Capítulo 50 - Hickey

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- Você ia embora e não voltava mais... - Falou levantando da cama e andando de um lado par ao outro do quarto.

- Eu estou aqui, princesa. Estou bem aqui.

Eu queria levantar e ir até ela, mas sabia que eu só iria piorar a situação se ela não me quisesse por perto. A pior parte de tudo isso era saber que a porra da culpa de tudo isso era minha e eu não podia fazer nada para amenizar aquela angústia que ela sentia, porque com certeza eu era a causa disso.

Caralho.

Isso só me fazia querer chorar junto com ela, mas como eu sabia, eu tinha que me mostrar forte para que ela pudesse ter algo em que se segurar. Se eu desmoronasse, eu iria trazê-la junto comigo e isso era a última coisa que eu iria fazer na vida.

Por ela. Eu podia fazer isso por ela.

Trinquei os dentes, engolindo todo o choro e a vontade de gritar que eu tinha, adotando um tom calmo quando finalmente me pronunciei:

- Amor... Vem aqui. - Disse me levantando e tentando ir até ela. Camila ainda chorava copiosamente e agora tinha se sentado no chão e começava a impelir o corpo para trás e para frente em um ritmo frenético.

- Não chegue perto. - Ela disse se levantando e indo para o outro canto do quarto, fugindo a todo custo de qualquer possível toque meu. Me aproximei novamente quando ela começou a bater na própria cabeça, com medo dela se machucar e quase desesperada para fazer aquilo.

Detestava quando ela tinha essas crises, eu sentia vontade de chorar ou de bater em alguém, porque sempre me sentia mais inútil do que o normal. Novamente, precisei respirar, me recompor e em um movimento rápido, segurei seus pulsos, impedindo que ela me empurrasse novamente.

- Ei... - Falei baixo. - Sou eu. Não vou machucar você. - Camila se debateu, mas eu a segurei com mais força, puxando-a para perto. - Tá tudo bem, amor. Você sabe que eu não vou te machucar, não sabe? - A abracei mesmo que ela tentasse resistir ou me empurrar, eu apenas a segurei em meus braços como se aquilo fosse fazer tudo ficar bem.

E, com mil demônios, eu queria que fizesse.

- Sou eu. - Repeti baixinho perto do ouvido dela, sentindo seu corpo relaxar aos poucos e os soluços diminuírem. - Eu estou bem aqui, shh.

- Laur?

- Sim, sou eu, meu amor. Vem. - Puxei-a para enlaçar as pernas na minha cintura e a levei para a cama, sentando na beirada da mesma e vendo-a se encolher contra os edredons. - Quer um pouco de água ou alguma outra coisa?

- Não, obrigada. - Ela secou o rosto com as costas da mão. - Desculpa por isso.

- Não precisa se desculpar, princesa. - Peguei sua mão e a beijei. - Tá tudo bem. Me desculpe você por te por nessa situação. Eu odeio ver você desse jeito. - Disse com pesar, querendo poder tirar todos esses tormentos da cabecinha dela.

Deus era o único que era capaz de saber o quão inútil eu me sentia. Às vezes eu me sentia insuficiente para Camila, porque parecia que nunca havia nada que eu pudesse fazer a não ser piorar a situação. Isso me deixava, louca, desesperada. Essa sensação constante de impotência parecia que iria explodir em mim a qualquer momento.

- Lo... Não é culpa sua. - Deitei na cama ao seu lado e ela pegou minha mão, colocando-a bem em cima do seu coração. - Eu entendo que você tenha que viajar e que tudo vai ser melhor... Eu realmente entendo isso. Mas dentro da minha cabeça, parece que tem alguma parte que não processa isso e essas coisas ficam acontecendo. Só que não é culpa sua, eu é que não sei controlar isso. E aqui... - Ela apertou minha mão. - Eu sei que eu vou sentir saudade, mas que em um mês você vai estar de volta e vai ficar tudo bem. Eu só preciso transmitir essa informação para o meu cérebro, entende? Não quero que você pense que eu não apoio você nem nada disso. - Neguei com a cabeça.

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