A última batalha - 61

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          — Jack! Onde está com a cabeça? Você tem noção do que se trata essa missão dele?

          Diesel recebe um olhar sorridente e simpático de resposta.

          — Veja bem, você sabe que não está mais nos seus anos de ouro, sua idade já está avançada. E você viu os caras que se candidataram a ir? Viu o porte? A Melissa, o Ferrugem, o Bulldog, o Mudo... Olha pra você... Acha mesmo que vai conseguir chegar no nível deles? Vai ser barra pesada e todo mundo já sentiu isso. É uma ida sem volta.

          — Garoto, fui forjada no calor da batalha, lutei em mais guerras do que você pode imaginar, eu não preciso ter o porte deles, só preciso conseguir segurar minha minigun, e isso consigo melhor que qualquer um, e com pontaria precisa. Você sabe muito bem que eu consigo. Há tempos que o máximo de emoção que eu tenho é caçar cervos e fazer os macacos fardados correrem assustados. Mas hoje, quando ouvi nosso garoto contando a todos da missão que ele pegou por amor e por liberdade de espírito, quando entendi os perigos contidos nela, senti naquela hora o chamado da guerra... Senti a emoção de um desafio novo clamando meu nome. A oportunidade de combate de verdade, perigos reais, oponentes a altura. Eu sei que minha idade está avançada, sei que não estou nos meus anos de ouro. Mas o que você está pensando que eu quero pra minha vida? Envelhecer aqui? Pra passar as tardes balançando em uma cadeira e fazendo tricô? Brigar por uma canja de galinha? Competir com as outras velhas por quem tem o joanete maior? Esperar todos meus dentes caírem? Não! Eu não quero isso pra mim.

          — Você está proibida de ir nessa viagem suicida, não vou permitir que entre nessa loucura.

          — Pois é, meu garoto, essa decisão não está ao seu alcance. Você não pode me privar disso, me privar desse último prazer na minha vida, dessa chance de fazer o que eu nasci pra fazer e faço de melhor.

          — Eu não posso ir nisso, não tem como garantir que ficará bem e voltará a salvo.

          — Mas eu não estou com planos de voltar, sei que entende o que quero dizer, fiz tudo que pude por essa Vila e esse povo, mas não será aqui que deixarei minha última contribuição. Está definido, eu vou sim nessa viagem e ponto final. Não quero que espere que eu retorne dela, considere isso nosso adeus.

          — Mas ao menos promete que não vai fazer nenhuma loucura, que não vai sair dançando na frente do primeiro fogo cruzado que aparecer.

          — Na verdade eu estava pensando em outra forma, mas essa até que é uma boa ideia.

          — Eu estou falando sério... — Diesel muda o tom, sua voz fica trêmula. — Mãe... Pelo menos me prometa que vai se cuidar.

          — Isso eu não posso prometer, meu filhote. Mas prometo que farei de tudo pra proteger aquele garoto, alguma coisa me diz que tem algo a mais nessa história dele, e estou louca pra descobrir o que é. Vamos deixar de enrolação e pegar as armas e os carros.

         — A senhora está pensando em ir em qual?

          — Há há há há. Até parece que não sabe a resposta dessa pergunta. Eu vou na desbravadora, é claro. Curtir minha última viagem com minhas boas e velhas companheiras.

          — Era o que eu temia...

          — Meu filho, a mãe te ama muito e fez de tudo pra que se tornasse o homem que é hoje. Agora é sua vez de me prometer que vai se cuidar e que não irá atrás de mim caso eles voltem e eu não.

          — Mas mãe...

          — Sem mais! Apenas prometa.

          — Sim, Dona Jack, eu prometo. Seja feita a sua vontade.

          — Ótimo, agora vamos lá, não temos tempo a perder.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now