Capítulo 23

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“Nunca vi você tão pálida.” Camila ajusta minha peruca melhor na cabeça, enquanto eu sinto um frio de pânico chicotear meu estômago. “Até que o loiro dourado caiu bem em você.” Bate palmas satisfeita pela sua obra de arte.

Estamos dentro do carro, já no estacionamento da famosa boate, a fachada é luminosa e bem colorida, porém o rosa dominante. Localizada numa rua sem saída e que estaria deserta se não contasse com a pilha de carros estacionados, todos bem luxuosos vale ressaltar.

“Você também não ficou nada mal, a cor vermelha destacou seus olhos claros.” Camilla se transformou em uma atraente ruiva e eu... numa loira de farmácia, já que tenho os olhos mais pretos do que carvão, mas até que o dourado dos cabelos fez jus ao meu tom de pele — que quase chega perto de bronzeada, agora sem uma ajudinha extra do sol eu ando mais branca do que de costume.

“Pronta para estrear as identidades falsas?” Um sorriso diabólico.

Assinto me fitando novamente no espelho, além de mudar a coloração dos cabelos, ganhei cachos definidos de tirar o fôlego.

“Seu nome será Josephine e o meu Kimberly.” Me entrega o documento e o fato da foto não ter nada a ver comigo me amedronta.

“Eles nem vão olhar a foto, é só para garantir que apenas mocinhas com idade inferior a dezoito não passe pela fita.” Explica enquanto coloca seu salto.

“Mas você já tem dezoito.” Falo confusa.

“E eu só doida de entrar numa boate com meu verdadeiro nome?” Revira os olhos me fazendo se sentir idiota.

Parece que vou ter um colapso de pânico.

“Estou louca para estrear minha calça e amaciar esses saltos.” Digo, meu lado vaidoso parece refrear um pouquinho o medo.

“Então vamos lá, infelizmente só vamos poder ficar um pouquinho e perder o melhor que começa depois da meia noite.” Suspira um pouco decepcionada. “Mas eu não ligo, já vi um mesmo pessoalmente.” Olhando Camila assim, tão desinibida me faz questionar se ela é a mesma pessoa que conheci uns dias atrás.

Faço de conta que não entendi ao que ela se referiu, e eu também, já vi um... e não me interessa olhar o de mais ninguém.

Fico erubescida com algumas lembranças...

Desço do carro disposta a entrar na boate e me divertir um pouco, talvez depois eu conte para o Hero, espero que não se sinta enciumado, mas bem que no fundo iria ser interessante provocá-lo.

“Vamos tirar uma selfie.” Ela me puxa enquanto eu mostro a língua pra câmera. Nós duas caímos na risada ao ficar olhando a foto.

Vozes femininas despertam nossa atenção.

“Vai ser bom entrar como convidada e poder beber à beça.” Uma loira toda produzida comenta para sua amiga, que também é loira, as duas estão de mãos dadas.

“Você acha que ele vem hoje?” Ela para no meio da rua enquanto as duas ficam se encarando. “Ele anda meio estranho e sumiu desde aquela última noite e nem visualiza os nudes que mando.”

“Eu não sei.” A loira baixinha reponde, e por algum motivo sua estatura miúda me faz lembrar dela de algum lugar. “Eu só quero saber de beber e deixar a vida de strip-tease por uma noite.” Dá um puxão na sua amiga e as duas voltam caminhar.

É então que minha ficha cai, são as duas loiras que... ficaram com o Hero ao mesmo tempo, e a profissão delas talvez agora explique muita coisa.

Meu cérebro fervilha com a possibilidade delas estarem esperando por ele, o que é ridículo, com certeza estão se referindo a uma outra pessoa.

Será mesmo?

Hidden [COMPLETO]Where stories live. Discover now