Capítulo 79 - Camp pt. 2

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- Gosto de beber sozinha, às vezes. Mas também é bom ter alguém para conversar. – Entregou o objeto em sua mão para Lauren depois de cutucar seu braço com o cotovelo. – Como você está se sentindo em relação a isso tudo? – A morena ergueu os ombros.

- Eu não sei. Eu não queria pensar nisso, de verdade. Isso me faz sentir... Inútil? Algo assim. Como eu disse pra ela, eu sou uma pessoa comum, como qualquer outra nesse mundo. Ela pode me trocar a qualquer momento por qualquer um ou qualquer uma, isso não sai da minha cabeça desde que eu a vi com a Hailee. Quer dizer, a gente sabe que não é tão difícil assim se apaixonar, não sabemos? – Dinah assentiu. – E ela também é tão nova... Não sei, talvez ela devesse viver outras experiências.

- Você é a primeira namorada dela? – Lauren assentiu. – Ela nunca gostou de ninguém antes de você nem nada do tipo?

- Ela nunca nem falou com ninguém antes de mim. Digo, além da mãe dela. – Dinah assentiu.

- Eu... meio que entendo você. Deixa eu te contar uma história? – Lauren fez que sim com a cabeça. – Eu conheci a Normani no ensino médio, há quatro anos. Algumas pessoas gostavam dela, outras caçoavam dela, outras tinham pena, já eu não dava a mínima. Nós fazíamos uma porção de aulas juntas, ela até fazia parte do meu time de basquete. A princípio não era possível perceber que ela tinha problemas porque ela faz tratamento desde os cinco anos, mas acho que eu e você sabemos melhor do que ninguém que recaídas sempre acontecem e elas não são nada agradáveis. – A morena concordou. – Uma vez estávamos no vestiário e Normani começou a ter uma crise de esquizofrenia. Eu não sei se você é familiarizada com a doença, mas basicamente ela faz a pessoa ver coisas que não estão realmente ali, é como se a realidade para ela fosse diferente do que é para a gente. Como eu disse, ela sempre fez tratamento, logo, ela quase não tem essas coisas então na época eu nem sabia que ela tinha isso, mas foi apavorante. Eu não sabia o que fazer, ela estava assustada olhando para os armários, chorando, sacudindo as mãos como se alguém fosse atacar ela e ninguém fazia nada, algumas garotas riram, outras fingiram que não viram e saíram e eu fiquei com cara de idiota no banheiro sem saber o que fazer. Eu não sabia se a Mani ia me bater caso eu chegasse perto dela e falasse com ela, mas eu fui me aproximando devagar, falando que não tinha ninguém ali, que estava tudo bem e enfim. Depois de não sei quanto tempo ela se acalmou e me agradeceu, pediu pra eu falar com a diretora o que havia acontecido e falar pra mãe dela ir buscar ela e assim eu fiz. No dia seguinte eu estava cagando para o ocorrido no dia anterior, mas Normani não. Ela andou comigo quase o tempo todo, puxou assunto e eu tava tipo "não é porque eu te ajudei que a gente tem que ser amiga", mas tudo bem. – Lauren riu. – Os dias foram passando e eu me acabei gostando dela, ela é muito engraçada e de bem com a vida apesar de tudo e ela não se importava se eu mandasse ela pra puta que pariu só porque eu estava de mau humor às sete horas da manhã. Mas tinha esse garoto.

- Hm, fodeu.

- É, pois é. Aquele filho da puta era vizinho dela, eles se conheciam desde crianças, a família dela adorava ele e vice versa. E adivinha? Sim, ele estava apaixonado por ela e sempre levava ela para encontros, jantava com a família dela e esse tipo de coisa. Eu percebi que eu estava na merda quando eu comecei a me incomodar quando ela me contava isso, principalmente porque ela parecia gostar bastante daquele bosta. Como eu sou babaca, obviamente eu não falei nada até porque eu estava esperando o dia que ela ia chegar e falar "ele me beijou, ai ele é tão fofo blá blá blá" e eu ia ficar na merda o resto do ano escutando ela falar desse garoto. Até que esta porra deste dia chegou, mas não exatamente da forma que eu achava que ele ia chegar, porque quando ele finalmente a beijou, ela descobriu que estava apaixonada por eu mesma, Dinah Jane e deu um fora nele. Eu soltei fogos pelo cu quando escutei a primeira parte da história, porque obviamente ela não chegou falando que estava apaixonada por mim assim do nada né, mas aí eu parei de ser retardada e comecei a chamar ela pra sair aqui e ali, não passou nem uma semana para que começássemos a trocar saliva. Claro que as coisas não foram tão bonitas assim quando ela chegou em casa dizendo que beija meninas, mas hoje está tudo bem, tirando a parte de que o pai dela me odeia até hoje. O que eu estou tentando dizer aqui é que se tiver que ser, vai ser, não importa quem ou o que vocês tenham que superar para isso. E sim, talvez ela devesse viver outras experiências, mas talvez não, a gente nunca sabe o que vai acontecer amanhã, porém, o que importa é o hoje. E eu não convivo com vocês vinte e quatro horas por dia, mas eu sei que hoje quem ela ama é você, dá pra ver isso nos olhos dela. Se amanhã ou depois não der certo e vocês tiverem que seguir com outras pessoas, ok, a vida é feita disso mesmo, mas hoje, aqui e agora, vocês se amam e eu não acho que isso seja algo para você ficar insegura sobre, ok?

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