Capítulo 83

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O avisto de longe no canto do ringue, de costas para a plateia, ainda sim foi perceptível notar que usava ambas aos mãos no centro do rosto, talvez tentando limpar o suor

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O avisto de longe no canto do ringue, de costas para a plateia, ainda sim foi perceptível notar que usava ambas aos mãos no centro do rosto, talvez tentando limpar o suor.

“Hero!” Grito seu nome com toda minha força, apesar da carga emocional o balbucio se estabelece numa vocalização firme, e nem mesmo o sufoco na garganta impede minha voz de sair rasgando com tudo e fazê-lo se virar na minha direção.

A brusquidão do seu corpo em atender ao chamado de minha voz me faz se jogar no meio da multidão, recebi alguns xingamentos e para meu alívio Cipriano consegue me espremer entre vários corpos e eu me arremesso com tudo, saltando para cima da plataforma e me apoiando nas cordas.

Meu herói também foi rápido e nos esbarramos ao mesmo tempo, a imagem do seu sorriso vermelho não me sai da cabeça, ele parecia sentir alguma dor em me presentear com isso. Meu coração é nocauteado e ganha o mesmo aspecto da sua face: Ensanguentado e arrebentado.

Agarro-me no seu pescoço com uma necessidade descontrolada, só quero sentir seus lábios nos meus e ter a certeza que tudo acabará bem, o toque de sua língua na minha é promissor, o paladar é distinto por conta do sangue, me lembra ferro... hum, tudo que preciso para despistar de vez a anemia.

Seus lábios me deixam após ouvir o sinal da campainha.

“Vai lá e destrói sem dó quem quase desfigurou o rosto do meu macho.” Imponho com autoridade, deixando ele a par do meu desejo de vê-lo retribuir o estrago que foi feito na sua cara.

Agora vejo-o tomando uma postura diferente, ele não se pôs a cravar os pés no chão como no início da luta, na espera, agora a pressa fala por Hero, que fica saltitando pelo ringue, cercando seu adversário, absorto pela luta e sem desviar os olhos dessa vez.

Um par de braços me arranca da plataforma, quase solto um grito por medo de ser algum comparsa do Ferrão, mas é apenas o Cipriano me dizendo que não é seguro eu ficar ali.

Cipriano é o tipo de cara bombadinho, cabeça raspada e pele bronzeada, não deve ter mais de trinta anos e sua altura é intimidante, um tanto exagerada para alguém dono de um porte físico como o dele, o sorriso é largo e sempre escandaloso.

Fico apreensiva por Hero não esmurrar logo a cara do seu rival e continuar se movendo no padrão que o mesmo estabeleceu, se esquivando dos golpes habilidosamente e recuando sempre que mais um é desferido abaixo da cintura, o que deveria ser previamente proibido, não sei como funciona as regras nesse lance de lutas ilegais e altamente perigosas, do nada a conversa que meu pai teve com Hero me surge na mente, quando ele comentou a respeito de um jovem que morreu numa dessas disputas suicidas.

“Ele está distraindo o Trovão.” Então Trovão é o apelido do oponente de Hero. “Vai tentar um knock out.” Comenta animado e esfregando uma mão na outra.

“É isso aí Hidden! Faz ele cansar, se mantém na defensiva e deixo-o tentar algo mais ousado, que arruinara sua resistência em continuar socando e errando todos.” Cipriano se move conforme a luta, se esquivando e movendo o tronco, é engraçado porque até eu tenho que me desviar.

Hidden [COMPLETO]Where stories live. Discover now