Betting Her - Adaptação Bughead

Cap.66 "Cada palavra que você diz, deveria anotar. Não quero esquecê-las"

Abri meus olhos e, com uma dificuldade incomum, ergui minha cabeça a fim de reconhecer o lugar onde eu estava. Depois de um curto período de verificação, reconheci o quarto de Sweet Pea, e o próprio deitado em um colchão ao lado da minha cama, também despertando naquele momento, ou talvez estivesse apenas esperando eu me mover pra se manifestar.
Tentei me recordar, enquanto me sentava, do momento em que sai da festa e vim pra casa de Sweet Pea... Eu sabia que tinha algo no caminho, nas horas em que eu não estava na escola, nem naquele quarto... Mas o espaço estava preenchido de puro esquecimento.

- Está se sentindo melhor? - Olhei mais uma vez pra Sweet Pea, por um momento me recordei dos tempos de adolescência, quando acordávamos todos no mesmo quarto com vômito por toda parte, mas eu não estava mais surpreso ou afetado com tantas lembranças, deixei que elas viessem, me escapou um sorriso.
- Acho que sim, não lembro como estava me sentindo antes pra poder comparar... - Sweet Pea riu um pouco, se sentando no colchão. Entre o criado mudo e a cama havia um balde, fiz uma careta mesmo sem olhar pra dentro dele - Isso é meu?
- Você tem alguma dúvida?
- Queria ter. - Ri um pouco, esfregando meu rosto. - Como eu vim parar aqui?
- Você me ligou... Bem depois que todos da festa já estavam procurando por você, claro. - Deixei um suspiro alto preencher o silêncio do quarto. - Cara, você tá ferrado. - Eu concordei com a cabeça, com a alma e o coração. - O Fletch ligou, tem fotos suas por todas as partes... fucking drunk.
- Sério, cara?
- Claro, Jug... Mas... Sei lá, cara, tudo bem. - Sweet Pea deu de ombros, mas eu não queria imaginar qual seria a reação de Fangs. - Eu não te julgo... Você sabe que eu te julguei muito naqueles tempos, quando você correu fora dos trilhos muito intensamente... Mas eu estive pensando essa madrugada, enquanto você chorava por aí, que eu não sei qual a proporção da sua dor... - Aquela confissão me pegou em total surpresa, eu tinha chorado? Sweet Pea estava sendo compreensivo com isso? - Nem eu, nem Fletch, nem ninguém... Então, sei lá, depois você esclarece no twitter...
- E o Fangs?
- Ah, ele vai te matar. - Dei risada, Sweet Pea também.
- Então eu chorei?
- Nossa. - Sweet Pea coçou a bochecha, eu sabia que esse era um sinal de embaraço. - Cara, você chorou demais, falou demais... Se você se lembrasse todas as coisas que disse, iria chorar de novo, de tanta vergonha. - Gargalhei e cruzei meus braços.
- Você acha que deve me contar?
- Você acha que eu devo? - Suspirei, mordendo meu lábio com certo nervosismo e ansiedade. - Eu acho que está tudo dentro de você, você sabe... Elizabeth. Ela é o motivo de tudo, Jug. Eu te busquei na esquina da casa dela, caso você não se lembre... E você falou sobre ela o resto da noite... E as coisas que você disse, cara... Sério, eu, no seu lugar, iria procurá-la. Você pode nunca mais amar alguém desse jeito... E ela pode estar perdendo a oportunidade de nunca conhecer alguém que a ame desse jeito.
- Eu não faço ideia de por onde começar.
- Veronica, talvez?
- É... Veronica, talvez.
- Faça o que for necessário, cara... E se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo.
- Sweet Pea... É você mesmo? - Sweet Pea riu e jogou um par de seus sapatos em mim, me esquivei e dei risada. - É brincadeira... Obrigado, cara.

Preferi deixar o almoço para outra hora, já que meu organismo não parecia muito disposto a digerir qualquer coisa para além de um copo de suco de laranja. Então, assim que meu carro ficou pronto e foi entregue, segui para o sítio dos meus avós. Esta também não foi a melhor experiência para aquele fim de semana, mas eu não queria mais vedar nenhuma sensação, mesmo as mais perturbadoras. Eu queria sentir tudo aquilo, eu queria sentir alguma coisa, independente de ser bom ou ruim. Eu precisava saber que ainda era capaz de sentir alguma coisa por alguém, depois de tantos relacionamentos vazios.
Vovó não pareceu tão surpresa quanto vovô. Mesmo eu tendo avisado alguns dias antes que iria visitá-los, quando me viu, tive certeza plena de que ele não acreditou que eu apareceria por lá, mesmo. Talvez eu também não fosse acreditar muito nisso, se estivesse no lugar dele.