Capítulo 51

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Meu pai? Faço a pergunta mentalmente para mim mesma, movida pelo baque, sem acreditar no que acabei de ouvir, e o pior, da boca do meu próprio namorado, que por acaso ajunta dinheiro com trabalhos sujos, agredindo pessoas pelos motivos que prefiro nem cogitar.

Agora parece fazer sentido o interesse dele de uns dias atrás, em ficar ouvindo eu tagarelar sobre meu pai, minha cidade natal, e até a insistência em perguntar se ele não tinha rixa com alguém.

Ontem mesmo Hero havia me tratado asquerosamente, se queixando por eu não ter lhe dito antes sobre a relação de Camila com seu antigo chefe, julgo eu que não seja mais, e ele simplesmente deve esperar que eu aceite da melhor forma sua confissão, eu já contava com algum estorvo da parte dele, algo que mudasse nossa relação depois de conhecê-lo melhor, mas ficar sabendo só  agora que alguém contratava os serviços de Hero para espancar meu pai foi uma punhalada.

O corpo do tenente que tentou me matar por vingança nem esfriou ainda, ele queria prestar contas com meu pai também, e ainda descobri que minha avó materna era dona de um puteiro.

Quantos sujeiras ainda faltam serem despejadas na minha cara?

Eu lutava contra o peso da carga que Hero colocara sobre meus ombros, fervilhando minha mente com uma enchente de especulações à cega, sem saber o que procurar e esperar, perdida dentro do meu ser, indagando pela minha família, que até então anda acumulando pó debaixo do tapete, na minha cara, durante todo esse tempo.

“O quanto você sabe sobre meu pai Hero?” Talvez realmente seja uma infeliz coincidência e jogo de azar, finjo não transparecer que meu mundo desmorona, só o fato de me deparar com coisas negativas sobre meu pai me desestabiliza, porém simulo estar calma e pronta para ouvir, dando corda, tentando ser forte para enfrentar, no entanto morrendo de medo.

“Quase nada, eu juro.” Seu rosto geralmente se veste da melhor máscara quando quer, então é difícil encontrar uma rachadura, detectar uma blefada, mas nosso tempo junto me permitiu ler melhor suas expressões fechadas, meu palpite é que ele esteja trabalhando nas próximas palavras, ainda agindo com cautela. “Procura não surtar, nem era pra estarmos tendo esse tipo de conversa aqui, vou dirigir pelo menos até um restaurante e te conto tudo que sei.” Arranca com o carro sem esperar pela minha resposta.

Acho difícil manter alguma coisa no meu estômago, os últimos dias têm sido uma mesclagem de inferno e paraíso, me provando todo tempo, como se testassem meus limites.

Paramos no mesmo lugar de uns dias atrás, no Chalé Bar, uma lanchonete beira de estrada e banhada de árvores, eu ainda era virgem quando pisei meus pés aqui, um temporal despencava na mata e a gente se refugiava mais à frente, pegando fogo enquanto a maioria lidava com as temperaturas baixas, tentamos romper meu hímen depois de minha insistência, não deu muito certo, doeu bastante, tanto que acabei topando ingerir álcool, é incrível como minha percepção sobre a dor se aguçou, não fazia ideia que algumas apesar de dolorosas provocam prazer, muito prazer.

“Já quer de novo?” Provoca sutilmente, imitando meu gesto de apertar a coxa, mas despejando o ato na outra perna.

Apenas rio sem graça, tenho certeza que as lembranças também desfilam na sua cabeça.

“Eu te amo bebê!” Cochicha baixinho, acariciando meus cabelos.

“Ainda estou brava com você, andou escondendo coisa de mim, relacionado à minha família.” Fecho a cara, tentando soar zangada, falhando como imaginava.

“Foi o mais certo, quanto menos soubesse mais eu poderia te proteger.” Se defende, invadindo ainda mais meu espaço, me dando ciência da sua beleza, dos seus músculos, do corpo impecável e do quanto ele se encaixa perfeito no meu.

Hidden [COMPLETO]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora