Histórias Curtas do Sétimo Universo

Capítulo 06: Memórias de Des

Na semana que se passou desde o resgate Almith, Desmond morou com elas, mas o assunto das memórias não retornou; Ally, assim como todos os moradores de Nova York, estava tensa por causa dos Filhos do Abismo, que estavam com duas forças dobradas – unindo os que já estavam em Long Island aos que tinham vindo do resto do continente.

Os Filhos ainda não tinham começado seu ataque contra o Portão do Jardim, algo que Desmond já esperava, considerando que, sem Almith, eles estavam receosos e formando um plano melhor do que os que tinham usado no Portão de Vernon.

Na manhã do sétimo dia, Desmond despertou com uma dor de cabeça intensa – queria ele que fosse uma ressaca. O cheiro de café sendo passado trouxe muitas lembranças que, apesar de felizes, sempre carregavam uma tristeza pela traição de Clarisse; contudo, assim que viu Ally em seu pijama, fazendo uma dancinha simples ao som que saía em seus fones de ouvidos, enquanto passava requeijão em fatias de torradas tirou completamente qualquer pensamento triste da cabeça de Desmond, que sorriu.

Ele gostaria de abraçá-la naquele momento, beijá-la, dizer o quanto a amava, mas eles não estavam em um relacionamento – porém sentia que não estavam tão longe disso. Ao invés, ele sentou-se a mesa, pegando dois pães de forma em um saco e colocando na torradeira. Enquanto esperava, serviu-se café puro, sem açúcar, e bebeu grato; pôde sentir sua dor de cabeça esvaindo-se quase imediatamente.

Ally tomou um leve susto quando as torradas de Desmond saltaram para fora da torradeira. Ele riu com o pequeno pulinho que ela deu.

– Tudo certo aí? – Ele disse, um pouco zombeteiro; Ally sorriu em resposta, mordendo um pedaço de torrada maior do que cabia em sua boca.

A campainha tocou antes que ele pudesse abocanhar seu café da manhã. Desmond não se mexeu, pois ouviu Almith descendo as escadas para atender. Ela gritou que um querubim estava na porta, esperando por eles; Desmond levantou-se imediatamente para descobrir Salazar ali, encarando-os.

– Bom dia. – Salazar disse. Sua jugular alterna entre tensão e relaxamento. Ele está insatisfeito com o que fazia. Seja lá aonde ele tinha ido quando desapareceu dias atrás, logo após a vitória do meu plano, ele não gostava de onde estava. – Primeiramente, peço perdão pela maneira como te tratei na Estátua da Liberdade, quando se ofereceu para ajudar com os Filhos do Abismo. Foi inferior – ele praticamente cuspiu a palavra – da minha parte. Gostaria que se junta-se a nós esta tarde para discutirmos o plano de defesa.

– Sem problemas. – Desmond concordou, tentando imaginar quanto tempo ele tinha para sair de Nova York e encontrar seus companheiros em São Paulo. – Salazar decolou, deixando-os sozinhos.

– Tá aí uma coisa que nunca achei que veria. – Almith, que estivera sentada na escada o tempo inteiro, afirmou ironicamente. – Salazar se desculpando a um humano.

– É raro?

– Muito. Ele tem a reputação de odiar humanos, alguns anjos até dizem que foi ele quem convenceu Lúcifer a começar a Rebelião; entretanto, não acho que alguma vez ele tenha agido em cima desse ódio. – Apesar de seu rosto infantil e, até mesmo, certa inocência, Almith tinha milhares de anos; devia conhecer todos os anjos e os rumores. – De qualquer forma, ele está do nosso lado.

Desmond concordou, passando por ela enquanto ia para o andar de cima, onde tomou um banho rápido e se vestiu – roupas que ele havia buscado em lojas na última semana; como não havia dinheiro no Paraíso, ele não precisava comprar, apenas escolher e fazer o check-out.

– Vai sair? – Ally, que agora estava mudando os sofás de posição, perguntou quando viu Desmond com a mão na maçaneta de saída.

– Sim. Preciso estudar um pouco sobre estratégia de guerra. – Ela fez uma careta, sem entender. – Meu plano foi feito baseado nas habilidades dos Heartless e de Ahsoka, mas agora, preciso de algo que vai envolver os anjos também. E não acho que aquele tal de Sirwulf não vai cair no mesmo plano.