Cap.36 "I can't ignore you, you sent me spinning" (Boomerang - Plain White T's)

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- Você podia ter feito muitas coisas com aquele violão... - Fangs dizia enquanto caminhávamos entre as pessoas, tentando encontrar Antony - Você podia ter guardado, penhorado, vendido, me dado... Você podia ter me dado! - Ri de seu tom de voz esganiçado - Mas quebrar, foi pecado. Você cometeu um pecado.
- Desculpa, Fogarty. - Respondi, vendo Antony acenar em minha direção, apressei meus passos, sentindo minha garganta escassa.
- Antony, meu querido! - Exclamei, apoiando um de meus braços em seus ombros.
- Acabou a bebida aqui embaixo, tem que ir buscar lá encima, você, como parece ser o mais ansioso pra desfrutar dela... Vai buscar. - Ele disparou, suspirei e fechei a cara, olhando para os rapazes que riam histericamente.
- Tudo bem, eu vou. - Dei de ombros, prendendo o riso - Onde está?
- No apartamento que eu estou hospedado.

Concordei com a cabeça e me afastei, seguindo até a escada coberta de areia que levava ao resort. Andei devagar, resfolegando, sentindo minha garganta implorar por qualquer coisa gelada. Atravessei o pátio principal e cheguei a área dos apartamentos, percorri por trás deles e finalmente cheguei ao meu destino. A luz estava apagada, mas me dei a liberdade de girar a maçaneta e entrar. A cena que lá vi não foi das mais agradáveis. Apesar da penumbra, eu podia reconhecer a silhueta de Elizabeth, sua cintura envolta pelos braços de Chuck, que dizia algo em seu ouvido. Sem pensar duas vezes, bati minha mão no interruptor e clareei o cômodo.

- Toc toc... - Cantarolei, irônico. A longneck que Elizabeth tinha entre os dedos, escorregou assim que seus olhos cruzaram-se com os meus, estilhaçando no chão.
- Merda! - Chuck sussurrou e soltou-se dela, que encolheu-se e virou o rosto para o lado oposto - Você não 'tá vendo que queremos ficar sozinhos?
- Vão para o quarto, oras. - Sorri de maneira aberta e fiz o caminho até a caixa térmica, peguei um vidro de whisky e o abri ali mesmo.
- Vamos fazer isso, Betty? - Chuck convidou, cerrei meus dedos com mais força ao redor da garrafa, inconscientemente.
- Não, eu vou voltar pra festa. - Ouvi seus passos se afastarem e logo estava fora dali, Chuck bufou, e a seguiu.

Preparei meu drink e o bebi todo de uma vez, ainda agachado ao lado da caixa térmica, tentando colocar meu organismo em ordem. Isto é, fazer meu coração parar de doer como se estivesse sendo moído, normalizar minha respiração, recobrar a força nas pernas e a coragem para encará-los o resto da noite. Eu queria tanto ser indiferente.
Pensei em levar o litro, mas eu sabia que não duraria, e seria mais trabalhoso voltar para buscar. Então coloquei a alça da caixa térmica em meu ombro e voltei pra festa, já com meu copo cheio novamente. Um DJ que eu não conhecia, e nem sabia que estaria ali, havia colocado uma música de batidas fortes, e logo Rebecca se acercou para dançar. Ela ria e me tocava sugestivamente, apertando meus braços, minha barriga, coxa, pênis. Eu só ria, mantendo seu quadril perto do meu com um braço ao redor de sua cintura delicada e exposta pela ausência de roupas.
Pouco depois, ou devo dizer "algum álcool depois", estávamos todos "animados", bêbados, mesmo. Archie era quem estava pior, eu sabia que isso aconteceria só pela maneira como ele puxou Mollie para o palco quando tocamos Please Please. Ele já não conseguia ficar parado, estava dançando por necessidade, pois não conseguia ficar parado sem se desequilibrar. Havia beijado três garotas depois de Mollie, ela não pareceu se importar, mas também não estava ali conosco. Sweet Pea sumiu com Valerie, e eu não via Fangs desde que voltei do apartamento de Antony, este último, estava com uma garota desconhecida, transando por osmose na beirada da praia.
Terminei de tomar meu whisky e, sobre o ombro de Rebecca, vi Elizabeth sentada, afastada da festa e das pessoas, estava sozinha, longe o suficiente pra que somente eu a reconhecesse, afinal, eu a reconheceria de qualquer maneira. Mesmo bêbado tal como eu estava.

- Becca, eu já volto. - Avisei, ela me olhou por um momento e depois consentiu, sorri fraco antes de deixá-la ali.

Peguei o litro de whisky, já quase vazio, e comecei a caminhar pela areia. Conforme eu me aproximava, eu notava que Elizabeth não se mantinha parada, seu corpo pendia de um lado para o outro, como se sua cabeça estivesse demasiadamente pesada. Estava bêbada.
Não sei porquê diabos eu estava indo até lá, eu nem mesmo tinha algo pra dizer. Cambaleei para mais perto dela, mesmo assim, e soltei meu corpo na areia, ao seu lado. Ela permaneceu encolhida e, só um pouco depois, reconheci um litro de vodka entre seus braços.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora