Capítulo 119

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Eu não esperava despertar em plena madrugada com a choradeira de Júlia, me arrasto com muita dificuldade para o seu lado da cama e tento acordá-la

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Eu não esperava despertar em plena madrugada com a choradeira de Júlia, me arrasto com muita dificuldade para o seu lado da cama e tento acordá-la.

Depois de algumas tentativas acaba dando certo.

“Me desculpe!” Funga ao se sentar, fico esperando que ela se acalme, vislumbrando seu rosto marcado pelo sonho ruim.

Apenas uma luminária do quarto foi ligada, acaricio seus cabelos, me sinto tão comovida pelo seu pranto, ela parece ser sozinha no mundo, tadinha!

“De tempos em tempos sonho com ela.” Me confidencia baixinho.

“Ela? Quem é ela? Você nunca me falou sobre isso.” Fico confusa, talvez tenha perdido alguém muito querido, sua mãe ou uma irmã...

Júlia suspira fundo, me olhando amargamente enquanto busca forças para encontrar a fala de novo.

“Minha filha. Após eu ter dado à luz ela sofreu três paradas cardíacas e me deixou. O pior foi terem me impedido de vê-la, me foi negado o luto, é estranho sabe, as vezes sinto como se ela não tivesse me deixado para sempre.” Mais lágrimas, e eu começo me sentir péssima por compreender sua dor, só de imaginar uma coisas dessas com meus bebês... não dá, impossível seguir a vida assim.

Não tenho palavras para expressar minhas sinceras  condolências, sei que nada do que eu disser diminuirá a dor no seu peito.

Então resolvo abraçá-la, meio que dificultosa a tarefa, mesmo assim tento.

“Obrigada por ser tão boa comigo, eu imaginava encontrar mais uma patroa, e não um ombro amigo.” Sussurra pertinho da minha nuca, eu estou começando gostar da Júlia de uma forma que não sei explicar, sua fragilidade me lembra muito à minha, talvez por eu saber como é se sentir esmiuçada em algum momento na vida e pela minha dor não chegar nem perto da dela.

“Eu gosto de você, como uma irmã mais velha.” Ela ri, e eu percebo que já estou sem sono, os gêmeos surpreendentemente quietos, achei que não dispensariam a ausência do pai para ficarem dando seu showzinho em plena madrugada.

“Você é uma garota linda por dentro e por fora, apesar da pouca idade tenho certeza que será uma boa mãe.” Seus dedos acariciam meus cabelos.

Me sinto alegre pelo seu gesto afetuoso, lhe dou outro abraço e proponho que a gente procure algo na tv.

Apesar da televisão passar um bom tempo ligada, gastamos todo tempo conversando, Júlia estava tão vulnerável que me contou um pouco da sua infância turbulenta, que cresceu no lixão do município e o mais surpreendente foi saber que era na mesma cidade que nasci.

“Nossa que coincidência.” Comento, ainda estupefata por saber que ela também é de Águas Claras.

“Eu estou precisando muito ir até lá procurar por um amigo.” Me fala meio impaciente, tirando alguns fios loiros que grudaram na sua testa.

Hidden [COMPLETO]Where stories live. Discover now