Capítulo 71

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"Vem aqui

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"Vem aqui." Trago-o para meu colo, ainda pensando numa resposta para sua pergunta suplicante, embaraçosa e que talvez seja decisória, para ambos, nosso envolvimento está constantemente nos fazendo provar do inferno e paraíso.

"Responde amor." Balbucia, tiritando de medo ou frio, o corpo convulsionado pela choradeira intensa, completamente infrene.

"Se acalma Hero, por favor!" Peço já enternecida pelo seu estado culposo, frágil e quebrável.

Como posso assisti-lo desmoronar sem me abalar? Nessa altura minha própria estrutura já despencou um trilhão de vezes, restando apenas pó e entulhos, mas eu vou removê-los de um por um, limpar essa bagunça, impedir que desabem novamente nos meus sentimentos, que nos soterre no sofrimento, inferno.

"Me beija!" Peço movida pelo desespero, procurando um jeito de aplacar as ruínas que estão seus sentimentos, querendo resgatá-lo do fundo do poço, a mim mesma, trazer à tona sua autocomiseração.

Hero se move apressado, erguendo a cabeça e parando rente ao meu rosto, a cara banhada de lágrimas, os olhos assustados e vulneráveis.

Suas mãos apanham meu rosto polidamente, com uma delicadeza que nunca usara antes, me pedindo permissão com os olhos, assinto hipnotizada, arrastada pela maciez do seu olhar.

O primeiro contato dos nossos lábios é esplendidamente prazeroso, úmido, salgado por conta das lágrimas, quente e viciante.

Abro mais a boca, lhe convidando para um beijo de língua, sentindo todo calor e emoção, os soluços ainda perduram, fazendo sintonia com meus gemidos, misturando medos, arrependimentos, amor, excitação, loucura, prazer.

Seguimos com o beijo por uma infinidade de minutos, varrendo tanta coisa pra fora e abraçando outras ao mesmo tempo.

Enquanto nos beijávamos, ele não parava de dizer que eu era a mulher da vida dele, pedia perdão, prometia mais um mundo de coisas e só me fazia sentir que de algum jeito ainda existia remendo para nossos corações, salvação para essa bagunça que chamamos de relacionamento.

"Não esconde nada de mim, você está me distraindo." Murmureja de olhos fechados, ainda com a boca situada à frente da minha.

"Não estou não." Resmungo, tornando roçar meus lábios nos seus, pela superfície, depois solto o ar pela boca. "A resposta é sim e não." Falo por fim.

Sua reação de tresandar era esperada, decido abrir os olhos e o pego checando cada centímetro da minha pele, procurando por índices de algum hematoma, arranhão, qualquer sinal de violência.

Aos poucos a paranoia nos seus olhos dão lugar para alívio, e uma pequena brecha de curiosidade começa cintilar no seu rosto.

"Não entendo." Comenta para si mesmo, sem força de me olhar nos olhos.

"O não é pelo fato de não ter ocorrido agressão física, você não chegou a encostar o dedo em mim, bom, só na minha, hã, dentro de mim, naquele lugar." Fico constrangida rapidamente, seus olhos parecem zangados, com certeza não gostando do que está a ouvir. "E o sim se deve ao seu jeito mandão e obstinado de querer me obrigar abrir as pernas para você, mesmo após eu ter dito não, e ainda assim quase me transformou num purê de batata ao me prensar contra a cama, então eu caracterizo como agressão moral, se bem que no final das contas, ainda prefiro acreditar que não passaria disso, que não teria a crueldade de me violentar fisicamente." Mas talvez iria transar comigo na marra, meu subconsciente acrescenta, eu tento voltar meu ódio para o entorpecente que fez isso com ele, que comandavam suas ações.

Hidden [COMPLETO]Where stories live. Discover now