Capítulo 8

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Quando cheguei em casa estava faminta, mesmo depois de ter comido muito e excedido na quantidade de refrigerante, ainda no iate de Hero.

Estou na cozinha lavando os pratos depois de ter jantado. Meu pai entra assoviando tranquilamente, hoje é o dia da folga dele e seu humor é sempre assim alegre, não importa o quão difícil as coisas fiquem na nossa família.

"Ainda tem café Eva?" Pergunta se sentando na cadeira.

Seco minhas mãos no pano de prato e vou pegar a garrafa de café pra servi-lo.

"Tem sim pai." Respondo já colocando a xícara na mesa e procurando seu adoçante.

"Como foi na casa da Camila?" Fico apreensiva com sua pergunta e com medo dele saber de alguma coisa.

"Foi bom." Sorrio nervosa e voltando para a pia. "A mãe dela faz bolos deliciosos." Continuo falando naturalmente e esperando algum índice de que ele está me investigando, o que é tolice minha, geralmente papai não vasculha um assunto querendo flagrar você na mentira, já minha mãe é matreira no assunto.

"Eu gosto dela, tem uma família de boa reputação." Ele comenta vagamente, me fazendo soltar o ar naturalmente e aliviada.

"E aquele seu amigo?" Tento mudar de assunto com medo de ter que entrar nos detalhes e acabar tendo que dizer o horário que saí de lá.

"Qual?" Ele parece confuso e pelo tom da voz surpreso com minha pergunta.

Viro-me para encará-lo também confusa.

"Aquele policial que estava com você na frente do Ruase Café. Suponho que sejam no mínimo bons colegas de trabalho." Recordo-o tentando imaginar se a correria do trabalho lhe apagou esse detalhe.

"Foi essa a impressão que você teve?" Ele pergunta com uma carranca e aprofundando as rugas em sua testa. "O tenente Rocha não me suporta, ele até tentou mudar de turno para não ficarmos juntos. E nem faz questão de esconder isso, as coisas só pioraram desde que o nosso comodante me colocou para monitorar os guardas no meu turno." Ele esclarece dando de ombros. "E ele nem é concursado, apenas contratado depois de ter sido afastado da polícia militar de Águas Claras."

"Ele foi policial na cidade que a gente morava? Estranho ele não gostar de você." Questiono-me ao mesmo tempo que me dou conta que ele deve ser alguém problemático e infeliz no que faz, como milhares de pessoas são.

"Era o esperado Eva, ele é ateu." Meu pai revela me deixando surpresa e trazendo a lembrança de Hero enquanto me contara o mesmo sobre seu pai.

Enrubesço com a memória dele entre minhas pernas e volto a encarar a pia deixando meu pai tagarelar sozinho, contando um pouco sobre seu trabalho, enquanto eu finjo prestar atenção e penso no susto que levei no banheiro ao notar as manchas arroxeadas em minhas coxas, os dedos dele quase ficaram desenhados na minha pele, quando ele me segurava firme e....

A pior parte foi no pescoço, apesar de não ter ficado com o mesmo aspecto, vários arranhões estão visíveis e algumas manchas roxas que seus beijos com sucção deixaram.

Estou usando uma camiseta com gola alta, antes de dormir vou pesquisar na internet se existe algum truque para tirar... chupão, ou vou passar um bom tempo cobrindo todo meu tronco.

(...)

Agora pela manhã praticamente tive que rastejar da cama até o banheiro, eu estava tão desanimada ao levantar e vir à escola que não comi nada, apenas passei na cantina antes das oito e tomei duas xícaras de café.

Aos poucos os alunos começam chegar, já até decorei o rosto de alguns. Abro minha agenda e confiro minhas anotações da semana, eu estou montado um cronograma de estudos pessoal, o ensino aqui é mais aprofundado do que nos colégios públicos que eu frequentava e não quero me perder ou ficar atrasada.

Hidden [COMPLETO]Where stories live. Discover now