Emily Pan⚓#2 [COMPLETO] - Uma Viagem à Ilha das Fadas

Capítulo 17 - Um Afronta à Majestade

Emily

As vezes quando eu era pequena, costumava acordar a noite com falta de ar e com o coração disparado. Minha mãe ficava preocupada e alguma das vezes até me levou ao hospital. Quando meu pai não estava em casa era mais difícil, mamãe não tinha como me levar e não sabia como me acalmar. Demorou alguns anos até que eu entendesse o que acontecia. Geralmente quando eu estava muito nervosa ou ansiosa com algo era que vinha a crise. Ou então quando meu pai demorava muito a voltar de viagem. Tive que aprender a lidar aos poucos com isso, reconhecer que eu tinha o problema e tentar entender o que me levava a ficar assim. Mas relaxar sempre foi um empecilho pra mim. Respirar fundo em situações difíceis e me manter positiva o tempo todo era complicado. Porém necessário.

Quando Astrid me questionou sobre a fada no lampião, eu duvidei. Duvidei de que ela estivesse dizendo a verdade, duvidei que ela tivesse coragem de me obrigar. Porém quando fiz o que fiz e senti diretamente a morte da fada em minhas entranhas, fiquei confusa. Acreditar as vezes é mais difícil do que se imagina, principalmente quando se tem pouca fé em algo. Nunca fui uma pessoa que acreditasse muito no invisível, sou mais daquela que acredita vendo. Contudo, neste outro mundo nem mesmo vendo, sentindo, parece possível. Pois é tudo completamente diferente do que eu passei a vida acreditando e aprendendo. 

Nesse momento foi quando senti ainda mais falta do meu primo. Só ele poderia me elucidar sobre tudo o que vivemos desde o começo. Poderíamos debater sobre cada possibilidade científica e lógica do que acontecia e do que realmente era desconhecido pelo o homem e que fosse magia. Mas ele estava ferido e Astrid não me deixava vê-lo e muito menos me dizia como ele estava.

Acordei com o sol já quente. Não fazia ideia se era mesmo sol que existia ali e como o tempo se passava, piorou saber quantas horas eram. Dirigi-me ao deque na esperança de encontrar Napoleão ou mesmo Electra. Eu estava faminta e com sede. Mas quem apareceu para a minha surpresa foi nada menos do que a Capitã do navio.

— Senhorita Emily Darling Pan. Como passou a noite? — Astrid estava usando um casaco verde musgo claro e um chapéu ainda maior do que de costume. Parecia estar de bom humor, diferente do normal e vestida assim era como se tivesse algo muito importante à fazer.

— Bom dia, Capitã! — falei com um sorriso forçado. Continuava a não gostar da presença dela, era como se eu nunca pudesse ficar relaxada, como se minha respiração permanecesse sempre apressada e o cérebro em alerta. E não faltava motivos para todo esse estresse. Desde que pisei neste navio passei apenas por momentos desafiadores e traumáticos.

— Bom ver que está bem e com disposição. Hoje iniciaremos o seu treino.

— Treino? — perguntei intrigada.

— Isto mesmo. Treino. Você precisa saber lutar como uma pirata, a manejar nossas armas e a entender algumas gírias e símbolos nossos. Isto lhe ajudará muito na caçada e a me trazer o que preciso.