Capítulo 34 - País das Maravilhas

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Emily

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Emily


Não demorou muito para que Electra e Beatrice cansassem de lutar uma com a outra em vão. De nada adiantava gastar energia sendo que ninguém tinha a pista nas mãos. Mas eu não esperei elas para ir a procura de algo. Jasper precisava de um médico logo e aquele lugar me dava agonia. Talvez eu fosse claustrofóbica e não sabia.

— Emily! — chamou Valerie. — Acho que encontrei algo.

Fui até onde ela estava, perto de uma das árvores enormes repletas de musgos, líquens e outras plantas que eu desconhecia. A árvore ficava no canto direito do grande salão e atravessava os três andares que deviam existir naquele lugar.

— Olha, ela é oca por dentro, deve ser uma passagem.

— Dá última vez que ouvi falar de uma árvore oca, uma menina caiu dentro de um buraco e entrou num mundo mais louco do que este em que estamos — falei temerosa.

Foi quando me perguntei se Alice no país das maravilhas era mesmo real ou se foi inspirado em uma daquelas dimensões. Porque se existisse mesmo eu não estava nem um pouco ansiosa de conhecer.

Valerie ignorou meu comentário e começou a entrar na cavidade. Olhei para trás para ver se alguém estava nos espiando e dei de cara com Henrique seguindo-nos. Talvez fosse melhor mesmo que ele viesse com a gente, porém, eu não sabia se podia confiar nele daquela vez. Algo em mim ainda estava quebrado.

O espaço, de início, devia caber pelo menos sete pessoas, então logo que Valerie desapareceu a segui. O ambiente tinha o mesmo cheiro pútrido que eu havia sentido do lado de fora, só que mais forte, como se a planta estivesse em decomposição. Senti minhas botas afundarem em algo pegajoso, segurei o meu ímpeto de gritar ao imaginar que poderiam ser insetos que viviam ali. Foi quando Henrique, que segurava uma pequena tocha feita de um pedaço de madeira e tecido encharcado de óleo, disse:

— Acho melhor vocês não olharem para baixo.

Só que ele devia ter esquecido que quando alguém te avisa para não fazer algo o cérebro automaticamente faz o oposto. Meus olhos caíram imediatamente para o chão. Meu estômago embrulhou na mesma hora, Valerie segurou um choro e Henrique apenas deu um sorriso travesso.

Não surta, não surta, não surta, não surta...

Respirei fundo para tentar me acalmar, mas foi ainda pior, pois o odor não colaborava nem um pouco.

— Pelo amor de Deus, Valerie! Vamos sair daqui — falei exasperada.

Mas ela estava paralisada no mesmo lugar. Comecei a empurrá-la para frente enquanto Henrique tapava o nariz.

— O que é aquilo? — perguntou a pequena maruja.

— Parece aqueles tipos de lesma subterrânea, não sei. São grandes demais para serem apenas lesmas comuns — respondeu Henrique.

— E você diz isso nessa tranquilidade? — questionei com raiva.

— Não sendo carnívoras, não precisamos ter medo.

— Eu só não te empurro pro chão agora mesmo, porque eu quero sair daqui o mais rápido possível — falei ainda nervosa.

Ele segurou outro riso, temendo que eu cumprisse minha ameaça.

Havia uma espécie de túnel à frente, como se um animal tivesse cavado ali. Senti um tremor na mesma hora quando um pensamento passou pela minha cabeça.

— E se isso for o túnel de uma minhoca gigante? Olha isto! Não parece um caminho?

Valerie arreganhou a boca de medo quando percebeu que o que eu havia dito fazia sentido. E Henrique tentou não expressar muito o seu desespero, mas estava estampado no seu rosto que estava ficando com medo.

— Acho que agora não importa se são mesmo carnívoras, não é? — Ele disse sem graça.

Corremos tomando cuidado para não pisarmos em algo indesejado ou nos depararmos com alguma criatura.

— Se existe uma pista, com certeza, está neste lugar — falei.

— E se essa pista é tão importante assim, alguma coisa deve estar de...

— Por favor não termine essa frase, Henrique! — alertei.

Mas era tarde demais. As paredes da árvore começaram a tremer freneticamente e eu podia sentir algo vindo em nossa direção. Tirei meu sabre da bainha e me preparei. Todos os meus sentidos estavam em alerta, em minhas veias tinha pura adrenalina. Henrique pegou suas duas espadas douradas e lançou uma piscadela em minha direção. Não sei como ele podia se animar quando nossas vidas estavam para ser esmagadas por um inseto gigante.

— Como nos velhos tempos! — Ele disse por fim.

Valerie se juntou a nós com sua pistola e ficamos um de costas para o outro esperando. Uma criatura que devia ter lá seus dez metros de altura surgiu rastejando no fim do túnel. Um cheiro de enxofre invadiu o ambiente enquanto ela se aproximava cada vez mais. A criatura se debatia enquanto tentava nos encontrar e eu logo concluí que era totalmente cega.

Suor escorria pela minha testa, me atrapalhando ainda mais a enxergar, além de escuro o lugar era quente. Apertei meus dedos no cabo do meu sabre para que ele não escorregasse da minha mão e segurei a respiração. Se a criatura sentisse que estávamos lá, seria o fim. Ou talvez, quase o fim.

Nenhum de nós três ousou se mover. A besta deu a volta em nós, ela usava do tato para "enxergar" e ficamos cercados. Sua pele era pouco pegajosa, estava coberta de terra e tinha anéis na pele branca como uma minhoca. Seu corpo foi apertando o círculo cada vez mais até se encostar em nossos pés. Não aguentei mais segurar a respiração e fui obrigada a soltar o ar. Foi quando a criatura atacou.

A besta não tinha dentes, mas podia nos engolir de uma só vez. Quando ela deu o seu primeiro bote, nós nos jogamos por cima de seu corpo que estava a nossa volta e acabamos indo um para cada lado do túnel. Henrique desferiu o primeiro golpe, enfiou a espada no rabo da criatura e esta soltou um ruído quase surdo. Valerie tentava mirar na cabeça, mas a besta se sacudia sem parar, até que ela tentou dar um outro bote e foi a minha vez de atacar. Tentei cortar a criatura no meio, mas sua circunferência não ajudava muito, meu sabre não seria suficiente para atravessar e eu também não tinha força suficiente para isto. Assim, minha lâmina acabou ficando presa no corpo do animal e precisei gritar:

— Henrique! Me empresta uma das suas espadas!

Imediatamente ele jogou uma de suas lâminas douradas na minha direção. A peguei com destreza e tentei pensar no melhor jeito de vencer a criatura. Mas antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, a besta encurralou Valerie do outro lado do túnel. Valerie gritava, o que deixava a criatura ainda mais afoita e pronta para devorá-la. Avancei na direção da besta gigante numa tentativa falha de salvar a maruja de Astrid. Henrique me segurou pelo braço impedindo que eu a acalçasse. Gritei para que ele me soltasse, mas ele me segurou ainda mais firme.

Henrique sabia que não valeria a pena, Valerie estava fadada a morrer em poucos segundos. A criatura a engoliu de uma só vez, com apenas uma sacudida para que Valerie descesse mais facilmente até o seu estômago. A cena foi horripilante de ver, me senti completamente impotente. Henrique me abraçou, também sem saber o que fazer, tudo o que podíamos pensar era que seríamos os próximos.



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Ahhh como foi bom finalmente sair do bloqueio que eu estava desta parte da história. 

Não deixem de comentar o que acharam e até a próxima!!!!




Emily Pan⚓#2 [COMPLETO] - Uma Viagem à Ilha das FadasWhere stories live. Discover now