Emily Pan⚓#2 [COMPLETO] - Uma Viagem à Ilha das Fadas

Capítulo 33 - Sem Saída

Emily

Eu mal tive tempo de processar tudo o que tinha acontecido. Henrique agira de uma forma que eu jamais esperei da parte dele, parecia que eu não o conhecia mais. Talvez fosse exagero dizer que o que aconteceu foi traição, mas era exatamente assim que eu me sentia, como se ele tivesse me traído da pior forma possível.

Electra nos acordou cedo, mandou que nos preparássemos logo e depois segui-la. Mas antes, todos olharam para mim espantados, questionando o que tinha acontecido com o meu cabelo. Napoleão chegou a dizer que sentia muito pelo ocorrido, porém, Electra ficou furiosa comigo, disse que eu devia ter acabado com Henrique e tomado o meu cabelo de volta. Explicou que a equipe de Liam tinha uma vantagem estando com algo meu, pois poderiam usar o cabelo para qualquer coisa. Principalmente invocar alguma deusa.

Eu não tinha ideia de que poderia ser algo assim que Henrique e os demais planejavam. Passei a entender o que ele tinha feito um pouco melhor, mas isso não tirava a traição. Ele poderia muito bem ter me pedido, mas, talvez ele me conhecesse o bastante para saber que eu também não cederia tão fácil.

Electra nos levou até as ruínas e disse que para entrar no centro da antiga liga teríamos que cavar, ou melhor, explodir alguma entrada. Napoleão e Valerie ajudaram-na a posicionar a bomba onde havia algumas rochas antigas e um matagal. Estávamos há quinze metros de onde as ruínas começavam e no começo demorei a entender o que realmente estávamos fazendo, pois não via se quer alguma possibilidade de haver uma espécie de câmara embaixo da terra.

Quando a primeira granada explodiu, o estrondo foi menor. Mantive uma distância razoável e fiquei momentaneamente surda. Contudo, a segunda granada era mais potente e me deixou um pouco tonta com o barulho e com os estilhaços que voaram em torno de nós. Demorei a me recuperar, quando consegui abrir os olhos havia uma cratera abaixo de nós e Electra simplesmente pulou para dentro sem ao menos nos instruir.

Pelo visto eu era a única inexperiente ali. Pois Valerie, apesar de parecer pequena e delicada, seguiu logo atrás de Electra. Napoleão olhou para mim entendendo a minha apreensão.

— Relaxa, Emily! É só vir atrás de mim e tomar cuidado com os destroços.

— Mas não dá para enxergar nada ai dentro! — exclamei.

— Logo seus sentidos irão se acostumar com a falta de luz. Ande! Não temos tempo!

E foi o que eu fiz, entrei sem pensar muito no que poderia haver dentro daquele lugar. Forcei meus pés a seguirem em frente, mesmo que o meu instinto me mandasse voltar. Havia algo sinistro ali dentro, eu só não sabia dizer o quê. Talvez fosse apenas medo que estivesse me travando, ou algum tipo de energia antiga que ainda habitava aquele lugar. Não era atoa que a pista estivesse guardada ali por todos esses anos.