Capítulo 105

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Eu nunca havia presenciado meu filho lutando, eu tinha ciência de que ele era bom, mas não tão bom, bom é pouco na verdade, qualquer um com boa técnica tem poder, porém vejo que vai além da técnica, possuindo outros atributos como velocidade, forç...

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Eu nunca havia presenciado meu filho lutando, eu tinha ciência de que ele era bom, mas não tão bom, bom é pouco na verdade, qualquer um com boa técnica tem poder, porém vejo que vai além da técnica, possuindo outros atributos como velocidade, força, equilíbrio e muitas outras coisas que minha mente não consegue captar, mas além de tudo ele tem paixão pela luta.

Hero não herdou só o temperamento do avô, e sim toda natureza selvagem e primitiva que ele possuía, vejo que é algo dele, está no seu DNA, toda essa merda que arruinou com minha família no passado agora corre pelas veias do meu filho.

Orgulho. Essa seria a palavra para descrever o que o fodido do meu pai sentiria se visse seu neto espancando dois caras duramente.

Ele é o filho que Charles teria sonhado!

É assustador ver meu filho dando ganchos longos e com efeito mortal no segundo homem ensanguentado, com o braço curvado Hero lança o soco em arco lateralmente, nocauteando-o em menos de um minuto.

Ele quis tanto lutar no boxe profissional e eu o impedi, por julgar o esporte muito violento, e mais ainda por não querer que meu filho fosse como ele... como meu pai.

Mas hoje posso compará-los, Hero definitivamente não é o Charles — Chuck, como era conhecido na época. Ele foi por muito tempo campeão na categoria meio-pesado, o lutador que mais defendeu seu cinturão, nada podia derrubá-lo, até que as agressões que minha mãe sofria veio à tona, se tornando um assunto de domínio público e ele foi expulso do UFC, sua queda foi inevitável.

Meu pai sofria de Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ele só conseguia descartar sua compulsão lutando, e tudo que suas mãos tocavam destruíam, geralmente eu e minha mãe éramos as vítimas, tudo piorou quando ele começou cismar com meu jeito, minha fascinação pelo universo feminino... Na sua cabeça eu era gay, e o Chuck não seria pai de uma bichinha.

“O Chuck não vai ser pai de uma bichinha.” Era sua mantra diária.

Eu tinha apenas sete anos, aquilo era confuso na minha cabeça, eu só sabia que amava assistir minha mãe costurando e tinha uma atração irrefreável por saltos, tudo que era feminino me encantava.

Um dia eu estava brincando com minhas primas, deixando de lado as luvas de boxe que tinha ganhado, e costurando alguns retalhos que sempre sobravam da loja de minha mãe, eu transformava tudo em roupinhas para as barbeis delas, foi então que meu pai descobriu e apanhei muito, ao ponto de ficar de cama, nesse dia minha mãe teve coragem de enfrentá-lo e denunciar, adicionando as agressões que ela sofria as vezes por conta de seu temperamento explosivo.

Minha mãe era católica, uma mulher de muita fé e sempre dizia que tudo ia acabar bem, até que eu acabei sozinho nessa merda de vida, e ela sepultada.

Desde o dia do seu enterro eu me considero ateu.

A única certeza que tenho nessa droga de vida é que ela é uma putinha, ingrata e ladrona, rouba seus sonhos e te faz correr atrás de dinheiro por sobrevivência, eu sou um sobrevivente, mas odeio ter herdado a mania compulsiva dele, não por luta, mas pelo mundo da moda, e principalmente pelo padrão de beleza.

Hidden [COMPLETO]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt