Hidden [COMPLETO]

Capítulo 6

Camila ficou de boca aberta quando lhe contei que iria me encontrar com um garoto, ela me cercou com suas milhares de perguntas e me fez detalhar a aparência de Hero, eu fiz o melhor que pude ao descrevê-lo fisicamente e ocultei as tatuagens e piercings. Ainda me lembro da carranca que ela fez ao pronunciar a palavra punk, e de como era inapropriada em seus lábios naquela noite na orla.

Estou dentro de uma pequena loja de conveniência, não quis arriscar e mandar a localização da casa de Camila e por sorte ela mora no centro e perto de tudo, precisei andar pouco até chegar aqui.

Estou usando um vestido branco de cetim, ele é justo dos ombros até a cintura e rodado dos quadris pra baixo, uma faixa longa está enrolada na minha sinulheta e com o laço na parte das costas. A vantagem de usá-lo é que o tecido é macio e elástico e também não tem mangas, apenas um pequeno pedaço de tecido cobre meus ombros numa linha horizontal que acompanha o contorno do vestido em mim, deixando boa parte do meu colo à mostra e o comprimento também é razoável, na metade das coxas.

Meus cabelos estão impecavelmente lisos e soltos por cima dos ombros, o cheiro é do meu shampoo preferido com essência de baunilha.

Ainda não escureceu, mas uma tarde nebulosa se insinua lá fora e me faz deduzir que sempre um dia precisa terminar para iniciar outro, não importa o quão bom ele seja, ou o quanto você queira que ele se eternize.

Estou segurando uma latinha de refrigerante impaciente, não quero parecer medrosa, mas estou começando me arrepender de ter aceitado o convite de Hero, a raiva que estava me consumindo pela minha mãe hoje mais cedo já está se dissipando e me fazendo pensar que estou perdendo o juízo.

Pego meu troco no caixa e me viro dando de cara com Hero. Ele está com um sorriso convencido na cara e perto da porta, caminho até ele.

“Oi Eva!” Me puxa pela cintura para mais perto do seu corpo, fui pega totalmente desprevenida.

Tento esconder o que essa proximidade causou em mim.

“Oi Hero!” Sorrio e como sempre nervosa. “Tenho que estar em casa antes das nove.” Já aviso com medo das consequências e de ter que lidar com mais um sermão de minha mãe.

Sua mão continua na minha cintura e eu estou... gostando.

“Tempo suficiente pra gente bebê.” Ele diz soando malícia. “Quero te mostrar algo e tenho certeza que você vai adorar.” Ele usa as duas mãos para tocar nos meus cabelos, uma de cada lado do meu rosto, segura nas mechas cuidadosamente deixando-as cair na parte de trás das minhas costas. “Parece uma boneca.” Comenta enquanto avalia meu rosto atentamente. “E você tem os olhos mais pretos que já vi, são bem escuros.”

Eu quero lhe dizer para parar de me encarar assim, mas algo no verde de seus olhos me enfeitiça e faz esquecer de como encontrar a fala.

“Você assim toda vestida de branco...” Ele continua com suas observações. Seu olhar segue para minha boca e de repente eu faço o mesmo e olho para seus lábios carnudos beijáveis.

Estávamos tão próximos um do outro, eu atiçada e atraída por seus músculos tatuados e sorriso sedutor, que quando dei por mim estava com minha mão tateando as asas em seu tronco, desalmadamente sentindo prazer em contornar o desenho com meus dedos petulantes.

O que está acontecendo comigo? Por que eu fico tão atraída pelas tatuagens dele? Estamos na loja de conveniência e todo mundo está olhando pra gente, enquanto eu estou alisando um punk diante dos olhares curiosos.

“Não me olha assim bebê.” Ele sussurra me advertindo. “Eu estou tentando pegar leve com você, juro que estou.” Ele parece mais tentando convencer a si mesmo.