Capítulo 78

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Pov Ballie Peak

O coração batia descompassado dentro do peito enquanto observava os prédios altos de Boston aproximarem-se pela janela do carro. As luzes da cidade piscavam como estrelas distantes, mas a minha mente estava mergulhada em um mar de lembranças e arrependimentos... O Derek, o meu Derek, parecia estar em cada sombra, em cada esquina da cidade que se abria diante de mim. Finalmente, o carro parou em frente à residência de estudantes onde nós morávamos. Eu segurei a respiração por um momento, sentindo um nó  formar-se na garganta. Ao sair do carro, cada passo que dava em direção à porta do prédio parecia um desafio. As minhas mãos tremiam enquanto eu ia para o quarto, sentia o meu coração cada vez mais acelerado.

- Val? - chamei assim que entrei no quarto da residência, a minha voz soa fraca e trêmula. Houve um momento de silêncio antes de ouvir a voz familiar responder do outro lado da porta do nosso quarto. 

- Quem é? -  perguntou ela, e pude ouvir a hesitação nas suas palavras.

- Sou eu, a Ballie. - respondi, lutando para manter a voz firme - Posso entrar? - coloco as mãos trémulas na maçaneta da nossa porta.

A porta destrancou-se mas não entrei até ela abrir a mesma, senti-me invadida por uma mistura de nervosismo e esperança. O meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo retumbar nos ouvidos. Então, a porta abriu e lá estava ela, a minha melhor amiga, com os olhos vermelhos e inchados de chorar.

- Ballie? -  murmurou ela, a sua voz embargada pela emoção. Sem uma palavra, atirámo-nos para os braços uma da outra, as lágrimas escorriam livremente pelo rosto de ambas. Era um abraço carregado de sofrimento, arrependimento e uma pitada de esperança. Finalmente, separamo-nos e eu olhei para os olhos da Val, vendo toda a dor e angústia que ela estava a enfrentar, refletida ali. 

- Sinto muito- foi tudo o que consegui dizer, sabendo que as palavras eram insuficientes para expressar toda a magnitude do que sentia.

A Val apenas assentiu, os seus lábios tremiam ligeiramente. Não precisávamos de mais palavras naquele momento. O nosso abraço transformou-se em um gesto de conforto e apoio mútuo, enquanto nos reencontrávamos em meio às turbulências da vida. E, em algum lugar dentro de mim, o Derek continuava a ser uma presença dolorosa, uma ferida que ainda não tinha cicatrizado. Sentamo-nos juntas na sua cama, envoltas em um silêncio carregado de emoções não ditas. As lágrimas continuavam a cair, mas havia uma sensação reconfortante na presença uma da outra. A Val acabou com o silêncio..

 - Ele disse que andava confuso e eu dei um tempo, Ballie. Eu! - ela soluça baixo e dou-lhe a minha mão, suspiro baixo ouvindo a minha amiga - Ele disse que... precisava de saber se íamos seguir para uma casa depois da faculdade, ele disse que queria uma familia e eu ainda estou a estudar Ballie. Eu quero mudar de curso e... e... ele parece não acompanhar essa ideia. Ele diz que é estúpido mudar de gestão para jornalismo mas é algo que eu quero neste momento mas ele não percebe isso e fica sempre a cair em cima e desvia o assunto quando digo que quero mudar de curso... - ela respira fundo e limpa o seu rosto com as suas mãos. Eu estava a tentar acompanhar mas uma parte de mim estava presa ao Derek - O que faço, Ballie? - ela suspira e não consigo responder pois essa pergunta também ecoava na minha mente.

- Damos o tempo que precisamos. - digo no plural e ela percebe ao que me referia também, pois fica em silêncio e fecha os seus olhos, apertando a minha mão.

Ao longo da noite, conversámos sobre as nossas esperanças e os nossos sonhos, sobre os desafios que enfrentávamos e as lições que aprendíamos. E, apesar da tristeza que nos envolvia, sabia que havia uma centelha de esperança que brilhava nos nossos corações, uma promessa de que poderíamos superar juntas qualquer obstáculo que a vida nos lançasse. E assim, naquele momento de união e amizade, encontrámos um pouco de conforto no meio da tempestade, sabendo que, não importa o que o futuro reservasse, tínhamos uma à outra para nos apoiar. E mesmo que o Derek já não estivesse fisicamente presente, o seu amor e a sua falta seriam sempre uma parte indelével das nossas vidas.

Dallie - o reencontro (PT-PT) (2°)Where stories live. Discover now