Capítulo 71 - Time

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- Tenho. – Respondeu firme, não vendo a hora de poder encerrar tal assunto. Não queria gerar uma briga, não a poucas horas de voltar para Los Angeles.

- É por causa daquela garota, não é? – Lauren ergueu os olhos até os da mãe com uma expressão cansada. Como se de alguma forma soubesse que eventualmente o assunto iria chegar em Camila e ela não queria que isso acontecesse justamente para não haver discussão.

Se tratando do temperamento dos Jauregui, era um pouco impossível.

- Sim, é por causa da minha namorada. E a propósito, ela tem nome. "Camila". – Pronunciou o nome lentamente, como se a mãe tivesse dificuldades para conseguir dizê-lo. – Qual é o problema nisso?

- Você disse que já havia perdido o período na faculdade. Achei que pudesse ficar mais algumas semanas com a sua família. – Por um momento, ao ouvir a mãe falar daquele jeito, Lauren se sentiu mal. Sentiu como se estivesse os abandonando. – E a Taylor... – Interrompeu.

- Não, não coloca a Taylor no meio. Ela está bem. Eu conversei com ela esses dias, ela entendeu. Ao contrário de você. – Lauren engoliu o choro e Clara se sentiu culpada, mas ela simplesmente não conseguia mudar sua forma de pensar. Ela acreditava no amor das duas. Só não podia acreditar que aquilo não era tóxico. Nem mesmo depois daquela carta, que a deixou balançada por dias. – Não que eu achasse que você fosse entender, né, afinal, foi só o choque com o acidente da Tay. Clara Jauregui sendo compreensiva com a própria filha? – Riu sarcasticamente. – É, ninguém achava que fosse acontecer. – Virou de costas e pegou a mochila, colocando mais uma blusa ali dentro.

- Não começa, Lauren. Eu estou falando as coisas para o seu bem. – Ela não tinha como voltar atrás no que disse, então agora só tinha a defender o seu ponto de vista e esperar que a conversa acabasse pacificamente. Por Deus, Clara não queria brigar com Lauren, apenas que a filha ficasse alguns dias a mais.

- Mãe, pelo amor de Deus. Eu já tenho quase vinte e três anos. – Lauren se virou devagar, tentando manter o tom de voz calmo. – Eu sei o que é bom pra mim. Eu não sei quantas vezes eu vou precisar repetir isso pra você, mas eu amo a Camila, pra caralho. E a única coisa que seria capaz de me manter longe dela, seria se ela não me quisesse por perto. O que as pessoas pensam não é capaz de mudar isso.

- Você diz isso agora. – Clara insistiu, em uma última tentativa. – Você não vai aguentar por muito tempo. – Lauren cerrou os punhos. Mais do que nunca, ela queria chorar. – Ela não é como nós e a longo prazo você vai sentir falta de alguma coisa mais normal.

- Normal? – Gritou a mais nova do cômodo, não sendo capaz de acreditar que ouviu a mãe dizer aquilo. – Ela é um ser humano, como eu, como você é, pelo menos eu acho, como todo o mundo. O fato de ela ter uma limitação não significa que ela seja anormal, mãe. – Sua boca formou uma linha reta e ela ferveu de ódio. – O que é ser normal pra você, mãe? Me diz! – Clara negou com a cabeça. Ela devia ter ficado quieta, com mil demônios. Não queria brigar com Lauren.

- Eu não quis dizer isso...

- Mas disse. –Falou baixo, engolindo o choro mais uma vez. – Então me diz. – Clara não respondeu, deixando as lágrimas correrem pelo seu rosto. – Você se lembra quando eu contei que era homossexual? – Ela assentiu. – Você lembra o que você disse, depois de dar seus eventuais chiliques?

- Que eu queria que você fosse feliz, não importava com quem.

Lauren não precisava dizer mais nada. Ela havia provado o seu ponto.

Sua mãe não havia sido verdadeira nessa frase. Se fosse, ela não daria a mínima para o fato de Lauren estar namorando uma portadora de Síndrome de Asperger ou até mesmo uma porta, se ela achasse que isso lhe fizesse feliz. E, que raios caíssem em cima de sua cabeça, Lauren era feliz com Camila. Mais do que já foi com qualquer outra pessoa, mais do que era sozinha. Só não era capaz de compreender porque as pessoas têm que ter tanto preconceito ou gostam tanto de se meter na vida dos outros.

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