Hidden [COMPLETO]

Capítulo 76

“Esse foi o nosso beijo mais longo, quase deu câimbra na minha boca.” Hero dá risada, rastejando sua língua pelo meu pescoço ao mesmo tempo.

“Concordo.” Enrosco minhas pernas nas suas, nos emaranhando ainda mais. “Só preciso me distrair e não surtar, a vida vem me provando constantemente, testando meus limites e eu... só queria gritar.” Seus olhos verdes se voltam para os meus.

“Pois grita! Qual é o problema em expelir a raiva? Se revoltar? Só não acumula coisas dentro desse coraçãozinho, e nem extravaga muito por causa do nosso baby.” Hero me convida para sair da cama.

Desço meio tonta, sou uma frangote, eu queria compelir minha mãe, a irmã Lorena cheia de santidade! Queria gritar na cara dela coisas horríveis, dizer tudo que penso dela. Mas não tenho coragem de enfrentá-la, infelizmente não quero começar uma coisa pro Hero ter que apartar, sei que ela partiria pra cima de mim com tudo, porém uma coisa eu tenho certeza, convicção, aquela mulher nunca mais encosta um dedo em mim. E já a tal Ester...não quero nem ouvir seu nome em pensamento, que garantias tenho que ela amava meu pai? Não sei nada sobre ela, nada além de ter sido uma prostituta que esbanjava beleza no bordel, e fazia meu pai gastar todo dinheiro que tinha para se deitar com ela. Argh!

“Não posso Hero! Confesso que sou molenga, só que prefiro me conter também por causa da gravidez, não tenho estrutura de ferro para chutar o pau da barraca sem me abalar, vou desmoronar junto.” Encosto minha cabeça no seu ombro, aspirando seu cheiro. “Estou muito mal, tá doendo muito, queria poder chorar, talvez aliviasse, mas o baque de descobrir toda essa merda me deixou tão petrificada, que até as lágrimas me deixaram.” Sua mão aperta minha cintura, depois me acomoda melhor contra seu corpo, meu esconderijo preferido.

“Pensa pelo lado positivo, aquela louca não é sua mãe, e você ganhou um irmão que tanto ama.” Sorrio em meio aos trapos que minhas emoções se transformaram. “Sim, amo o Lucas, agora tudo parece fazer sentido, a meiguice dele foi herdada de Eliel, não só isso como a cor dos cabelos, a pele morena, na verdade nós dois somos bem parecidos com nosso pai.” Concluo, estranhamente me sentindo feliz por isso.

“Será que ele já sabe?” Faço a pergunta temerosa, pobre Lucas, fomos vítimas dos nossos pais e suas escolhas.

“Não sei.” Meu namorado responde baixinho.

“Vamos dar uma volta?” Sugiro já desejando fugir dessa casa.

“Claro! E no retorno vamos pegar nossas coisas e voltar para mansão.” Me avisa, acho até bom, talvez lá eu esqueça de tudo isso.

Tomo um banho rápido, coloco uma calça e camiseta preta, aposto nas sapatilhas, talvez a rua não esteja mais encharcada, mas terei que fazer malabarismo para que elas sobrevivam à grama que provavelmente está. Odeio a umidade dessa cidade.

A sala está silenciosa, quando chegamos na varanda avisto Lucas pensativo, encarando a rua nublada.

“Lucas?” Chamo por ele, que me encara com uma expressão decepcionada, meio perdido e talvez magoado.