Cap.19 "Back under the stars, back into your arms" (Avril Lavigne)

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[Elizabeth's POV]

Sentada em uma poltrona em frente à porta da sacada, assisti Jug chegar, depois ir embora. Também acompanhei a noite se estender até a chegada do dia. A insônia parecia ter gostado da minha companhia e eu não tinha a menor vontade de me deitar e tentar conciliar o sono. Eu tinha medo que isso fizesse o dia chegar mais depressa, eu não queria ter de ir pra escola e encarar lá tudo o que eu mais queria distância naquele momento. Aquela confusão desnecessária arrepiava até meus ossos, só de me lembrar de todos aqueles olhos, todas aquelas expressões surpresas, era tanta gente; e aquelas fotos, tão íntimas. Como Jughead fora capaz de dividi-las com quem quer que fosse? E como Veronica tivera coragem de armar todo aquele escândalo quando ela sabia que eu odiava qualquer atenção sobre mim. Eu não conseguia pensar numa maneira de me livrar daquela sensação invasiva, eu queria poder ignorar, ou então enfrentar, mas eu não sabia como.
O azul voltava a ganhar uma escala mais clara, me levantei, sentindo-me ligeiramente trêmula, talvez por não ter conseguido colocar nada no estômago desde o dia anterior. Andei devagar até meu guarda-roupa e retirei um uniforme limpo de lá, estendi sobre minha cama e comecei a verificar meu material dentro da mochila. Pensar que, no dia anterior, eu estaria dando um toque no celular de Jug para garantir que ele fosse acordar. Cedi à fraqueza de minhas pernas e me sentei na beirada da cama, sentindo meus olhos embaçados e a angústia embolar-se em minha garganta. Eu não sabia se era capaz de perdoar Jughead, nem mesmo se estava preparada para ouvi-lo explicar-se, mas ficar sem ele parecia ainda pior que qualquer outra coisa. Ele não podia ter feito aquilo por mal, não podia. Ele tinha que ter uma explicação que me fizesse perdoá-lo facilmente, me fizesse esquecer a humilhação toda, ele tinha que me fazer acreditar nele, pois eu precisava dele ao meu lado, acima de tudo.
Tomei um banho, daqueles que a gente sente que pode derreter sob o chuveiro, quem sabe isso resolvesse meu problema de ter que ir para a escola, se talvez eu dissolvesse...
Sequei meu cabelo e vesti meu uniforme, rapidamente fiz uma trança embutida com o meu cabelo e enquanto procurava pelos meus fones de ouvido, um envelope colorido arrastou-se com uma corrente de ar e escondeu-se embaixo da cama, andei até lá e o peguei, na parte de trás reconheci minha caligrafia, "Jug", sorri fraco. Era o convite para o meu festival de danças, era o convite que eu deveria dar a Jug no dia anterior. Mas agora eu não sabia o que fazer com ele, então o deixei sobre minha cama e coloquei minha mochila no ombro, descendo para o café da manhã.
Papai questionou sobre mim e Jug, mamãe também quis saber o que havia acontecido, mas eu me limitei a dizer que havíamos discutido e que eu achava melhor ficarmos afastados por um tempo. Eles pareceram acreditar. Se eu dissesse a verdade, não gosto de pensar no que eles fariam com Jughead e com Veronica... Ok, na verdade eu tinha medo que eu decidisse perdoar Jug e eles continuassem o odiando, teríamos um grande problema com isso. Era melhor ser cuidadosa, agora que eu estava com a cabeça um pouco mais fria.
Quando saímos de casa, eu e Charles, em direção ao carro de papai, pude reconhecer a Tucson de Jug estacionada sob a àrvore do outro lado da rua, meu coração disparou e, mais do que subitamente, meu estômago deu um tranco, enrigeci meus músculos e tentei não ceder à vontade de ir lá e perguntar o que ele estava fazendo ali, apenas para ouvir sua voz. Papai abriu a porta pra mim e eu desviei meus olhos, me recolhendo contra o assento do carro.
Vulnerável, era como eu me sentia enquanto atravessava o gramado do colégio. Sentia as pessoas me olharem, mas não quis saber o que seus olhos refletiam, não me importava. Eu estava cansada de ser julgada, ou que tivessem pena de mim. Eu não precisava de nada disso, eu apenas queria que aquele ano acabasse e eu recomeçaria em algum outro lugar. Eu esqueceria toda aquela gente que me humilhava dia após dia pelo que eu vestia, pelo que eu pensava. As pessoas não sabem lidar com as diferenças, é uma pena.
Ignorei os chamados de Veronica, fui direto para a sala. A última pessoa com a qual eu queria falar era ela. Fiz minhas provas e eu sabia que meu rendimento não tinha sido tão bom quanto o esperado por mim, pelos professores e por meus pais, todavia, eu tinha dado o meu melhor.
Apoiei minhas mãos sobre a mureta e fitei o campus, o refeitório, todas aquelas pessoas apenas esperando a oportunidade de excomungar quem quer que fosse, por motivo nenhum. Novamente aquelas risadas, os gritos, as fotos. Finquei minhas unhas no concreto e apertei meus olhos, liberando as lágrimas presas ali até então.
Minha mente me atormentava, trazendo de volta as coisas que eu queria esquecer. Nossas conversas, risadas, os momentos bons, as discussões tolas... Meu coração encolhia-se ainda mais com aquela saudade, aquela vontade de estar entre seus braços, sentir seu perfume impregnado em minhas roupas...
Ao ouvir o ranger do alçapão, rapidamente virei meu rosto pra trás, eu sabia quem estava ali, a única pessoa com a qual eu havia compartilhado a vista daquele lugar.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora