Capítulo 10: Izu no Mori

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Lester apontou para um divã que ele tinha entre duas prateleiras, abaixo de uma janela. Sakura precisou retirar alguns livros e vasilhas de vidro que estavam em cima do objeto. Tomou cuidado para não quebrar nada – não que Lester parecesse preocupado com algo que não fosse o sangue de Akira.

Depois de guardar um dos potes em uma prateleira, ele praticamente saltitou até as duas com um contêiner em mãos. Seu conteúdo era uma gosma esbranquiçada que Sakura não conseguiu identificar. Entregou-a para Sakura e molhou os dois pares de indicador e dedo médio.

Em seguida, pediu para Akira tirar a blusa; hesitante, ela o fez, revelando um sutiã cor de rosa, o que pegou Sakura completamente de surpresa; ela precisou se conter para não dar risada. Colocou um pouco na testa de Akira e entre os seios – ele particularmente gostou mais dessa parte, mas ao mesmo tempo, procurou esconder sua reação. Por fim, colocou os pares de dedos nas têmporas dela.

Gyógyít. – Lester disse, fechando os olhos; Sakura não tinha certeza, mas a palavra soou húngara.

Akira respirou fundo de uma única vez; respirou tanto, que Sakura imaginou como os pulmões dela não estouraram. Seus seios vieram para frente com o movimento; Sakura não conseguiu deixar de olhar e pensar o quanto eles pareciam firmes. Desviou o olhar no mesmo segundo, sentindo o rosto ficar quente de vergonha.

– Co... Como está? – Perguntou, quando a amiga sentou e vestiu de volta sua camiseta preta.

– Bem o bastante para te matar se você contar pra alguém sobre o que viu aqui. – A ameaça não assustou Sakura; não, ela não queria contar para ninguém, mas isso não significava que não queria ver outra vez.

Akira realmente parecia estar muito bem. Seu rosto tinha mais cor – mais até do que quando se conheceram pela primeira vez ainda na casa – e seus olhos e cabelos pareciam vibrar com vitalidade. Lester deu saltinhos de alegria, indo para atrás de uma estante, procurando por algo. Ficaram ali durante alguns minutos, em completo silêncio, quando Lester reapareceu.

– A é, vocês ainda estão aqui. – Disse. – Me encontrem na floresta de Izu amanhã a noite, as dezenove horas. Isso é sete da noite, no horário militar. Eu preciso encontrar alguns ingredientes.

– Certo. – Sakura disse, desconfiada; se perguntou se ele não tinha esquecido de que as duas estavam presentes.

– Nós sabemos contar as horas, purpurina. – Akira retrucou, usando o apelido para tentar ofendê-lo. Ele nem pareceu notar.

Deixaram a loja para o dia mais longo que teriam.

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Lester os encontrou na entrada do parque em que ficava a floresta. Ele estava vestindo uma camisa social roxa com um shorts branco e tênis cinza. Ele tinha uma mochila nas costas e, ao lado e presa a ela, uma katana que parecia muito verdadeira.

A Floresta de Izu era extremamente fechada e difícil de se caminhar. Havia trilhas, é claro, mas Lester não tomou nenhuma delas, principalmente pelo fato de que seria estranho explicar uma jovem carregando uma mulher com o poder da mente. Sakura e Akira conversavam alguns passos atrás. Mikasa ia a frente, pegando os detalhes do feitiço.

Chegaram a cachoeira onde, milhares de anos atrás, a primeira Joro-Gumo transformou-se no yokai. E mais recentemente, onde Yagyuu fez o mesmo. Lester mandou Akira colocar sua mãe na água, com a cabeça na margem.

– Agora, sumam. – Lester disse, com um sorriso falso.

– O que? – Akira disse, irritadiça.

– Por quê? – Sakura perguntou, estranhando.

– Transformar uma mulher em Joro-Gumo é fácil – informou – mas desconjurar o feitiço é muito mais complicado. Haverá um momento em que ela terá que escolher entre a humano e o monstro. E se ela ver vocês, inimigas, irá escolher ser um monstro.

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