De volta ao jogo - 125

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          Assim que desce as escadas, acende as luzes e vai olhando de cela por cela procurando, até que o encontra, sentado, encostado na grade:

          — Olá, Jow...

          — Olá Morgana, veio olhar pra mim pela última vez antes de ir embora desse mundo? A General me contou o acordo de vocês. Fico feliz por eu ter ajudado.

          — Me perdoa Jow, eu sinto muito. Eu me arrependi do que fiz, tentei te contar antes, mas você me impediu.

          — Não se preocupe, você fez o que precisava fazer pra salvar sua mãe. Inclusive... como ela está?

          Morgana abaixa a cabeça:

          — Ela faleceu há algumas horas, não tem muito tempo.

          — Meus pêsames, sinto muito por sua perda...

          — Está tudo bem, estou atendendo o último pedido que ela me fez.

          — Então veio se despedir de mim e vai reencontrar sua família? Se for, desejo que seja feliz, e vá logo, porque pelo que me disseram sua carona está quase chegando.

          — Não foi isso que vim fazer... eu vim tirar você daqui.

          Ele levanta a cabeça e ela está colocando a chave na fechadura da cela. Ele rapidamente fica de pé e vai até ela, quando chega perto, ela abre a porta:

          — Eu também trouxe um presente, pensei que fosse precisar. E que negócio pesado esse, quase não consigo...

          Ela se abaixa e lhe entrega o seu traje que estava no chão. Ele está pasmo, sem palavras.

          — Acho melhor andar depressa, o outro guarda deve estar pra chegar.

          — Como você conseguiu isso? Como conseguiu as chaves e entrar aqui?

          — Bem... Eu esperei um dos guardas ir no banheiro provavelmente, e quando ficou só um, eu chamei a atenção dele e apaguei ele com um taco de baseball.

          Jow olha pra ela e fica atônito, parece não acreditar no que acabara de ouvir.

          — Você só pode ter ficado louca, se arriscou demais, podia ter morrido tentando fazer isso. — Jow fala enquanto veste seu traje.

          — Eu tinha que consertar a bagunça que eu fiz. Foi isso que prometi pra minha mãe. O que vamos fazer agora?

          — Vou subir até a entrada, se eu interceptar o outro guarda teremos mais tempo, você fica aqui e não faça barulho. Aliás, você cortou o cabelo, gostei do visual, combinou contigo.

          — Obrigada.

          Morgana lhe entrega a arma que pegou do guarda. Jow sobe até a escadaria da porta da prisão. Encosta a porta e vai pra parte escura a sua esquerda, onde ficam as salas de triagem, ele aguarda no escuro até que vê o guarda passar por ele pelo corredor e ir até a porta. O homem para ao ver que seu colega não está alí, imediatamente dá meia volta e dá de cara com uma pistola apontada para sua cabeça, ele apenas levanta as mãos. Jow desce as escadas com o homem já desarmado e o tranca na cela.

          — Pronto, agora temos um pouco mais de tempo. Vamos libertar todos.

          Eles vão de cela em cela libertando seus colegas o mais rápido possível. Depois de todos livres, eles se reúnem em um círculo em torno de Jow:

          — E agora? O que devemos fazer? O que você sugere? — Sophia o indaga.

          — Temos que pegar nossas coisas: armas, pertences... tudo que conseguirmos. Ficaremos mais úteis com nosso equipamento. Estão no depósito, não fica longe daqui. Vamos aproveitar da escuridão e passar sem chamar a atenção.

          Eles saem da enxovia, sobem as escadas e passam pelo corredor. Jow observa com cautela o saguão pra se certificar que não haja ninguém, passam rapidamente, saem para a escuridão do pátio e se esgueiram com cuidado até o depósito.

          Ao chegarem, Jow vai até o Norffi:

          — E aí meu garoto, vamos sair dessa gaiola?

          — Sim Jow, vamos sim, Norffi já não aguentava mais isso aqui. Jow demorou muito heim.

          Jow mexe na fechadura da cela para desligá-la e abri-la.

          Ao sentir o cheiro e o som dos passos de Melissa, Zoe fica eufórica, arranha as grades da jaula e gane animada.

          — Cadê a minha menina linda? Sentiu falta da mamãe, sentiu? Vamos tirar você daqui e mostrar pra esses caras que não se prende uma Zampollo...

          Eles pegam seus equipamentos, conferem, se aprontam e vão para frente da porta, onde Jow já os espera ao lado de Norffi em modo estendido, seus olhos vermelhos brilham como brasa.

          — E agora? Qual o próximo passo? — Melissa se adianta.

          — Ao norte daqui, já chegando nos muros, há uma torre de comunicações, eles estão com o contingente baixo no quartel, então vocês não terão grandes problemas: invadam a torre, usem o rádio e tentem alertar o máximo de grupos Rebeldes que conseguirem. Contactem todos que vocês conhecerem a frequência, e diga pra ficarem em alerta máximo. Neste momento há um enorme contingente de Leviatãs indo em direção ao Vale, vão aproveitar a vulnerabilidade do atual momento de trégua e o fato de alguns clãs estarem desfalcados. — Jow é interrompido por um enorme ruído de aeronave, seguido de um som de alarme. Ele aumenta o tom de voz e continua dizendo. — Eles não vão pra ocupar território, nem pra fazer apreensões e prisões, eles vão pra dizimar tudo. Então, quanto antes os Rebeldes se prepararem, mais chances terão. Alertem também os Ciganos, eles são fortes, mas não sei se são páreo para uma investida dessas, de surpresa, dos Leviatãs. Nosso tempo é curto... E depois de avisarem os Rebeldes, vocês vão até o hangar dos veículos, que fica perto da saída dos fundos e partam pra tentar dar reforço.

          — E você, o que vai fazer? — Ferrugem o questiona.

          — Eu acho que eles já sabem que fugimos, por isso esse alarme, o som do avião provavelmente é reforço militar chegando. Se for isso, a General vai manter seu foco em mim, eu sou mais importante pra ela neste momento. Então, eu vou chamar a atenção deles pra vocês ganharem tempo.

          — E você vai sozinho? — Ele insiste.

          — O Norffi vai comigo.

          — Eu vou com você. — Morgana se pronuncia.

          — Não Morgana, algumas das pessoas aqui são dos Filhos da Noite, o Clã que você fazia parte, então se você decidiu mesmo ficar na Terra, é melhor acompanhá-los, que vai estar mais segura. Estar comigo neste momento é sentença de morte, por isso não quero mais ninguém comigo. Estando sozinho, eles provavelmente tentarão não me ferir, pois ela ainda precisa de mim, mas se houver mais alguém, com certeza não será poupado.

          — Eu não estou te pedindo, estou te informando. Eu vou com você. E não há nada que você possa fazer que vai me impedir. — Morgana o retruca incisiva.

          — Tudo bem então, se é o que você quer. — Jow responde a Morgana e se volta aos demais — A General sabe que eu sou escorregadio, vai usar quantos forem preciso pra garantir que eu não fuja novamente, mesmo que pra isso tenha que deixá-los escapar, então se aproveitem disso... Agora vão!

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now