão com Thomas e Allan retornam ao batalhão, eles entram na sala do Major, fazem continência e aguardam que o superior fale primeiro.

           — Boa tarde, Senhores. E então Capitão, como foi o acompanhamento da carga?

           — Boa tarde, Major. A entrega foi tranquila, não avistamos nenhuma ameaça pelo caminho.

           — Ótimo. E o nosso fugitivo?

           — Voltamos ao local e conferimos o ponto de impacto do míssil. Nenhum sinal do homem. Nem destroços da moto nem vestígios de corpo. Ele escapou senhor.

           — Tomaram as medidas que orientei?

           — Sim senhor, meus dois cabos foram até os postos de vigilância das proximidades pegar informações e deixá-los em alerta. Inclusive já fiz isso com os guardas da cidadela. Em caso de alguma informação eu serei avisado.

           — Excelente. Capitão, eu já deixarei avisado hoje para que amanhã o senhor possa ir ao batalhão e pegue mais seis homens e quatro veículos a sua escolha e vasculhem a região em um raio de 50 quilômetros em busca de renegados, quero que os interrogue, faça o que for preciso, mais não os apreenda. Deixe-os onde encontrar.

           — Por que, Major? Qual sentido?

           — É para que saibam o que estamos procurando e que isso chegue até ele. A caça quando descobre que está sendo perseguida, se apavora e se revela com mais facilidade. E existe uma grande chance de ele ter algum ponto de apoio pelo vale, uma vez que foi visto perambulando por lá, se assim for, com certeza tem contato com algum renegado das proximidades. Amanhã vou consultar o meu comando para obter novas ordens de como proceder.

           — Entendido, Senhor.

           — Dispensados.

           Assim que eles saem pela porta, Jane, sua secretária entra com um aparelho telefônico na mão e diz ao Major:

           — Senhor, o Coronel Bradis está na linha. Quer falar com o senhor. — Ela aponta para o telefone na mesa que pisca com uma chamada em espera e sai da sala.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now