Capítulo 45 - A Tribo das Raposas

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Henrique


Quando despertei, do que eu achava que eu tinha sido drogado por uma substância do sono, vi em primeiro lugar uma espécie de tenda. Era feita de folhas secas de coqueiro com um misto de barro. Uma mulher com adornos de sementes em seus cabelos ébanos e coberta por uma roupa de pele de raposa me trouxe uma pequena cabaça com um líquido quente. Ela gesticulava para que eu ingerisse o líquido, mas eu me recusava, visto que tinha acabado de ser dopado por um daqueles indivíduos. Até que ela desistiu e deixou a cabaça em um canto do lado da pele de urso que eu estava deitado no chão.

Olhei para o conteúdo do que parecia ser um chá e o cheirei. Devia ser uma espécie de erva nativa da montanha. Não cheirava mal e nem era veneno, não que eu tivesse muita experiência com venenos. Mas como eu estava com uma sede daquelas e minhas têmporas latejavam resolvi ingerir o chá. Tomei-o aos pequenos goles, temendo pelo efeito que aquilo me causaria. Passaram-se cerca de dez minutos e tudo que eu senti foi a dor de cabeça passar aos poucos. Eu estava mais relaxado e faminto. Não sabia quantas horas tinham passado desde que nos deparamos com as armadilhas. Um sentimento sombrio e triste me arrebatou quando lembrei dos últimos acontecimentos. Dois de nós tinham morrido. E tudo por nada. Não havia tido luta, morreram por puro azar ao caírem nas mãos do destino. Talvez eu devesse me sentir grato por não ter sido eu um deles, mas não era assim que eu me sentia.

Tudo naquela jornada parecia em vão quando eu parava para pensar em tudo o que já tinha acontecido desde que saímos da Europa. Mortes, ferimentos e perdas. Uma guerra invisível a qual nem sabíamos o porquê tinha começado. Mistérios ainda não desvendados e uma disputa pelo poder de algo que eu nem tinha ciência ainda do que realmente buscavam. Claro que eu não estava completamente no escuro como estava no início, porém, muitas coisas eu ainda buscava um sentido.

Os poucos contatos que tive com a Emily durante o período em que estávamos fora de casa saíram completamente diferentes do que eu tinha planejado. Eu não queria tê-la traído daquela forma. Eu queria que ela viesse comigo, que terminasse essa jornada ao meu lado. Mas Beatrice deixara claro horas antes de que o cabelo da Emily nos traria respostas nesta ilha. Que poderíamos invocar uma das deusas com o poder da herdeira da Terra do Nunca. Eu poderia ter simplesmente pedido, ou melhor, implorado para que ela mesma me desse suas mechas. Mas um ato de desespero tomou conta de mim naquele momento. Tudo o que passava pela minha mente era a dor que eu já tinha sentido naquele lugar, o pavor de ver a Emily mais uma vez longe de mim quando ela se recusou a vir comigo. E ela não recusara em vão, não podíamos deixar o John sozinho com Astrid. Flashes da cirurgia de Jasper também me assombravam e acabei fazendo o que fiz. Tudo o que eu precisava era tentar lidar com aquele sentimento de culpa e rezar para que a Emily um dia me perdoasse.

Enquanto eu estava absorto nestes pensamentos, ouvi alguns passos vir em minha direção. Eu estava com os olhos fechados enquanto refletia, mas de imediato os abri e vi Liam à minha frente.

Emily Pan⚓#2 [COMPLETO] - Uma Viagem à Ilha das FadasWhere stories live. Discover now