Capítulo 51 - O Canto da Deusa

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Elena


De séculos em séculos, a Deusa do Oceano escolhe uma humana. Esta, recebe seus dons. A Deusa sempre escolhe alguém que atenderá os seus propósitos, que é destemida, sedutora e que saiba manipular. Cada deus, um campeão. Cada mundo, um guardião.

A escolha se dá desde o nascimento. No dia que a lua cheia se torna azul. É quando a rainha dos mares comemora a volta de sua Syreni.

*

Eu estava chateada quando saí da cabine de Liam. Algo estranho estava acontecendo comigo. Meu corte no braço não queria cicatrizar. Era como se eu tivesse sentindo uma raiva que não era minha. Como eu podia ter ficado tão furiosa por Liam ter me rejeitado. Eu não sentia nada por ele que não fosse de certa forma uma admiração. Não vou negar que tínhamos química, mas não passava disso. Atração.

Decidi ir até a amurada tomar um ar. Apoiei meus braços na madeira e fiquei admirando o oceano. A água parecia infinita, o horizonte era iluminado pela luz da lua. Até que uma névoa passou a rodear o navio. O deque estava mais escuro que o normal, minhas vistas estavam embaçadas. Pensei em gritar por socorro. Mas uma voz dentro da minha mente me impediu.

É melhor não.

— Quem está aí?

Shiiiu. Fale baixo.

Eu estava com medo.

Não precisa ter medo de mim. Vim te ajudar.

— Ajudar? Como? — sussurrei.

Eu tenho como curar seu amigo. Mas preciso que venha comigo.

— Jamais. Quem é você?

Eu vim em missão. Outra deusa pediu que eu a levasse até ela.

— Está ficando cada vez mais difícil de entender.

Eu sei. Por isso, preciso que venha até mim.

A névoa se dissipou ao meu redor. E uma mulher de cabelos brancos e expressão rígida estava a minha frente. Eu sabia que toda aquela fúria não era minha. A atmosfera perto da mulher era pesada. Como se me sufocasse. Ela não quis se identificar. Contudo, mais tarde eu descobri ser a deusa da guerra. Eu era uma peça do seu jogo na guerra pirata e não tive outra escolha a não ser jogar.

Ela curaria Jasper e em troca eu descobriria sobre a minha verdadeira essência. Sobre a profecia que me cercava e sobre o que eu estava predestinada desde meu nascimento. Confesso que mesmo temerosa eu fiquei curiosa, sempre senti que havia algo estranho comigo. E não pensei mais em nada a não ser seguir em frente. Pedi para que ela avisasse aos meninos que tive que partir. Mas era óbvio que ela não avisou. Não tive tempo de me despedir ou de avisá-los pessoalmente. Pois ela me empurrou e caí na escuridão.

Com a promessa de que tudo ficaria bem, a deusa partiu.

Mergulhei até ficar sem ar, quando braços escamosos me agarraram me impedindo de nadar ou fugir. Não adiantava gritar e nem espernear.

Cantos em uma língua estranha soaram pelas águas. Não seria possível, seria? Eu ia me afogar. Meu pulmão começou a arder. Será que eu estava destinada a viver afogando todo santo dia? Horas depois, compreendi.

Supliquei mentalmente para que me deixassem subir. Apontei para a superfície, mas eu nem mesmo conseguia enxergar o que estava segurando os meus braços. Fomos nos afastando da embarcação cada vez mais ao fundo do mar. Eu pensei que tinha caído numa verdadeira cilada. Aquela diaba de deusa queria me matar. Eu pensei que não era nada importante para a guerra e que para tudo sair como ela queria eu teria que morrer. Tentei não entrar em desespero. Eu ia desmaiar. Meu pulmão não suportava mais. Até que um clarão surgiu. Uma luz intensa vinha de uma pérola que estava dependurada no pescoço de uma criatura que tinha uma cauda de peixe enorme. Não era uma cauda qualquer. Seu brilho era azul e branco assim como seus cabelos.

O canto adentrou minha mente. Esqueci completamente que estava sem ar. Era como se eu entendesse o que as vozes diziam. Como se eu conhecesse aquela melodia. Fiquei hipnotizada e esqueci que estava me afogando. O corte no meu braço estava se fechando e uma das criaturas se aproximou. Sua voz, era como melodia que se infiltrava em meus sentidos me deixando cada vez mais calma.

Quando ouvir nossa voz,

Uma luz vai surgir.

Do interior emergir.

O desejo mais algoz.

*

Nestas belas correntezas,

Você irá se transformar.

Na mais eterna profundeza,

Uma deusa a escolherá.

*

Para se ter o encanto,

Você precisa morrer.

Para servir ao oceano,

Você tem que renascer.


Bem-vinda, Calypso! Syreni Prinses.





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Quem tinha pensado nessa teoria?



Observação:

Calypso ou Calipso (em grego clássico: Καλυψώ), na mitologia grega, era uma ninfa do mar, muito sedutora e caprichosa. Também presente nas lendas piratas. 

Emily Pan⚓#2 [COMPLETO] - Uma Viagem à Ilha das FadasWhere stories live. Discover now