Capítulo 18

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Meus olhos vasculham o interior da cafeteria com a sensação de ter sido atingida por uma nevasca, no meu estômago a onda de frio cresce na medida que procuro por ele.

Não foi difícil avistar um pequeno grupo de garotos tatuados no fundo conversando entre eles e para minha infelicidade — garotas também, acho que umas cinco no total e uma delas é ninguém mais, ninguém menos que a Malu.

Seus cabelos vermelhos estão espalhados nas costas e entre ela estão sentadas duas garotas, Hero parece isolado do restante deles e sua cabeça está descansada na parede de vidro enquanto encara o tempo lá fora aparentemente concentrado e com seus fones de ouvido.

Me preparo para responder sua mensagem quando nossos chocolates chegam.

“Eva Lins?” A garçonete pergunta olhando para Camila que maneja o queixo na minha direção.

“Mandaram te entregar.” Estica o braço sorridente e eu tento disfarçar o sorriso ridículo na cara ao receber o bilhete.

“Quem mandou?” Camila fica na ponta da cadeira com uma súbita curiosidade e depois olha em volta da cafeteria.

Procuro por Hero novamente mas seu lugar está vazio.

Dou uma golada no meu chocolate quente antes que meu corpo sofra uma hipotermia.

Abro o bilhete ignorando a pergunta de Camila e sua indiscrição ao continuar em cima de mim.

Fico com a mente aturdida depois de ler o que estava escrito no bilhete.

Seguro o choro enquanto Camila arranca o papel das minhas mãos e entrega para Lucas que fica sem entender absolutamente nada.

“Deve ser alguma brincadeira de mau gosto.” Fala aflito olhando para Camila, mas ela toma o papel de sua mão e dispara na direção restrita do estabelecimento, provavelmente indo atrás da garçonete.

“Não chora Evinha!” Me assusto com o som dos meus próprios soluços e sentindo minha garganta fechada, como se algo estivesse obstruindo a passagem do ar.

Lucas já está ao meu lado parado e com suas mãos nas minhas costas.

Ergo o olhar e vejo Camila voltando acompanhada da garçonete, elas ainda estão no corredor.

Levanto num supetão alarmada e na esperança de confirmarem que tudo não passou de uma brincadeira bizarra.

Enquanto caminho arrasto Lucas junto comigo — contra minha vontade, por ele simplesmente não ter soltado minha mão no momento em que eu disparava na velocidade de uma bala, ele permanecia na minha cola provavelmente querendo saber tanto quanto eu sobre a autoria do recado escrito no papel.

É então que tudo acontece muito rápido.

A mão de Lucas deixa a minha abruptamente, me fazendo cambalear sem equilíbrio pelo baque que o movimento forçado causou. Com o pânico estampado na sua face, o vejo sendo arrastado para longe de mim, Hero o agarrou violentamente pelo colarinho fazendo com que o pobre do Lucas vá parar na parede atordoado por conta do empurrão que recebeu, suas costas se chocam contra a mesma e num piscar de olhos o antebraço de Hero pressiona a garganta do meu amigo — com uma fúria atemorizante.

“Quem você pensa que é para fazê-la chorar?” Hero grita possesso e tenho certeza que irá machucá-lo ainda mais se eu não intervir.

Ele entendeu tudo errado!

A cafeteria se transforma em uma algazarra só.

“Hero por favor não machuca meu amigo.” Grito implorando enquanto me penduro nas suas costas como a única tentativa de chamar sua atenção.

Hidden [COMPLETO]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt