O plano de viagem - 66

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          — Senhores, como vocês já sabem, esse caminho não será fácil, eu falei dos riscos envolvidos. Primeiro, vamos ao que estamos indo buscar: é conhecido como a máquina do fim do mundo ou a chave dos portões do inferno, eu o conhecia como cérebro, é o servidor que guarda a localização precisa de todas as ogivas de Necrômio extraídas pela Natihvus e estocadas em todas as estações de armazenamento pelo mundo até a data do seu desligamento. E ainda mais que isso, além de conter a localização das ogivas ele também controla a inteligência artificial dos operários: os robôs autômatos que carregavam esse material todo os dias, ou seja, quem souber usar essa ferramenta nem precisaria pôr a mão em nenhuma delas para poder ter todas onde quisesse. Os outros nomes dados a ele não são nada exagerados, uma vez que com essas informações, quem as tiver tem poder de destruição ilimitado. E considerando que aqui está infestado de terroristas, contrabandistas e traficantes de todo tipo, eu presumo que se esse servidor cair em mãos erradas significa a destruição completa e definitiva do Planeta Terra.

          Quando Jow fala, algumas pessoas demonstram espanto.

          — Agora, vamos para as etapas de como essa missão será executada: este ponto do mapa, essa mancha que mede em torno de 250 km quadrados é a zona escura, dentro dela a Floresta da Morte e bem no meio desta, está nossa estação onde se encontra guardado o servidor que vamos resgatar, apesar dos desafios que nos esperam no caminho, essa será a parte mais complicada de ser feita, pois não sabemos o que vamos encontrar por lá, quais serão os perigos que enfrentaremos. Mas não se preocupem, que pra isso eu já tenho uma estratégia: tenho alguém que habita esse lugar e que nos servirá de guia. Nós só temos que encontrá-lo.

          — E se não o encontrarmos? — Tenente Hans demonstra preocupação com o risco de as coisas não saírem como esperado.

          — Por isso a exigência de que cada um aqui presente seja o melhor entre os seus, para termos alguma chance de entrarmos e sairmos de lá inteiros.

          Todos se entreolham preocupados.

          — Existem duas estradas que dão acesso mais fácil, segura, nenhuma delas é, mas uma delas é menos exposta que a outra. É simples, quem monitora essas estradas, e olha que não são poucos, estão acostumados aos viajantes pegarem essa — Jow aponta uma rota no mapa — quando estão transportando algo de valor, e quando não tem nada a perder usam essa, pois sabem que a presença dos bandoleiros é muito maior.

          — E o que você está pensando em fazer? — Melissa se aproxima mais, coloca as duas mãos na mesa e pergunta demonstrando estar entendendo.

          — Estou pensando em agir de forma inversa para confundir a cabeça deles. Eu penso que se formos por este caminho, provavelmente daremos de cara com os Anarchy em algum lugar do primeiro trecho de deserto, eles verão que não transportamos nada de valor para eles, e a notícia se espalhará caminho a frente. Logo em seguida entramos nessa estrada que é uma rota de transporte rural abandonada. Depois, quando voltarmos pela rodovia principal, não seremos incomodados. Com os Anarchy e os Kynawa até dá pra tentar algum diálogo, mas quando dermos de frente com os árabes, é chumbo pra cima. Eles não são nada agradáveis e não fazem acordo com os ocidentais.

          Toni olha para Roy e este entendendo o que o outro quer já pergunta:

          — O que usaremos para despistá-los?

          — Estou pensando em usar o caminhão de combustível e o de armas como se fossem a carga que estamos transportando.

          — Mas combustível é de interesse deles. — Jow mal termina de falar e já é logo questionado por Raydon.

          — Não se eles acharem que é petróleo bruto, não refinado. Aí não tem valor nenhum.

          — Mas se é gasolina e óleo diesel, como vamos fazer eles acharem que é petróleo bruto? — Ele insiste na pergunta.

          — Já cuidei desse detalhe, já passei por esse tipo de situação outras vezes. — Jow olha para Diesel e os dois sorriem como se rissem de uma piada que só eles entendem. — Como o plano já ficou bem explicado vamos às equipes, quero reforçar algo que já foi dito algumas vezes: é importante que deixem suas diferenças pra trás, porque de agora pra frente o inimigo é outro, então quanto mais cuidar da vida do seu parceiro, mais ele vai durar pra cuidar da sua. Somos 30 ao total contando comigo. Os veículos do nosso comboio são 13, vamos lá para o pátio pra fazer a divisão dos embarques. Aqui, damos por encerrado.

          Assim que todos saem, alguém estava escondido em algum lugar dessa sala sem que ninguém notasse, essa mesma pessoa ainda com os olhos arregalados e a mão na boca de espanto, que tivera ali o tempo todo e espreitava por uma fresta, diz pra si mesmo:

         — Era tudo que precisava saber, encontrei o que queria.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora