Cap.23 "If you wanna fight, I'll stand right beside you" (The Heart Never Lies)

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- O QUE VOCÊ QUER? - O grito de Jellybean ecoou dentro da minha cabeça, suspirei com os olhos fechados.
- Bom dia pra você também. - Murmurei, me afastando de sua cama e arrastando a porta do seu armário, suas roupas me atacaram, literalmente, desmoronando sobre mim. - Uau, organização é mesmo seu forte.
- O que você quer? - Ela repetiu, pausadamente e entredentes.
- Preciso da sua ajuda. - Respondi, chutando algumas peças.
- Minha ajuda pra quê, Jughead? - Sua expressão quase me repeliu, mas só pelos primeiros segundos.
- Come on, Jellybean, coloque mais amor no seu coraçãozinho. - Caçoei, atirando uma blusa grande e amassada sobre a cama, junto com um short jeans.
- Jughead, que horas são, só pra início de conversa?
- Quase dez. - Respondi com as mãos na cintura, esperando que ela concordasse de uma vez.
- Você é louco? Porra, garoto! - Esbravejou, ela.
- Por favor! - Cedi, Jellybean me olhou com estranheza, depois semicerrou os olhos, esperando que eu começasse a rir, eu acho.
- Ok, o que você quer? Diz de uma vez.
- Só preciso que vá comigo até o shopping. - Dei de ombros, cruzando os braços.
- Shopping? Está brincando? - Parecia assombrada, rolei meus olhos.
- É, shopping! - Murmurei sem paciência - Preciso escolher um vestido pra Elizabeth e, sabe como é, eu não faço idéia de como procurar!
- Precisa ser...
- Agora! - Acrescentei antes que ela terminasse.
- Me dá...
- Dez minutos, 'tô te esperando lá embaixo.
- Pra que isso? Porra, ninguém vai exterminar os vestidos até as 10:30!

Ignorei Jellybean, que ficou resmungando sem parar, como uma velha. Desci até a sala de jantar. Meus pais estavam em silêncio absoluto, fingi não notar a cara de poucos amigos que minha mãe estava no rosto. Me sentei e peguei um dos waffles empilhados em um prato.

- Eu achei que estivesse acordada, mas acho que estou sonhando. - Minha mãe zombou, rolei os olhos, rindo.
- Se está sonhando que Jughead acordou às nove em um sábado, devo estar no seu sonho também. - Meu pai reforçou a piada mal formulada, continuei olhando pra eles, esperando que terminassem.
- Onde você passou a noite, mocinho? - Mamãe quis saber, encarando-me como se fosse descobrir por conta própria.
- Com a Betty. - Respondi, ela abriu a boca e eu estava ciente que iria começar um sermão... Se eu deixasse - Sim, mãe, a gente se cuidou... - Respondi, antes que ela perguntasse - E, não, eu ainda não dormi, nem vou. - Minha mãe bufou e meu pai começou a rir.
- Jughead! - Reclamou ela.
- Vou sair, vou ao shopping.
- Comigo. - Jellybean entrou pela cozinha, sentando-se em uma cadeira ao meu lado.
- Vocês...
- Não, mãe, não estamos com fome, vamos comer no shopping, ou no caminho pra lá... Preciso da minha irmã pela primeira vez na minha vida... - Mamãe fez menção de falar, mas eu continuei - Sim, falo assim dela. - Minha mãe bateu as mãos na mesa, impaciente com a minha brincadeira.
- Pára com isso, Jughead! - Protestou.
- Eu sei que você me ama, mãe... Agora temos que ir. - Levantei-me e trouxe Jellybean comigo.
- Jughead...
- Não vou voltar aí, mãe, até mais tarde. - Gritei, já a caminho da porta.

Ouvi dizer que ninguém discute sozinho mais de dez minutos e até então essa regra era universal, mas descobri, naquela manhã, que ela não se aplicava à minha irmã. Ela reclamou exatos 23 minutos, o que não era nem mesmo a metade do caminho até o shopping. As pessoas estavam saíndo para trabalhar, por esse motivo as ruas estavam entupidas de carro. Trânsito já é ruim, trânsito com Jellybean faz mal à saúde mental!
Segui minha irmã pelo shopping, ela parecia estar buscando por algo, alguma loja talvez. Eu estava muito interessado na parte que viria depois: comida. Eu estava faminto e só de pensar na praça de alimentação ainda vazia pelo horário, meu estômago se debatia.

- Você ao menos já sabe o que quer, Jughead? - Perguntou ela, com os braços cruzados e uma expressão carrancuda, olhei ao redor e soltei o peso dos ombros, negando com a cabeça.
- Um vestido. - Respondi e só depois percebi o quão óbvio isso era, talvez por isso Jellybean tenha rolado os olhos.
- Isso eu sei, débil mental! - Reclamou ela, impaciente - Curto, longo, cor de preferência, tecido... - Sua voz esganiçada irritava meus tímpanos enquanto ela estralava os próprios dedos e atropelava as próprias palavras.
- Curto não... - Neguei subtamente, como se eu quisesse exterminar todos os vestidos curtos da loja - Nem apertado demais... Sabe?
- Sei. E você 'tá parecendo o pai dela. - Sorriu com cinismo, fiz o mesmo, erguendo meu dedo frente ao seu rosto.
- Não precisa ser no pé, nem uma camisolona, só... Bonito, mas não vulgar, ela não é vulgar e eu não quero que os caras fiquem reparando nela.
- Jug, 'tá vendo aquele puff lá no canto? - Questionei-me o motivo daquela mudança de assunto, olhei para um amontoado de puffs coloridos e concordei com a cabeça lentamente - Senta lá e espera, antes que eu vá embora e te deixe fazer isso sozinho. - Suspirei, com os olhos semicerrados.
- Vê se respeita minhas condições! - Exclamei, indo me sentar.
- Cala a boca, qual tamanho ela deve usar? - Quis saber, dei de ombros.
- Ela tem o corpo da Lizbeth.
- Jug, você não vê a Liz desde o Natal de três anos atrás.
- Jellybean, você gosta de complicar as coisas ou quer me irritar? - Perguntei, inquieto em meu lugar - Ela tem o corpo igual ao que Liz tinha no Natal de três anos atrás, satisfeita?
- Eu não sei por que eu ainda tento ter uma conversa civilizada com um búfalo como você, não sei como Elizabeth pode te aguentar, pobre garota.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora