Dylan - Chicago

By PequenaVick

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{ Dylan - Chicago - Livro III } "Eu amo a insanidade, pois ela é sua melhor amiga" Daphne Williams foi vendid... More

Epígrafe
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Divulgação deliciosa!
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Penúltimo Capítulo
Último Capítulo
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Capítulo 62

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By PequenaVick

“Na verdade, tudo nela é interessante. E quando estou com ela, nem percebo o tempo passar. Deve ser porque ela é a melhor parte do meu dia” – New Girl
___
Dylan

Sammy, Catarina e Branna estavam em seus lugares de madrinhas, sorridentes. Ao meu lado estavam Marcus, Cameron e John. Todos pareciam animados e felizes, até os idiotas das gangues, e eu só conseguia pensar em como estava demorando para eu vê-lá. Verifiquei mais uma vez o relógio no pulso de John e ignorei quando ele pediu que eu me acalmasse. Era fácil para ele falar. Branna não demorou nem um segundo no dia do casamento deles.

Segurei a respiração quando a música que ela escolheu com muita dificuldade começou a tocar. Lancei um olhar nervoso para minha irmã antes de Daphne entrar em meu campo de visão e foi como flutuar. Todo o peso dos meus ombros sumiram e o nervosismo aumentou, mas isso não me deixou pior, e sim melhor. Meus olhos arregalaram-se e minha boca se abriu um pouco de puro choque.

Era a primeira vez desde que Evil surgiu com a ideia maluca de pedir Daphne em casamento, que eu tinha certeza que iria mesmo me casar com não qualquer mulher, mas com Daphne Williams, a ruiva mais chata e indecente que já conheci. A pessoa que me desafiava todos os dias, para o bem e para o mau. A garota de sorriso ardente, curvas delicadas e bunda sexy. A única mulher que já conseguiu me fazer verdadeiramente feliz.

Meu coração batia mais rápido a medida em que se aproximava. Daphne estava deslumbrante. O cabelo vermelho estava levemente enrolado nas pontas brilhantes, caía pelos ombros como se fosse um véu, havia uma magnífica tiara com pedras avermelhadas ao redor do coque feito com algumas mechas vermelhas, e o vestido que ela havia escolhido nem se comparava com a imagem que fiz na mente ao ouvir a descrição de Nina no outro dia. Não havia alças, abraçava os seios macios da forma como eu queria fazer e se estendia pela cintura com detalhes brilhantes, mas da cintura para baixo parecia ser um véu simples. Ela estava magnífica. A minha deusa preferida.

Spencer e Jeremy, as miniaturas mais fofas do mundo, se aproximaram de mim e me curvei para receber seus abraços e beijos antes de Spen ir para o lado das madrinhas e Jeremy para o dos padrinhos.

Ergui minha mão para recebê-la e a música parou no segundo em que nossas mãos se uniram. O sorriso que ela me deu, meio envergonhado, mas feliz, foi como ir ao céu.

— Você está absolutamente perfeita — disse sem conseguir segurar e ela soltou uma risada.

— Você também. Gostei do estilo bem livre — disse e desceu seus olhos brilhantes para a calça clara, a camisa social branca aberta até o peito e meus pés descalços. Daphne voltou seus olhos para mim e levou sua outra mão para meu cabelos, bagunçando-os e rindo — Você está lindo.

Ri também e nos viramos para Damon. Erin estava ao seu lado, entregando-lhe um microfone, e logo se afastou, mas não muito.

— Eu não tenho nenhum roteiro pronto e não sou um padre, então deixem suas expectativas sobre a minha parte aqui irem para o lixo — Damon começou dizendo com um sorriso sarcástico no rosto e abaixei a cabeça, percebendo que talvez, apenas talvez, escolher ele para celebrar nosso casamento não foi a ideia mais brilhante — E também não sou romântico. Não sei falar sobre amor. Sei muito sobre armas, como construir bombas e como abrir cadáveres, mas amor nunca foi a minha área. Sinceramente, nunca foi a área de ninguém da minha família. Exceto, Dylan e Marcus. Vocês são especiais e encontraram pessoas ainda mais incríveis que vocês para amarem. Isso, talvez, me dê alguma esperança. Dylan, seus votos.

Agradeci com um sorriso e me virei para Daphne.

— Você tá tremendo — ela soltou, rindo.

— Eu sei. Vamos lá — Erin me entregou um microfone e segurei com força enquanto tentava me lembrar de tudo o que havia escrito dias antes. Respirei fundo três vezes — Como Damon falou, o amor nunca foi a área dos Black. Não somos românticos. Não sonhamos com verões cheios de paixões, nem amores eternos. Mas é tudo o que vejo e desejo quando olho para você. Verões quentes com seus sorrisos, um amor que una até termos oitenta anos e tudo o que nos reste seja um ao outro. Eu sei que temos partes em nós que não amamos e que podemos ser cruéis quando queremos, e sinto muito por tudo de ruim que passamos e que ainda vamos passar. Obrigado por não largar minha mão em nenhum momento e por nos dar uma chance. Obrigado, ruiva.

Daphne estava com os olhos brilhantes cheios de lágrimas e beliscou meu antebraço quando pegou o microfone para si, respirou muitas vezes e suspirou, sua mão segurava a minha com ainda mais força que antes.

— Eu... — Daphne abaixou o microfone e arregalou os olhos, sussurrou para mim: — Não sei o que dizer, porra!

Segurei o riso. Se eu risse, ela enfiaria o microfone na minha boca e me chutaria até o Texas.

— Só fala alguma coisa porque eu tô morrendo de fome — Damon resmungou.

Daphne respirou fundo e ignoramos ele.

— Não precisa ser algo grande, ruiva. Só diz algo bonitinho e pronto.

— Eu não sei dizer algo bonitinho, Dylan!

Tive que segurar o riso com mais força para evitar gargalhar. Era a cara dela pirar no altar porque não sabia dizer algo gentil. Forcei sua mão que segurava o microfone a ir para cima e segurei para que ela falasse. Daphne cerrou os olhos e suspirou.

— Certo. Bem... — ela se calou e arregalou ainda mais os lindos olhos.

Vi Cat se aproximando um pouco por trás de Daphne.

— Sabe exatamente o que dizer — ela piscou para mim e voltou ao seu lugar.

Daphne respirou fundo mais uma vez e seu rosto rosado ficou completamente branco.

— Eu amo você — sussurrou no microfone.

Soltei a respiração que segurava e sorri. Ela não me disse isso nenhuma vez desde que ficamos juntos e eu nunca esperei que ela dissesse, não se ela não se sentisse pronta.

Havia muita merda entre nós, começando por quem era meu pai e terminando com os anos em que a ignorei ou simplesmente a destratei por pura idiotice minha. Eu queria que ela se sentisse feliz, segura e amada a cada dia que passava ao meu lado antes de dizer tais palavras porque eu sabia que dizer aquilo para alguém a assustava muito.

Daphne era pura força, mas também era delicada como uma rosa. Ela precisava de cuidados e doces gestos. Eu faria qualquer coisa por ela. Estava claro. Eu precisava do sorriso dela para viver.

— Amo você — suas lágrimas caíam pelo rosto delicado e os olhos demonstravam seu medo. Daphne não queria se machucar se nós não ficassemos juntos para sempre. Eu entendia seu medo. Também o sentia, mas eu preferia mil vezes me jogar de cabeça do que ficar apenas no raso, no conforto do talvez — Amo cada pequena parte sua. Até as partes que você não ama. As partes que te assustam, eu amo. E é assustador admitir isso, mas também quero ter verões apaixonantes e mais de oitenta anos do seu lado porque você é incrivelmente você. Amo você, Dylan. Espero que seja suficiente.

— É — respondi imediatamente, sentindo lágrimas idiotas descendo por minhas bochechas — É mais que suficiente. Obrigado por me amar. Obrigado por dizer.

Consegui ouvir algumas palmas e gritinhos, assobios em comemoração, mas não conseguia desviar meus olhos dela.

A mulher mais linda do mundo.

— Alianças — Damon disse depois de um tempo, provavelmente pensando no que fazer a seguir.

Damon realmente estava tão perdido quanto Daphne naquele casamento e se eu não estivesse ocupado chorando e a encarando, com certeza estaria rindo dos dois.

Jeremy e Spencer apareceram ao nosso lado com as alianças nas mãos. Fiz sinal para que ela fosse primeiro. Eu precisava de um minuto para me recuperar porque ouvir Daphne dizer que me amava era fodidamente incrível. Passei as mãos no rosto para me livrar das lágrimas.

Daphne sorriu quando levou a aliança até meu dedo e a deslizou para se encaixar perfeitamente no lugar ideal.

Ela estava linda.

Absolutamente perfeita.

* * *      * * *
Daphne

Eu estava uma pilha de nervos.

Faltava pouco para explodir em gritos, lágrimas e beijos.

Dylan estava lindo.

Tudo estava absolutamente lindo.

— Você sabe o que dizer — Damon disse revirando os olhos.

Lancei a ele meu olhar azedo e olhei para Dylan em seguida, sorrindo.

— Prometo... — devo mesmo prometer? E se eu não conseguir cumprir nada? E se eu falhar com ele como já falhei tantas vezes antes? Meu Deus!

Dylan me encarou confuso por apenas um segundo e então entendeu. Apertou minha mão com força e disse, sorrindo:

— Tentaremos nosso melhor. Sem pressão — piscou o olho direito bancando o engraçadinho — Promete ficar ao meu lado? É só o que preciso saber, ruiva.

— Você sabe que sim — deslizei a aliança por seu dedo e beijei sua mão antes de soltar.

Dylan pegou minha aliança, a beijou e deslizou por meu dedo como fiz, beijando em seguida com os olhos brilhantes fixos nos meus.

— E eu prometo o mesmo. Estarei ao seu lado sempre.

— Perfeito! — Damon disse animado para acabar logo com o casamento e segurei minha risada. Não é só você! — Pelo poder que dei a mim mesmo, declaro vocês marido e mulher. Podem se beijar!

Dylan nos aproximou e acariciou minha bochecha antes de aproximar seus lábios dos meus. Seu beijo estava calmo e carinhoso. Um beijo gostoso que nos fazia nunca querer parar. Passei meus braços por seus ombros e aprofundei nosso beijo até que os gritos de Cat, Cameron e os outros ficaram irritantes demais para ignorar.

— Nós casamos — ele sussurrou.

— É. Casamos mesmo — beijei sua bochecha e sorri — Está feliz?

— Vou estar ainda mais quando nos livrarmos de toda essa gente.

— Cara, você leu a minha mente!

* * *       * * *

Eu realmente não tinha o que dizer contra o trabalho de Erin. A mulher havia arrasado em cada detalhe. Haviam mesas redondas por todo lado, uma pista de dança enorme e mesas com comidas que chegavam a me deixar tonta. O restaurante estava impecável.

Assim que todos chegamos ao restaurante que era muito próximo ao local em que casamos na praia, Erin fez questão de iniciar nossa primeira dança como marido e mulher. Então, dançamos colados com Spencer e Jeremy ao nosso lado, rodopiando e rindo como se aquele fosse o casamento deles. Depois de dois minutos, Dylan me deixou de lado para dançar com minha irmã, e fiquei com Jeremy. Branna, John e os outros começaram a dançar também e por um momento, esqueci que estavamos rodeados de pessoas não confiáveis que adorariam cortar nossas gargantas.

Começou a tocar músicas mais animadas e Cat se aproximou para dançar comigo enquanto Jeremy jantava com Ava. Dylan continuava dançando com Spencer e os dois pareciam perdidos um no outro.

— Você está feliz, não está? — Cat perguntou com a boca colada ao meu ouvido e me abraçou pela cintura.

Passei meus braços por seus ombros e sorri ao ver Branna e John dançando agarrados.

— Estou.

— Clay chegou agora. Ele trouxe um cheque bem gorducho de presente. Ele finalmente decidiu o que queria fazer com o dinheiro que roubou do irmão dele — contou, rindo.

— Não esperava menos dele.

Cat se afastou e me olhou ranzinza.

— Ele é um cara legal, Speedy.

— Tá legal. Essa é uma conversa que eu não quero ter hoje. Podemos só dançar?

Cat deu de ombros.

— Você está certa. Vamos comemorar o fato de você ter sido chantageada pelo seu marido!

Reprimi meu riso.

— Você está tão engraçadinha.

— Efeito do álcool.

— Falando nisso, será que eu já posso beber?

Dylan apareceu ao nosso lado com duas taças de vinho nas mãos e sorri ainda mais apaixonada. Ele sempre aparecia na hora certa com uma bebida deliciosa em mãos.

— Seu desejo é uma ordem, coração.

Cat colocou o dedo na boca como se fosse vomitar e bebi o vinho sem me preocupar com ela.

— Tô com desejos de outras coisas — disse ao empurrar a taça para Cat e aproximei meu corpo do dele, descendo minhas mãos por suas costas até sua bunda e a agarrei com vontade. Dylan beijou minha bochecha, rindo, e passou os braços por minha cintura — Você lembra que me prometeu sexo anal, não é?

— O quê? — Cat perguntou quase gritando com os olhos brilhantes de animação e Dylan gemeu.

— Droga!

— É — confirmei — Dylan disse que eu posso comer o cu dele. Não é legal?

O grito de Cat provavelmente foi mais alto que a música que tocava e gargalhei ainda mais quando Dylan escondeu o rosto com meu cabelo.

Ele já sabia que eu contaria a ela. Cat era minha amiga, eu gostava de compartilhar as coisas com ela, e era totalmente recíproco. E eu gostava de deixá-lo envergonhado. Não eram muitas coisas que deixavam Dylan Black com as bochechas vermelhas. Eu tinha que aproveitar cada oportunidade que surgia.

Cat gritou mais e deu pulinhos.

— Espera — parou de pular e colou seu corpo ao nosso — Tem lubrificante suficiente? Porque eu tenho um novo que vocês vão adorar. Posso buscar se...

— Nós temos. Valeu! — Dy respondeu imediatamente, ansioso para fazê-la se calar.

— Mas esse lubrificante que eu tenho é realmente muito...

Dylan tirou meu cabelo de seu rosto e encarou Cat com raiva.

— O cu é meu, Cat. Eu não deixaria nada entrar nele sem estar bastante lubrificado. Não precisamos de mais nenhum. Valeu!

Cat estava se segurando para não rir.

— Por experiência própria, é bom que tenha bons lubrificantes. E, Dylan, você já fez a chuca? Você vai comer ele hoje? Chuca é importante. Você não quer se cagar todo, cara. Vai por mim.

Dylan encarou Cat com os olhos estreitos e depois segurou meu rosto com as duas mãos, olhando-me sem nenhuma animação.

— Tira ela daqui antes que eu a mate.

— Mas ela está certa. Você fez, não fez?

Dylan respirou fundo e se afastou de nós sem dizer uma palavra.

Cat mexeu as sobrancelhas e gargalhou.

— Meu Deus! Eu não sabia que ele gostava de ser fodido.

— É segredo, Cat. Dylan não tem vergonha disso, mas não quer que nossa vida sexual seja da conta de ninguém — deixei bem claro, mas era com Cat que eu estava falando e era óbvio que ela contaria para quase todo mundo naquele restaurante.

Ela sorriu fingindo inocência.

— Pode deixar comigo. Levarei isso para o túmulo. E falando em homens seguros de si e que se entregam inteiramente aos seus fetiches ou qualquer coisa assim, Clay me chamou para viajar com ele — mexeu os ombros como se estivesse se livrando da poeira e terminou de beber o vinho.

Tive que piscar repetidamente meus olhos até ela se tocar de que eu não falaria nada.

— Não vai dizer nada?

— O que eu deveria dizer? Que é uma péssima ideia se aproximar demais de Clayton Byres? Bem, é uma péssima ideia, mas você não vai me escutar.

— É melhor estar com Clay do que correr atrás de um garoto que não está nem ligando para mim — disse com os olhos fixos em um ponto atrás de mim.

Virei o rosto para olhar e vi Thomas dançando com Rosie, abraçados demais para o bem estar emocional de Cat.

— Mesmo assim, Clay é uma péssima opção — disse ao voltar minha atenção para ela.

Cat revirou os olhos.

— Diz a mulher casada.

— Catarina, você conhece o Clay. Se acha uma boa ideia viajar com ele e se aproximar dele até ter seu coração despedaçado, vá em frente.

Cat ainda olhava para Thomas e Rosie quando sorriu de lado sem animação alguma e negou.

— É exatamente por isso que é seguro ficar perto de Clay, Daphne. Ele não pode quebrar ainda mais meu coração. Thomas acaba de fazer isso de forma esplendorosa — anunciou com a voz amarga e saiu sem esperar por uma resposta.

Olhei para trás para saber do que ela estava falando e quase gemi de puro desgosto.

Thomas não estava apenas beijando sua namorada sem graça e cheia de opinião sobre Catarina, estava a agarrando como se não quisesse soltar nunca. Era ridículo de ver.

Desviei os olhos do casal e os parei em Dylan, do outro lado do salão, conversando com três caras e duas garotas loiras. Ele não estava animado, mas não parecia chateado. Ouvia o que eles falavam com paciência.

Senti mãos masculinas tocarem minha cintura e Damon apareceu na minha frente, juntando nossos corpos como se fôssemos dançar uma música lenta e não a animada que tocava. Passei os braços por sua nuca, desconfiada.

— O que você quer, lobo em pele de cordeiro?

Damon soltou uma risada e nos balançamos ao som de uma música irreal.

— Conversar com o novo membro da família mais odiada de Chicago. E, claro, gostaria de saber quais são seus planos.

— Meus planos pra quê exatamente?

— Para Allan — suspirou, e sorriu ainda mais — Dylan se mete em cada coisa. Ele vai precisar de ajuda para lidar com aquele verme. Você sabe que o cara não é dos melhores.

— É tão irônico você dizer isso.

— Tô falando sério.

— Eu também! Você e Jasmine são sociopatas. Loucos de verdade. Devem ser piores que o Allan.

Damon não se deixou abalar.

— Somos, mas somos Black. Allan não. E ele está declarando guerra contra quem ele não deveria. Dylan...

— É mais do que capaz de lidar com Allan. Pare de se meter.

Damon me afastou para me rodar e me puxou de volta para seu corpo.

— Vi Draco conversando com Elio e Ramona. Não pareciam estar comentando sobre sua festa chique.

— Nem todo mundo está conspirando contra os Black, Damon. Para de ser paranóico.

— Espero mesmo que seja apenas paranóia minha, ruiva — murmurou e se afastou de mim.

Cruzei os braços e o encarei enquanto se afastava. Damon era a segunda pessoa a insinuar que mais pessoas estavam se juntando para destronar Dylan, e aquilo estava começando a me preocupar. Odiava lidar com tudo aquilo como se estivéssemos no século passado, mas era difícil quando todos tratavam os Black como se fossem a família Real, e declaravam guerras contra eles.

* * *     * * *
Louella

Apesar do casamento ter sido lindo e da festar estar ainda mais animada, me afastei e caminhei sozinha pela praia. Haviam pensamentos demais rondando minha mente. Conflitos internos poderosos demais. Eu estava em guerra comigo mesma desde o ataque, desde que sujei minhas mãos de sangue pela primeira vez, e apesar do Doutor Hart insistir dizendo que eu precisava conversar com minha família, que eram experientes naquele assunto, eu não conseguia.

Como eu chegaria para falar de meus problemas com Marcus? Marcus, meu doce irmão que já havia sofrido tanto. Ou com Jasmine, que era a coragem em pessoa? Jonathan? Ele havia livrado o mundo de uma pessoa cruel, seu próprio irmão, e estava lidando com problemas com sua filha, Nina. E Nina? Bem, ela passou anos presa e foi estuprada pelo próprio tio, antes pai, o que a levou até Bonnie. Eu não tinha nenhum direito de desabafar com eles quando seus problemas eram tão grandes quanto os meus. Era ridículo.

Para confirmar o que eu pensava, encontrei Nina sentada na areia perto da água. Ela estava com o rosto erguido para o céu, os olhos fechados, os cabelos longos sendo levados pelo vento. Parecia serena, mas dava para perceber que estava em conflito.

Pensei em voltar para o restaurante e tentar me entrosar com as pessoas, talvez até sorrir um pouco, mas Nina abriu os olhos e virou o rosto para mim.

— Louella? — até a voz dela era de alguém extremamente forte, havia uma onda poderosa em seu tom que me fazia estremecer — Está tudo bem?

Me aproximei mais e concordei.

— Claro. O que está fazendo?

— Apenas pensando. Senta aí.

Sentei ao seu lado devagar. Nina e eu não conversamos muito desde que nos conhecemos e, sinceramente, agradecia um pouco. Já era difícil ter a presença de Jasmine sempre tão alto suficiente. Mas Nina era algo mais.

— Eu vinha aqui quando era menor — Nina disse depois de uns instantes em silêncio — Com uma babá. Shirley. Ela era legal. Me trazia aqui porque esse lugar lhe trazia paz. Nunca senti a paz que ela dizia, mas eu tentava sentir porque era legal, sabe? Ter um momento longe das loucuras da minha infame família — Nina sorriu de lado e se corrigiu: — Da nossa família.

Encolhi os ombros.

— Deve ter sido difícil uma infância assim.

— A infância de órfãos também não é nada fácil. Sabe, você é mais forte do que pensa. Você sobreviveu sozinha durante tanto tempo, Louella.

Abaixei a cabeça, envergonhada. Nina estava errada. Eu era fraca. Covarde. Sempre me encolhia com medo de tudo e todos, sozinha porque merecia.

Nina se aproximou mais e, inesperadamente, passou o braço por meus ombros.

— Não importa o quanto esteja triste ou cansada, nunca se esqueça de que é uma Black e somos mais do que caos, Louella. Somos sobreviventes.

— Ninguém deveria ter que sobreviver a tantas coisas ruins, Nina — disse e me arrependi imediatamente porque ninguém sabia disso melhor do que ela — Mas você sabe disso. Desculpe. Eu...

— Somos humanos, Lou. Precisamos da dor tanto quanto precisamos da felicidade.

Balancei a cabeça em concordância.

— Você é sábia, Nina.

Nina riu.

— Não mesmo, prima. Sou burra e estúpida quase o tempo todo. Tão autodestrutiva quanto posso ser. Não me orgulho disso, mas é quem eu sou. Marcus disse que você estava com dificuldade em nos aceitar. Nossa família. Se posso dizer algo sobre quem somos é que somos as piores pessoas do mundo — ela sorriu tentando me confortar e encolheu os ombros — E odiamos ficarmos sozinhos. Por isso, ficamos juntos não importa o que aconteça.

— Isso significa que você perdoa o seu pai? — falei, referindo-me a Jonathan.

Nina suspirou.

— Significa que ele é minha família e não posso mudar isso, mas... ele me machucou, Lou. Vai demorar para perdoar. Para seguir em frente.

Peguei sua mão na minha, e comecei a falar mesmo que não soubesse o que exatamente deveria dizer, mas eu sentia que deveria defender Jon. Afinal, ele não fez por mal. Jon errou, mas foi por amor ao seu irmão. Infelizmente.

— Jon nunca quis que nada de ruim acontecesse com você. Eu tenho certeza. Ele está arrependido.

Nina se afastou devagar, suspirando pesadamente, e sorriu amarelo.

— Sammy me avisou sobre isso.

Franzi a testa.

— Sobre o quê?

— Sobre sua paixão por Jonathan.

Ouvir ela dizer isso foi como ser socada dez vezes na barriga.

— O quê? — soltei uma risada nervosa sem saber como agir — Não. Meu Deus! Não! Você... por que disse isso? Eu não... quer dizer, Jon é da família. Eu gosto dele. Claro, mas como alguém da família. Ele é...

— Um homem atraente que mexe com você de formas pecaminosas. O que assusta você mais do que o lado assassino da nossa família — Nina concluiu sabiamente.

Espera. Respira!

Neguei com a cabeça repetidamente.

— Nina, sinceramente, defender Jon não significa que estou tendo esses sentimentos por ele. Ele é um homem mais velho. Tem filhos! E é da família. É meu primo. Eu nunca, nunca e nunca sentiria nada desse tipo por ele. Eu nem poderia!

Nina revirou os olhos.

— Em minha experiência, sentimos tudo o que podemos e não podemos pelas pessoas que estão proibidas para nós. Considere uma maldição da família. Veja Walter, por exemplo. Apaixonado pela meia irmã — sussurrou — Que tragédia, não acha?

— Ele era um louco — disse, convicta.

— Era, mas antes de ser louco e cruel, ele era exatamente como nós, Lou. Perdido e apaixonado por quem não deveria. Isso nunca vai aliviar nada do que ele fez. Nunca!

Concordei.

— Mas não estou apaixonada pelo seu pai — ri — Isso seria estranho.

Nina deu de ombros.

— Posso pensar em coisas mais estranhas.

— Duvido, mas talvez tenha razão. O mundo é cheio de coisas estranhas.

Nina assentiu e se deitou na areia, fechando os olhos. Ela devia estar cansada. Tudo o que aconteceu nós últimos anos devia tê-la deixado arrasada, e isso só reforçava mais o fato de que meus problemas eram insignificantes comparados aos das demais pessoas.

Demorei, mas cheguei.
Ufa! O capítulo tá longo, mas calma, acho que ele está bom 🖤(. ❛ ᴗ ❛.)

Deixem os comentários gostosos para eu ficar por dentro do que acham. Todos são livres para terem suas opiniões.

Voltarei o mais rápido possível com mais capítulos quentinhos.
Até, Vick

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