Pov Derek Halles
- Shane? - perguntei assim que cheguei ao último degrau. Ele estava lá, com a sua mala no chão, e algo no seu olhar deixou-me tenso. Aproximei-me rapidamente, confuso com a sua presença inesperada.
- Preciso de ti. - A sua voz soava embargada, e vi lágrimas prestes a escaparem dos seus olhos. Sem hesitar, envolvi-o num abraço, sentindo a sua tensão dissolver-se por um momento antes de ele se afastar. Os seus olhos encontraram os de Ballie quando ela se juntou a nós, e um sorriso trémulo apareceu no seu rosto.
- Shane? - Ela aproximou-se, abraçando-o. A sua expressão transformou-se em confusão quando não encontrou a Val ali. Depois de respirar fundo por alguns segundos, ela soltou a bomba - Tenho que ir para os Estados Unidos. - O choque atingiu-me como um raio. O Shane olhou para o chão, e a confusão só aumentou.
- Eu e a Val... decidimos dar um tempo. As coisas não estavam a funcionar, eu precisava de espaço. Conhecer novas pessoas, novas culturas. Foi uma decisão difícil, mas necessária. - As palavras do Shane ecoaram baixo, mas o peso delas atingiu-me como uma avalanche.
- Mas... como assim? Eu não entendo. - A minha voz vacilou, refletindo a minha crescente confusão.
- Eu explico-te depois. Agora, só preciso de dormir... - Ele desviou o olhar, e eu concordei, respeitando o seu desejo por espaço. Subimos as escadas juntos, mas cada degrau parecia pesar toneladas. Ao chegar ao quarto de hóspedes, abri a porta para ele e vi-o desaparecer lá dentro, fechando-a atrás de si. Voltei para o meu quarto, onde Ballie estava a arrumar rapidamente a sua mala.
- Estás mesmo a ir embora? E nós? - A minha voz saiu desesperada, à busca de respostas que pareciam esquivar-se.
- Tenho de ir, Derek. - Ela engoliu em seco, os seus movimentos rápidos e frenéticos deixavam-me doido.
- E nós, Ballie? - Os meus olhos imploravam por uma resposta que ela parecia relutante em dar.
- Não sei o que somos, Derek. Só sei que não somos apenas amigos. - As suas palavras cortaram-me como uma lâmina afiada, deixando-me desnorteado.
- Fica comigo, Ballie. - A minha voz saiu baixa, suplicante, mas ela parecia resignada.
- A Val precisa de mim, o Shane precisa de ti. Eles têm algo que não pode acabar. - A sua voz era firme, mas o seu rosto mostrava uma dor que não conseguia ignorar.
- E nós? O nosso vínculo também vai acabar? - As palavras escaparam dos meus lábios, carregadas de angústia e incerteza.
- Acabou quando partiste para o Canadá, Derek. - A dor na sua voz era palpável, atingindo-me como um soco no estômago.
- Pensei que tínhamos superado isso, Ballie. Para mim, nós tínhamos. E para ti? - A minha voz tremia, o meu coração apertado no peito enquanto tentava entender onde erramos.
Ela colocou a mão no meu braço por um instante, deixando um beijo suave no meu peito antes de sair do quarto com a sua mala. Fiquei ali, paralisado, enquanto a porta se fechava atrás dela.
Minutos depois, saí do quarto, mas era tarde demais. O carro já estava a afastar-se, levando a Ballie embora. Os meus pais e as minhas irmãs acenavam da janela, mas os meus olhos estavam fixos no carro a desaparecer na curva da rua. A realização atingiu-me como um golpe, ela foi, e não há nada que eu possa fazer para trazê-la de volta. Voltei para o meu quarto e fechei a porta com força, deixando os meus sentimentos tomarem conta de mim. Derrubei tudo o que tinha na secretária ao chão e dei alguns socos na parede, até sentir a dor física na minha mão. Sentei-me no chão e respirei fundo por alguns minutos, tentando conter a avalanche de emoções que me inundava. Passei as mãos pelo cabelo e puxei-o com força, tentando aliviar a dor que consumia cada fibra do meu ser. Olhei para os objetos derrubados no chão e peguei na pulseira da Ballie, que estava ao meu lado. Apertei-a com força e senti a angústia a envolver-me como uma névoa densa. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e eu encostei-me à parede, sentindo a dor da perda, mais uma vez. A porta do meu quarto abriu-se e o Shane entrou, em silêncio. Ele sentou-se ao meu lado e começou a chorar também. Éramos dois adultos, mas naquele momento éramos como duas crianças perdidas, lembrando-me dos tempos em que as nossas mães puniam-nos pelos nossos erros, deixando-nos de castigo sem o nosso gelado preferido ou o brinquedo que tanto amávamos.
- Deu merda. - ele disse baixo, a sua voz estava embargada pela dor.
- Muita merda. - respondi, a minha voz estava igualmente carregada de tristeza. Em meio às lágrimas e à dor, ao menos tínhamos um ao outro para compartilhar o peso da nossa desilusão.
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Dallie - o reencontro (PT-PT) (2°)
RomanceDa mesma saga de "Thezza"... Derek Halles aparenta ter uma vida fácil, mas as aparências iludem. No seu interior, esconde um coração generoso que reluta em mostrar, mesmo perante os desafios que a vida lhe apresenta. Ele esforça-se para animar os am...