Capítulo 01: Supremo

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Grove, Pensilvânia

Paraíso

Desmond Chepken viu seus companheiros descendo a rua no carro que haviam preparado para a jornada em busca de Jared Blackwood, alguém que, assim como ele, havia sido burro o bastante para fazer um acordo com a Morte.

"Existe alguém que pode te ajudar," Sansão havia dito algumas horas antes, logo após o ataque dos Filhos do Abismo. "Digo, sei que saíram de Nova York praticamente sem problemas, mas entrar será outra jornada. Não pense que conseguira sozinho, não importa a sua inteligência. Se não cruzar com nenhum Filho, levará apenas seis ou sete horas para chegar a Georgetown, em Delaware. Uma vez lá, procure pela Biblioteca Pública de Georgetown. Soube que ela está lá desde que fora expulsa da França."

"Quem vou encontrar?"

"Aquela que chamam de Supremo."

Sansão, infelizmente, não tivera mais informações sobre essa pessoa que poderia ajudar Desmond, apenas que ela tinha permissão especial para estar no Paraíso. Ela tinha Magia. Desmond montou em sua moto, dando partida na Honda apertando apenas um botãozinho. Com seu capacete – afinal, desde que comera do Fruto Proibido ele tinha um corpo –, disparou na direção oposta de Leonard Ross e Thais Walker.

Desmond estava em algum lugar de Maryland quando teve que desviar sua moto para o meio da floresta que cercava a estrada. Ele tinha certeza de que não tinha sido visto pelo batalhão que vinha na direção oposta. Arrastou-se sem fazer barulho até chegar a beira da estrada, atrás de um tronco, para observar.

Pelo menos seiscentos Filhos do Abismo caminhavam na direção da qual ele tinha vindo e, portanto, indo para Nova York. Era matematicamente impossível que ele encontrasse o Supremo e chegasse a cidade murada antes do exército. Sua esperança era que os anjos conseguissem manter suas defesas durante tempo o bastante para que ele conseguisse tirar Ally de lá.

Não levou muito tempo para encontrar Georgetown e a Biblioteca Pública. Felizmente, desde Maryland, ele não cruzou com um Filho sequer pelo caminho, nem mesmo depois de entrar na cidade. Um muro improvisado com placas de aço sustentado por barras do mesmo metal cercava todo o prédio da biblioteca.

Um par de olhos me observa do portão improvisado. Outras duas pessoas estão nas laterais, uma em cada lado. Não vejo armas, mas devo assumir que as possuem, ou não conseguiriam se defender dos Filhos. As armas devem ser feitas com a Magia do Supremo. Atrás de mim, um homem e uma mulher observam atrás de dois veículos abandonados.

– Sou Desmond Chepken. – Ele diz, retirando o capacete para que seus olhos ficassem a mostra; ele joga o palito do pirulito de cereja que chupou durante o caminho. – Estou aqui para falar com o Supremo.

Um adolescente, com seus quatorze ou quinze anos, permite a entrada de Desmond. Ele pega um par de algemas – que não existiam no Paraíso antes da Guerra Celestial, indicando que as coisas estavam se tornando cada vez mais parecidas com a Terra, mesmo que tivesse sido conjurado ou feito pelo Supremo.

A grama seca indicava aproximação do frio inverno – outra coisa que não deveria existir. A calçada estava inteira, limpa e cuidada. O jovem guiou Aaron pela porta da frente. O prédio parecia ter sido saqueado durante os primeiros dias que os Filhos chegaram; apesar de parecer que muitos livros haviam sido recuperados, a maioria das prateleiras estavam vazias. Estantes estavam caídas uma sobre as outras, como peças de dominó.

Marcas de queimadura no chão, as quais tentaram limpar, mas ainda permanecem fracamente. Há outras nas paredes e teto, indicando que uma batalha acontecera ali entre anjos e Filhos do Abismo há dois meses.

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