Hidden [COMPLETO]

Bônus | Ester (última parte)

Pela primeira vez dormi bem, sem chorar e assustadoramente me apegando em fiapos de esperanças, Eliel prometeu me ajudar. Depois da minha choradeira intensiva confinada em seu colo sob seus cuidados, era como se eu tivesse recarregado minhas baterias.

Encarei mais alguns programas, me mantendo focado nos meus objetivos, na minha contagem mental, se eu continuar no mesmo ritmo não passarei mais de dois meses aqui. Tudo que eu precisei foi desligar minha mente durante o sexo nojento, o que venho fazendo desde que cheguei aqui, respirar fundo e me preparar psicologicamente para os próximos que virão.

Que não serão fáceis, a repulsa era  sempre a mesma que eu sentia, não importava o quão gentil alguns tentavam ser, a minha vontade era de que aquilo acabasse logo.

Conforme os dias iam se passando eu ficava ansiosa sempre que a campainha do meu quarto apitava, na esperança de vê-lo, já estava perdendo as esperanças depois de quase quatro dias sem ter notícias dele, mas sempre ele aparecia do nada, geralmente a cada três vezes na semana pagava pelo programa e ficávamos mais tempo juntos, geralmente eu ouvia Eliel falar sobre uma ex, e eu tentava de certa forma entender sua dor, explicando meu ponto de vista, que ela foi quem perdeu um ser humano com o coração como o dele. Fiquei triste por ele desistir de tudo por ela, mas ao mesmo tempo me sinto feliz pela sorte de tê-lo conhecido.

“Você nunca bebe.” Uma das garotas do bordel comenta, se chama Liza, e deve ter quase dezoito anos, ela é bem loira e costuma dormir com mais de um cliente por vez. Ouvi dizer que também pratica outros tipos de sexo.

“Nunca bebi!” Confesso fitando o vestido vermelho ridículo no meu corpo, ele é rendado e me espreme de um jeito que meus seios saltam para frente, diminui também a circunferência abdominal.

“Prova cerveja então.” Me oferece, nego rápido demais, sempre tenho a impressão de que alguém irá me drogar.

Aos poucos o salão de festa começa se encher, estou tão agitada e para baixo ao mesmo tempo que resolvo pegar uma bebida espumante com a Lorena.

Ela começou me olhar estranho desde o dia que Eliel pagou pelo programa, na cabeça dela ficamos juntos todas as vezes que ele paga, não a culpo, todos devem pensar o mesmo.

Sinto tudo girar depois de secar a taça, uma leveza estranha, mas não alterou meus sentidos ao ponto de perder a percepção das coisas, apenas me deixou mais leve e com mais coragem de enfrentar o mundo.

“Olha só quem começou se viciar no puteiro.” Liza mal termina de falar e eu viro-me na direção da entrada, me deparando com ele.

Eliel parece me procurar pelo salão, praticamente voo na direção dele, me jogando contra seus braços com tanta força que assusto nós dois.

“Oi!” Cheira minha cabeleira. “Você está diferente menina.” Ri ao passar suas mãos por cada centímetro dos meus cabelos. “Eu tenho uma surpresinha!”