A Boca da Guerra

By Lieran

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Uma guerra de rotina. O rei da Franária morreu sem deixar herdeiros. Aconteceu o de sempre: três primos que s... More

Capítulo 1: Frederico - A Ponte
Capítulo 2: Neville - Moscas
Capítulo 3: Frederico - Punição
Capítulo 4: Sáeril Quepentorne - Tempestade
Capítulo 5: Vivianne - Nunca mais
Capítulo 6: Vivianne - O Vulto de Lune
Capítulo 7: Sáeril Quepentorne - Entre cadáveres
Capítulo 8: Neville - O palhaço
Capítulo 9: Frederico - O fraco
Capítulo 10: Neville - Cores
Capítulo 11: Thaila - As mãos de Neville
Neville - Pedregulho
Neville - Na Tenda dos Artistas
Capítulo 14: Neville - Temos flores
Capítulo 15 - Frederico - A Velha
Capítulo 16: Neville - Loucura, veneno, flores
Capítulo 17: Neville - Tudo o que nos resta
Capítulo 18: Vivianne - A vila dos mortos
Capítulo 19: Vivianne - Primeiro amor
Capítulo 20: Frederico - Eliana
Capítulo 21: Neville - A gente aqui às vezes
Capítulo 22: Frederico - O livro azul de Sátiron
Capítulo 23: Neville - A Boca da Guerra
Capítulo 24: Manó - O julgado
Capítulo 25: Frederico - Aspirações de uma Velha sem voz
Capítulo 26: Vincent - O não julgado
Capítulo 27 - Neville: Uma visita
Capítulo 28: Frederico - Uma chance
Capítulo 29: Frederico - Líran
Capítulo 30: Frederico - Que bonita essa vontade de coisas
Capítulo 31: Neville - Nos porões da minha memória
Capítulo 32: Robert - A vida sem Neville
Capítulo 33: Vivianne - Teia
Capítulo 34: Neville - Saliva
Capítulo 35: Frederico - Soberano
Capítulo 36: Neville - Silêncio branco
Capítulo 37: Faust - E por que não?
Capítulo 38: Neville - Sobreviventes
Capítulo 39: Frederico - A Boca mastiga
Capítulo 40: Frederico - Houve um tempo
Capítulo 41: Neville - Com palavras de morte
Capítulo 42: Maëlle - Dragões de verdade não morrem
Capítulo 43: Maëlle - A última conversa
Capítulo 44: Vivianne - Deveres
Capítulo 45: Vivianne - O rei Clément
Capítulo 46: Sáeril - O lobo de Sátiron
Capítulo 47: Maëlle e o Eslariano - Encruzilhada
Capítulo 48: Vivianne - O lobo cinzento de Sátiron
Capítulo 49: Coalim e o rei Clément
Capítulo 50: Vivianne - Um lobo me contou
Capítulo 51: Neville - As teias do tempo
Capítulo 52: Lecoeurge - Dragões na Pluma
Capítulo 53: Coalim e Clément
Capítulo 54: Vivianne
Capítulo 55: Vivianne - Chambert
Capítulo 56: Leonard Acidentado - Dissidentes de Debur
Capítulo 57: Leonard Acidentado - Em busca de um líder
Capítulo 58: Vivianne - Aquele que fica em pé
Capítulo 59: Coalim
Capítulo 60: Gregoire - Na Estrada da Fronteira
Capítulo 61: Sáeril - O Impossível
Capítulo 62: Líran - Uma questão de cotovelos
Capítulo 63: Um jogo de cartas
Capítulo 64 - Gregoire: Por causa de Pierre
Capítulo 65: Neville - Amanhã
Capítulo 66: Vivianne - A tormenta humana
Capítulo 67: Olivier - Três centímetros
Capítulo 68: Jean - O cheiro de Pierre
Capítulo 69: Olivier - A casca do ovo
Capítulo 70: Jean
Capítulo 71: Vivianne - os que ficaram em pé
Capítulo 72: Erla - A Guerra
Capítulo 73: Neville - o grito da águia
Capítulo 74: Líran - Tempestade de aço
Capítulo 75: Neville - Cão de guarda
Capítulo 76: O louco
Capítulo 77: Sáeril - Nostalgia
Capítulo 78: Neville - A vida inteira e só
Capítulo 79: Frederico - Pipa
Capítulo 80: Vivianne
Capítulo 81: Olivier e sua raiva
Capítulo 83: Vincent - E foi assim
Capítulo 84: Vivianne
Capítulo 85: Neville - Pierre
Capítulo 86: Vivianne - O número oito
Capítulo 87: Vivianne - Jardim secreto
Capítulo 88: O príncipe
Capítulo 89: Susto
Capítulo 90: Sua espera terminou
Capítulo 91: Glórias rasgadas
Capítulo 92
Capítulo 93: Gaul
Capítulo 94: Fumaça, caos e gritos rasgados.
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99: Pierre
Capítulo 100
Capítulo 101
Capítulo 102
Capítulo 103
Capítulo 104
Capítulo 105
Capítulo 106
Capítulo 107: Líran
Capítulo 108
Capítulo 109
Capítulo 110
Capítulo 111
Capítulo 112: Erla - Morte
Capítulo 113 - Criatura de Trevas
Capítulo 114: A morte de Erla
Capítulo 115: Nuille e Lucille
Capítulo 116: As cartas
Capítulo 117: Morte na Pedra
Capítulo 118: Como assim, não existe mais?
Capítulo 119: Até a Guerra acredita
Capítulo 120: Reconhecimento
Capítulo 121: Diário de Gregoire
Capítulo 122: Clément - Meu pai
Capítulo 123: Mortadela
Capítulo 124
Capítulo 125: Uma excelente pessoa, afinal de contas
Capítulo 126: Ei-lo
Capítulo 127
Capítulo 128: Diário de um dragão
Capítulo 129: Calmaria
Capítulo 130: Traição
Capítulo 131: O acampamento se desfaz
Epílogo

