Capítulo 19 - Percalços Marítimos [Cena 1]

275 42 37
                                    

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.




(Capítulo sem revisão)


Elena



Chegamos ao nosso destino, mas não ao destino definitivo. Estávamos no meio do oceano Atlântico, mais ao norte, onde faríamos a nossa travessia. Eu estava começando a ficar bastante nervosa com o que precisávamos fazer. Nunca pensei que seria tão difícil ficar tanto tempo em alto mar ou no céu. Estava enjoada dessa situação, sentia falta de casa e da minha família. Porém, eu sabia que não conseguiria voltar tão cedo e assim, procurava esquecer que eu tinha um passado.

Mas tinha medo de esquecer de verdade.

Medo de me transformar no que eu nunca quis ser.

E eu já conseguia perceber que estava diferente. Que não era a mesma menina que deixara a Escócia.

Já me sentia parte daquele navio e queria muito poder chegar a Terra do Nunca logo.

Acho que sentia isso, porque eu acreditava. Acreditava naquele mundo impossível, acreditava em magia, nas fadas e nas aventuras que me aguardavam. Por um lado, isso era bom. Pois precisava estar de coração aberto quando o portal se abrisse.

Desde que saímos da ilha de Tortuga, eu comecei a baixar a minha guarda sem perceber. Meu orgulho já estava em frangalhos. Liam era o maior responsável por isso. Ele não era tão ruim como eu imaginei que fosse. Mas sempre que eu podia, tentava me lembrar de quem ele era de verdade, nosso sequestrador e um pirata sem honra.

Henrique, ao contrário de mim, estava inconformável com toda a situação. Eu esperava que ao chegar na outra dimensão ele pudesse aceitar um pouco o que teríamos que viver. Jasper era mais tranquilo, mas eu sempre achei que ele sabia esconder seus sentimentos melhor que todos nós. E talvez por isso, por esconder todo essa carga, vivesse sempre cabisbaixo. Temia que estivesse sofrendo uma depressão após a perda de Elizabeth.

O navio pousara sobre as águas agitadas e a violência das ondas nos jogavam para todos os lados. Liam ordenou que pegássemos cordas e amarrássemos na cintura e no centro do navio para que não caíssemos. Beatrice jogou uma das cordas para mim antes que eu pensasse em procurar.

Henrique e Jasper se amarraram juntos no Gurupés, o mastro da proa. Jack passou a conferir se todos os tripulantes estavam seguros. Alguns, como o Roque perna-de-pau ficaram no interior do navio. Para que pudessem controlar a estabilidade do barco caso precisassem jogar coisas e pesos fora.

Liam e Beatrice ajudaram a guardar as velas junto com outros marujos, pois o navio chacoalhava cada vez mais e a ventania estava aumentando muito quando nos aproximávamos do olho oceano.

— É chegada a hora de voltar para casa, Capitão — disse Beatrice com um sorriso radiante e uma piscadela.

Liam retribuiu o sorriso, lhe deu um beijo na mão e agradeceu:

— Obrigado minha Mestre, sem você não teria conseguido chegado até aqui. Aliás, atenção todos os tripulantes! Aguardo-os na Terra do Nunca!

— Tomem cuidado, pois a partir daqui as coisas tenderão a serem mortais — gritou Beatrice.

— Ah, espera ai! Também quero dizer algo — falou Jack ansioso.

— Me exploda! — respondeu Beatrice. Depois fui entender que era uma expressão pirata para "Não! Sério?"

— Pois diga logo, Smith! — gritou Gancho revirando os olhos.

— Acho que esqueci o que eu queria dizer — disse Jack envergonhado.

— Minha Deusa! Só pode ser brincadeira! Não está vendo que estamos prestes a afundar? Não está na hora de piadas.

— Eu realmente queria dizer algo e era importante. Algo em que meu avô me contou sobre o portal.

— E só agora você vem dizer uma coisa dessa? Pois trata-se de se lembrar antes que todos morram.

— Como assim morrer? — Desesperei-me.

— Esqueci de te explicar onde exatamente fica o portal, Princesa — respondeu Liam com um sorriso amarelo.

— Que diferença faz ela saber ou não? — bufou Beatrice impaciente.

— Não esqueça que ela é que nos fará atravessar, Beatrice.

— Desculpa interromper, mas acho que vocês estão conversando demais e se preocupando de menos — Henrique falou após verificar pela décima vez se sua corda estava bem amarrada.

— E onde é que fica então? Para que buraco você está nos levando agora? — questionei ainda mais nervosa com o que iríamos enfrentar.

Mas antes que ele pudesse responder, houve um grande baque. Destroços de embarcações antigas e outros objetos estranhos haviam batido no navio, o qual perdeu o equilíbrio e virou de lado. Alguns caíram na água, mas se mantinham amarrados. Outros seguravam firmes em cordas, na balaustra ou onde pudessem.

— Quero todos a bombordo do navio, agora! — Liam esbravejava como eu nunca o tinha visto fazer antes. 

Os que estavam na água tentavam subir de volta a embarcação. E nós rastejávamos para obedecer o Capitão. 

— Agora coloquem todas as suas forças e peso na amurada. Jack! Mande os que estão dentro do navio jogar todos os pesos a bombordo também.

— Já estão fazendo isso, Capitão.

— Ótimo!

Contudo, antes que conseguíssemos desvirar a embarcação, houve outro baque. Mas dessa vez do próprio mar. A água se jogou com toda força e fez o navio virar inteiro de cabeça para baixo. Senti um desespero que nunca antes tinha sentido na vida. Pior que tudo do que já havia passado embaixo d'água.

Estava mais escuro debaixo do navio. Era uma sensação horrível não poder respirar e ainda ter um navio gigantesco em cima de mim. Eu não via saída.



__________________________


Continua na próxima cena...



Emily Pan⚓#2 [COMPLETO] - Uma Viagem à Ilha das FadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora