19 - [CENA 4]

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NÃO ESQUECE DO PLAY!

...



— Estão todos bem? — perguntou o Capitão com a voz arrastada.

— Todos, acho que não, Liam. Metade da tripulação deve ter se perdido — respondeu Jack com pesar.

— Metade? Não posso perder metade da minha tripulação!

— Acontece que já perdeu — disse Beatrice cabisbaixa.

— E agora, o que vamos fazer? — questionou Henrique irritado.

Todos pareciam exaustos, como se ainda estivessem sem fôlego. Eu não conseguia dizer nada. Como se a água tivesse levado a minha voz. Henrique reparou que eu estava me esforçando para dizer algo e perguntou:

— Está tudo bem, Elena? 

Balancei a cabeça em negativa e apontei a garganta para que ele entendesse.

— Você está sem voz? 

Retornei a balançar a cabeça, mas em afirmativa. Todos ficaram boquiabertos, sem entender o que estava acontecendo. Tentei nadar para perto de Liam, para tentar de alguma forma entender o que era aquela luz. Mas antes que eu me aproximasse Jack começou a dizer:

— Então, acho que lembrei o que eu tinha esquecido de dizer aquela hora.

— Sério? Que péssima hora para lembrar, não? Estamos entrando em uma tempestade nesse exato momento e podemos nos perder um do outro e nunca mais chegar na nossa terra — disse Liam irritado, roendo as unhas e debruçado em uma caixa de madeira. 

— Ok, vou ser breve. Meu avô me contou uma história uma vez sobre um lugar como este. Que muitos humanos temiam, pois diversas embarcações ou aviões sumiam sem deixar pistas e vítimas. Muitos acreditavam ser coisa de alienígena, ou algum tipo de energia ou gás que poderia existir na região. O mistério nunca foi revelado. É ai que entram as lendas piratas...

O vento chegou com tudo, raios partiam o céu como se estivesse furioso conosco e gotas pesadas de chuva começaram a cair.

— Anda, Smith! Não quero morrer ouvindo sua voz — gritou o timoneiro do navio que eu desconhecia o nome.

— Espera! Você está dizendo que estamos naquele pesadelo de lugar? — indagou Henrique temeroso.

— Se esse pesadelo de lugar que você se refere é o triângulo das bermudas, então sim, é — interrompeu o Ganho filho com um meio sorriso.

— E você ainda sorri?

— Se conseguimos mesmo chegar no olho do triângulo, é claro que estou feliz. Estarei ainda mais perto de casa.

— Ok valentão, como é que chegaremos na sua casa, então? Porque tudo que vejo é um furacão se aproximando. — Henrique disse ao tentar se equilibrar no seu barril.

— Posso terminar ou não a história? — pediu Jack.

— Prossiga — todos resmungaram.

— De acordo com uma das lendas piratas, existe um portal bem no olho do triângulo. 

— Você não pode estar falando sério, Smith! — gritou o Capitão furioso, se essa tempestade não te matar, pode deixar que eu faço o serviço.

O que ele acha que estamos fazendo aqui? óbvio que era um portal, eu só não sabia que era o triângulo. Mas devia ter suspeitado, o lugar não era muito longe de Tortuga.

— Calma, ainda não terminei...

— Olha, não é por nada não. Mas isso de ficar ouvindo histórias não irá nos salvar — disse Jasper em desespero.

Tentávamos nos manter unidos segurando um no outro, formando uma teia de pessoas à deriva. Porém, aquilo não iria durar por muito tempo.

— Será que posso terminar a história de uma vez? Obrigado. Prosseguindo, como todo portal ele possui algo que o protege...

— Você está querendo dizer que existe um monstro, é isso? Um monstro nessa dimensão? — esbravejou Liam desnorteado. — E POR QUE NÃO DISSE ISSO ANTES, IMBECIL? VOU TE MATAR JACK!!!!!!!!!

O Capitão ficara mesmo nervoso, quase escorregou da sua caixa ao tentar alcançar Smith.

— Desculpe, Capitão. Eu realmente não lembrava dessa história, eu era criança ainda, fui lembrar assim que chegamos.

— Não adianta discutir agora, precisamos encontrar uma solução, isso sim. Como iremos levantar o barco? — questionou Beatrice.

— Não sei onde as fadas estão depois que o navio virou. Perdi a minha mini flauta que costumo usar para chamar Lility — contou Gancho revirando os bolsos ensopados.

Foi quando ele encontrou a pedra azulada, a mesma que pegamos na caverna. Ele olhou para mim e pareceu ter uma ideia.

— Acho que poderíamos tentar abrir o portal agora.

— Mas como todos irão atravessar sem estarmos no navio? — interrompeu Beatrice com aspereza. — Nem tente nos deixar para trás, Liam!

— E que escolha temos? O máximo que podemos fazer é ficar o mais próximos possíveis e tentar nos amarrar um nos outros com o resto de corda que ficaram em nossas cinturas. Não podemos esperar por um tornado ou um monstro vir nos pegar. Elena, venha aqui! Está na sua hora.

Olhei para ele sem saber o que fazer, ele demorou um pouco a entender, mas depois disse:

— Você irá segurar a pedra e pensar na Terra do Nunca. Sei que você não a conhece pessoalmente. Mas já deve tê-la visitado em seus sonhos. Tente pensar em coisas impossíveis para você, como voar por exemplo. Ou em sereias, fadas... 

Balancei a cabeça para confirmar que havia entendido. E peguei a pedra com determinação. A vida de todos dependia de mim. Pensei em tudo o que havíamos passado, em tudo o que iríamos passar e nas coisas impossíveis que eu adoraria conhecer.

Pensei e pensei com toda a minha vontade e nada acontecera. Todos ficaram desapontados e com raiva de Liam, algo estava errado. Senti uma onda de calor percorrer todas as minhas células, assim como havia sentido debaixo d'água. Mas nada do portal aparecer.

— Vamos Elena! Tente de novo! — Liam gritava.

Eu via o medo nos olhos deles, podia sentir o coração de cada um se acelerando. Algo estava diferente em mim. E eu temia que estivesse me transformando em algo ruim.





... continua.

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Olá marujos! E ai, o que estão achando do capítulo?



Emily Pan⚓#2 [COMPLETO] - Uma Viagem à Ilha das FadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora