Camila POV
- Você vai comer sim, agora abre essa boca, anda. – Resmunguei enfiando uma colher dentro da boca dela.
- A que ponto chegamos! – Minha mãe entrou no quarto, rindo, com algumas roupas em uma cesta. – Eu não sei porque ainda me iludo achando que a Lauren é o macho essa relação, sinceramente não sei.
- Menos, mãe. Bem menos. – Disse vendo Lauren fazer uma cara feia para nós duas enquanto engolia.
- Menos você, Camila. – Ela levantou uma sobrancelha, pondo o cesto de roupas em cima da cômoda. – Olha a namorada que você me arruma. Por favor, né. – Estreitei os olhos.
- Não fala assim da Lo, mãe. Ela não tem culpa de ficar doente.
- É castigo de Deus por ela ter encostado essas mãos pervertidas na minha bebezinha. – Ela saiu rindo e batendo a porta do quarto, apenas revirei os olhos e dei mais uma colherada na boca de Lauren, que mastigou e engoliu a contra gosto.
- Não quero mais, sério. Minha barriga já está cheia e eu nem estou com fome. – Levantei uma sobrancelha, largando o prato em cima da cômoda e limpando os cantos de sua boca com o pano de prato.
- Tá bom. – Falei meio séria, esperando ela terminar de beber seu suco para levar o prato e o copo sujos para a cozinha.
Aproveitei que já era um pouco tarde e fui tomar banho, vesti um pijama e escovei os dentes, indo para o quarto de Lauren em seguida. Ela estava deitada na cama, assistindo televisão e completamente coberta, deixando apenas sua cabeça do lado de fora. Estava muito encolhida, como se continuasse com frio, então peguei um moletom na sua gaveta da cômoda e levei para ela na cama.
- Meu anjo, você ainda está com frio, não? Toma, veste isso. – Entreguei a peça a ela, que agradeceu e vestiu prontamente.
- Obrigada, princesa. – Sorri negando com a cabeça. – Pode apagar a luz, por favor? – Pediu e eu desliguei o interruptor, voltando para a cama e me aninhando em seu ombro.
Não dissemos nada e eu comecei a prestar atenção na televisão, em um filme que eu não entendi muito bem sobre o que se tratava, mas estava passando meio que um flashback de cenas do personagem principal com o pai dele, desde a infância até o momento em que o pai dele, já idoso, estava deitado em uma cama de hospital e o filho estava meio que se despedindo dele.
Suspirei depois que a cena terminou, cortando para o enterro e fechei meus olhos com força, não sabendo direito o que sentir. Talvez eu quisesse chorar, mas estava cansada de viver chorando pelos cantos, então apenas me contentei em colocar meu rosto na curva entre o ombro e o pescoço de Lauren e fingir que o cheiro inebriante dela era a única coisa que existia no mundo. Como era de se esperar, ela percebeu minha mudança repentina e acariciou meus cabelos, envolvendo minha cintura com seu outro braço.
- Ei, pequena, o que foi? Você tá bem?
- Estou. – Respondi com a voz falha, esperando alguns segundos antes de levantar a cabeça e encará-la. – Às vezes eu só... Gostaria de ter conhecido ele, sabe? Acho que as coisas teriam sido mais fáceis... Talvez.
- Seu pai? – Ela indagou afastando meu cabelo do rosto e eu assenti.
- É estranho como em um momento as pessoas estão aqui e de repente elas se vão. E mais estranho ainda sentir falta de alguém que só vi por fotos...
- Ele morreu quando sua mãe estava grávida, né? – Desviei meu olhar do dela e encarei o edredom.
- Acidente de carro. Era um dia chuvoso, a pista estava molhada e ele precisou desviar de um carro e então... Como eu disse, é estranho como as coisas acontecem rápido.
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Be Your Everything
Romance[FINALIZADA] Existem muitas definições para o amor. Uns dizem que amor não existe sem sacrifício. Outros dizem que amor é ter paciência e esperar o outro poder se entregar a você. Alguns até são mais ousados e acreditam que o amor é uma composição d...