Capítulo 32

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“Eu sabia que você estava aprontando alguma.” Esbraveja na sala, o barulho do seu grito parece fazer meu mundo despencar, me prensando contra o chão. “Como vai ficar minha imagem? Como vou contar isso pro seu pai?” Ela permanece se fazendo perguntas, e como sempre o mundo gira em torno de si própria.

Estou encolhida no chão, sem acreditar, por que isso está acontecendo comigo?

“Que diabos vocês faziam tanto dentro daquele carro?” Levanta minha cabeça pelos cabelos, me forçando encará-la.

Continuo chorando e sem conseguir falar.

“Responde sua puta!” Repuxa meus cabelos violentamente.

“Por favor para!” Suplico. “O papai fez você prometer que não me bateria mais.” Respondo em meio as lágrimas.

“Aquele ali é outro banana, viveu passando a mão na sua cabeça, espera só quando eu contar sobre seus encontros às escondidas, dentro do carro daquele rockeiro endemoniado.” Ela me solta e anda em círculos pela sala. “Eu só não vou te levar amanhã mesmo no ginecologista, porque prefiro ficar na dúvida e acreditar que, não tenha sido tão imbecil ao ponto de abrir as pernas pra ele.” Seu olhar maçante é ameaçador e o medo dela descobrir que não sou mais virgem é meu pior pesadelo.

“Eu vou tentar resolver isso, seu pai é tão das antigas que se ao menos desconfiar...” ela para se agachando ao meu lado. “Vai querer obrigá-lo a casar contigo.” Me olha com tanto ódio que desvio o rosto.

“Eu vou deixar passar essa.” Suspira, aparentemente pensando em algo, ou uma saída. “Mas você ficará sem celular, e vou te deixar e buscar na parada de ônibus todos os dias, pelo menos até eu tentar te transferir para o turno da tarde.” Sinto o peso das suas palavras corroerem minhas esperanças, afastando o sonho de ter um namoro com Hero bem pra longe.

A vida é tão injusta! E eu sou tão covarde e medrosa, minha mãe me moldou assim.

“E se você bancar a esperta...” Ameaça, começando andar até a dispensa debaixo da escada.

Ela retorna com um cinto antigo do meu pai, desgastado pelo uso.

Vou te lapear dentro da sala de aula, na frente de todo mundo.” Sacode o cinto perto do meu rosto. “E nem adianta seu heroízinho tentar te ajudar, basta eu coagi-lo sobre casamento...” uma risada cruel, “que você verá ele desaparecer rapidinho.”

“A senhora não teria coragem.” Contesto ao me levantar e grito de dor quando ela açoita meu braço com força.

“Não tente me provocar, ou vai levar uma surra daquelas, você sabe que eu falo sério, ou já esqueceu da última que levou?” A cena dela me surrando com o cinto alguns anos atrás me provoca ódio, mas eu era uma criança e me lembro perfeitamente quando meu pai apareceu e acabou com o atitude impulsiva e violenta dela.

Desde esse dia meu pai a fez prometer não usar agressão na minha educação, ele sempre foi totalmente contra. Prefere me punir com castigos e conversas longas.

Agora nem posso contar com ele.

Foi a pior surra que levei, por um motivo tão banal, que o tempo fez questão de apagar da minha memória.

“A escolha é sua Eva!” Cruza os braços na minha frente, quase saltando fumaça pelo nariz de tanta raiva.

Eu o amo.” Respondo chorando. “Me deixa namorar com ele, a gente não fez nada.”  Minto, no desespero dela amolecer ou reconsiderar.

“Como é iludida.” Uma risada maldosa. “Nunca.” Berra alto, o suficiente para doer meus ouvidos.

“Para o seu quarto agora.” Começo caminhar quando ela me detém. “O celular.” Estica a mão na minha frente, eu o retiro do sutiã e entrego sem alternativa.

Hidden [COMPLETO]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