Capítulo 82: Henrique de Baynard

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By Lieran


Águia empalhada com asas douradas abertas, olhos de vidro focados além do rei Henrique de Baynard. Sentado na cadeira alta estofada, a juba loira radiante, os músculos, o corpo enorme, um sol sem raios. A águia empalhada parecia desprezá-lo, olhava através dele com desdém de vidro.

— Fui eu que te matei? — perguntou o rei de Baynard.

Olivier entrou sem bater:

— Fulbert invadiu Baynard.

— Eu sei — disse Henrique.

— Precisamos deixar Debur — Olivier falou e parou. — Você sabe? — Mas o mensageiro tinha acabado de chegar.

Henrique se virou devagar da águia empalhada para Olivier, um sol sem brilho, estrela apagada. Nas mãos ele tinha uma orquídea seca.

— Você não ouve, Olivier?

— Não ouço o quê?

— Achei que ouvisse.

Olivier se aproximou de Henrique, tão maior do que ele, tão apagado, e notou as pupilas. Elas não eram negras, elas eram cinzentas, que nem as de Erla.

— A Guerra — disse Olivier. — Você fala com a Guerra.

— É ela quem fala comigo, eu não tenho voz. Nunca tive.

Eu não tenho presas.

— Precisamos ir para Tuen — disse Olivier.

— Minhas orquídeas morreram.

— Henrique!

— Se você não ouve, deve me odiar. Sua mulher. Você deve achar que fui eu.

Foi ele! Foi Henrique quem iniciou os sorteios da morte, que escolhiam quem deveria ir morrer em Fabec. Foi ele. Não venha dizer que foi outra coisa, que foi uma voz, a Guerra; não! Foi Henrique.

— Foi por isso — continuou Henrique — que você tirou de mim meus capitães, pai e filho. — Por um instante a pupila dele ficou preta e os contornos de Henrique ficaram mais lúcidos, assim como as rugas. — Você não ouve, você não sabe. Não existe escolha, Olivier. Nunca existiu. Uma vez que você entende a magnitude dela, só resta se curvar e criar orquídeas. Foi o que ela me ofereceu em troca de obediência: as orquídeas. Eu nunca pensei em resistir, mas fiz esse acordo: de que apenas alguns soldados morressem de vez em quando na Boca. A ideia dos sorteios foi mesmo minha, porque eu não tinha coragem de escolher quem deveria ser sacrificado.

Henrique colocou a orquídea morta sobre a mesa.

— Ela não me protege mais. Está grunhindo que nem um homem comum que quer erguer uma pedra maior do que ele. Ela acha que eu não percebi, mas eu vi, Olivier: eu via a Guerra tremer.

Olivier passou a mão pelo rosto. Estava cansado, estava com sono, tinha matado um cavalo, perdido Thaila e Tuen. Para alguém que não tinha voz, Henrique falava demias.

— Nosso maior pesadelo tem medo — disse o rei.

Uma batida à porta, Olivier se voltou, mas entraram sem esperar resposta. Um soldado alto de orelhas finas que pareciam de papel. Ele estava coberto de cinzas e tinha peso, aquele homem; cada passada como que abria uma ferida no chão do Esmeralda.

— Olivier de Tuen, onde está Thaila Eslariana?

Olivier se enfureceu, mas deu um passo atrás para se afastar das trevas que rodeavam aquele soldado.

— Quem você pensa que é?

De trás do homem surgiu outra pessoa e Olivier se encolheu mais horrorizado do que se a Guerra tivesse vomitado todas as suas trevas ali naquela sala. A mulher negra caminhou até Olivier, que se afastou até encontrar a parede.

— Maëlle — ele gemeu.

— Responda a pergunta de Vincent — ela disse. — Onde está Thaila?

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