Capítulo 56 - Home.

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Camila POV

Eu não sabia em que momento comecei a dormir, só me lembrava de estar chorando e não ter muito controle sobre meus pensamentos e depois nada me vinha a cabeça. Suspirei sentindo minha cabeça doer, meus olhos arderem e levantei devagar do chão duro e frio, tentando por meus pensamentos em ordem. Minha memória começava a voltar sobre o que havia acontecido mais cedo e eu suspirei, sentindo um peso horrível no peito. Eu precisava, primeiramente, falar com a minha mãe e me desculpar - explicar que estava tudo bem e que no fundo eu só queria ficar um pouco sozinha para me organizar.

Ou pelo menos agora, que parecia que o pior havia passado, eu achava que estava bem ou que tinha condições de ficar. Pelo menos havia um ponto positivo em tudo isso: eu havia conseguido me controlar e me acalmar sozinha, talvez por isso que fiquei tão irritada com a minha mãe oferecendo ajuda. De alguma forma eu estava procurando fazer alguma coisa sozinha depois do que percebi e parecia que finalmente eu havia feito algo sozinha e 100% por causa de mim mesma. Parecia bom, sim, parecia.

Antes de tudo, decidi ir tomar um banho. Eu me sentia dolorida e de certa forma suja, não sabia porque, mas achava que um banho quente ia me ajudar a relaxar um pouco. Quando abri a porta do quarto, escutei um barulho na sala e percebi que era a televisão ligada, minha mãe devia estar por lá. Além de tudo eu ainda a havia feito perder o dia de trabalho, que inferno.

Levei o tempo que achei que precisei no banho, lavei os cabelos, deixei a água escorrer sobre mim por uma determinada quantidade de tempo e depois saí do chuveiro, me secando com a toalha macia e vestindo uma roupa leve. Meu celular estava no chão do quarto, sua tela estava rachada, mas ele não havia se quebrado por inteiro. Haviam vinte e três ligações perdidas de Lauren e mais oito mensagens, as quais eu decidi não ler agora, não antes de falar com a minha mãe. Percebi também que dormi bastante, pois já eram três horas da tarde.

Desci as escadas devagar, sentindo um peso no peito e procurando me estabilizar, chegando perto do sofá com cuidado e sentando ao lado de minha mãe, primeiramente sem dizer nada. Não era só por aquilo, afinal de contas. Eu nunca pedi desculpa por tudo o que já fiz ela passar em toda a minha vida e fiquei me perguntando se, de alguma forma, isso era frustrante a ela ou ela achava que tinha algo haver com a Síndrome, ou que talvez eu fosse algo que veio fazer ela pagar os pecados das encarnações passadas. Nunca havia parado para pensar muito bem em como ela reagia, mas imaginei que fácil não deveria ser, de jeito nenhum.

- Você tá melhor? - Ela foi a primeira a se pronunciar, passando os dedos de leve em meus cabelos úmidos. Eu assenti algumas vezes, sem coragem de olhá-la porque não queria ler nada em sua expressão.

- Estou. - Falei como se para reforçar o que eu dizia, peguei uma almofada e coloquei no colo apenas para fingir que eu tinha algo de mais interessante para encarar. - Me perdoa, eu não queria ter dito... Aquelas coisas. Eu só... Eu não estava pensando direito. Me perdoa, mãe.

- Tudo bem, querida, não precisa se desculpar. - Minha mãe não parecia mesmo com nenhum ressentimento e aquilo só me deixou mais mal ainda. De alguma forma, eu queria que ela estivesse chateada para que eu pudesse ter algo vindo dela, algo que mostrasse como ela se sentia.

Mas eu não tinha nada.

- O que foi aquilo? - Ela perguntou depois de um tempo e eu levantei os ombros.

- Nada, eu só... Eu não estava muito bem e depois a Hailee...

- O que aconteceu? Ela fez algo? - Neguei com a cabeça.

- Ela estava falando algo sobre uma menina que só vai as aulas quando o namorado vai. Ela disse... Que a menina era dependente dele. De repente eu só... Eu vi Lauren e eu e foi demais pra mim. - Minha mãe soltou um suspiro.

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