Capítulo 66 - Bad dream?

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[n.a] Não sei mexer nesse troço e finalmente aprendi a por coisas em negrito para destacar como notas. Sou retardada, não se importem comigo, nem com as coisas que vou escrever aqui. A música que toca no capítulo é "Remedy", da Adele, mais conhecida como rainha da depressão.

LEIAM COM AS PERNAS ABERTAS[/n.a]

Narrador POV

Imagine um acidente de carro; o carro capota e há duas pessoas lá dentro, o motor o carro vai explodir a qualquer momento. Uma das pessoas acorda, mas está com as pernas presas nas ferragens; a outra está completamente desacordada. Mesmo assim, a pessoa tenta puxar a outra, pelos braços, tentando sair do carro, sabendo que ele vai explodir a qualquer momento. A outra pessoa acorda e um fica tentando tirar o outro do carro. Ambos machucados, a beira da morte, como se a vida lhes desse uma última chance de respirar o cheiro da gasolina que escorria e iria mata-los a qualquer momento.

O carro explode enquanto eles ainda estão tentando tirar um ao outro, mesmo sabendo que não iriam conseguir.

Fazia seis dias que elas estavam em San Miguel e parecia que Camila iria enlouquecer a qualquer momento. Nunca se arrependeu tanto de ter tomado uma decisão em toda a sua vida, mas, como era de praxe, lá estava Camila querendo voltar no tempo.

Ela não aguentava mais o clima dentro dessa casa. As coisas eram pesadas para ela, parecia que havia uma bigorna invisível em cima de seus ombros cada vez que ela respirava dentro daquele lugar. Não havia espaço para ela ali, era como se as moléculas estivessem sempre a repelindo, mostrando que o lugar dela não era nessa casa e muito menos nessa cidade, rodeada de pessoas que a odiavam e em um ambiente desconfortável.

Não como em uma escola. Na escola, as pessoas podem não gostar de você, mas é muito difícil alguém depositar a vida em cima da raiva que tinha de você. Podem rir da sua cara e fazer alguma coisa para te sacanear uma ou duas vezes, mas ninguém mais fica preocupado com isso quando chegam em casa. As pessoas têm mais o que fazer.

Não era o caso de Camila. Era um ódio genuíno que ela sentia emanando das pessoas, não o tipo de raivinha patética de meninas da escola.

Parecia um ser que chegou em um planeta completamente novo e já entendeu que não é bem-vindo ali.

Cada um desses seis dias havia sido um inferno de uma forma diferente. Na manhã seguinte a que elas chegaram aqui, Camila acordou se sentindo péssima. Claro que ela já não estava bem por causa da situação em que ela se encontrava, mas havia aquele típico "não estou bem porque tenho uma Síndrome" para somar a tudo isso. Então ela se arrastou durante o dia todo, foi com Lauren até o hospital e quase teve um surto ali mesmo, sentada na sala de espera, aguardando o retorno de sua namorada. A única notícia boa no meio de tudo aquilo era que Lauren havia se saído melhor do que no dia anterior, ela ficou lá um tempo e conversou com a irmã.

Fora isso, as coisas só tinham piorado.

No final daquele fatídico dia, quando Camila foi tomar um banho antes de dormir, ela apenas sentou no box e chorou como o inferno. Suas lágrimas se misturaram a água quente que escorria pelo seu corpo e ali ela se sentiu escondida o suficiente, não sabendo como iria lidar caso as pessoas daquela casa descobrissem o quão frágil e amedrontada ela se sentia. Foi para o quarto de Lauren concentrada em fingir que nada estava acontecendo, mas com tantas coisas ruins ao mesmo tempo, a outra pareceu não reparar. Camila sentiu um misto de alívio com agonia.

Quando acordou na manhã seguinte, Lauren não estava do seu lado. Morria de pavor de sair daquele quarto sozinha e ficou feliz em encontrar a mulher assistindo televisão na sala, infelizmente perto do seu irmão que emanava nojo e ódio quando ele estava perto dela. Não tocou mais nesse assunto com Lauren, na verdade ela se arrependia de ter falado da primeira vez. Acabou voltando para o quarto e ficou lá até Lauren voltar, sem conseguir explicar porque não desceu. Estava mentalmente esgotada, então acabou deixando sua namorada ir ao hospital sozinha, mesmo que isso a deixasse com um peso na consciência. A outra não disse nada que indicasse que ela não estava satisfeita, na verdade, apenas deixou um beijo na testa da menina e saiu.

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